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sábado, 5 de dezembro de 2015

Quito, 03 e 04 de dezembro de 2015.

Grupo do III Foro latino-americano de SPGs
Passei estes dois dias trabalhando. Hoje terminei com minha tarefa por aqui. Já eram quase sete da noite quando terminamos com o III Foro Latino-americano de Sistemas Participativos de Garantia. As despedidas sempre são emocionadas. São incríveis os laços que podem se formar nestes eventos. Em poucos dias desconhecidos se tornam grandes (e velhos) amigos. Pode parecer que é por passarem juntos quatro dias, mas isto não é explicação suficiente. É muito mais por navegarem nos mesmos mares, ainda que em diferentes latitudes. Quando as coordenadas se cruzam, a identificação é imediata.
Logo da C Condem - roubei do
site deles
Ontem o dia foi de trabalho do Fórum, reuniões em grupos e debates. De noite, uma janta no restaurante Martin Pescador. Não é um restaurante qualquer. É da C-CONDEM, sigla para Coordinadora Nacional para la Defensa del Ecosistema Manglar del Ecuador (site: www.ccondem.org.ec). Manglar significa mangue. Pescadores artesanais e coletores dos manguezais se unindo e se organizando para enfrentar a agressão que sofrem seus territórios e seus modos de vida. 
Empresas pesqueiras se adonam de áreas que serviam às suas atividades, com anuência do governo. Vou tentar explicar melhor. Todos os dias homens e principalmente mulheres saem de casa de madrugada para atividades nos manguezais, por exemplo para coletar caranguejos. Trabalho duro. Mas isto não é só trabalho, é modo de vida. Ao longo dos séculos se criou uma forma de viver e conviver com este ecossistema. Desta convivência emergem artesanato, música, culinária, modo de vestir e muito mais. Em outras palavras, cultura. Agora o governo está dando concessão para grandes empresas fecharem estas áreas e criarem camarão. 
Restaurante Martin Pescador - Quito.
Simplesmente estas mulheres já não podem entrar mais para fazer o que sempre fizeram. Ficam sem trabalho, e, com tudo que isto implica em termos culturais, ficam sem chão. Estas mulheres há anos já se organizam para defender seu espaço, atualmente chamado de Território. Porque há muito sofrem pressão das empresas para deixar a área, mas o que o Governo atual vem fazendo é como um golpe final. E justamente o restaurante Martin Pescador é desta organização de segundo grau que reúne dezenas de grupos de mulheres. A ideia segundo nos explicaram é trazer um pouco de Esmeralda, o Estado onde tudo isto acontece, para a capital. E divulga a luta das mulheres pelo direito à seguir com seu modo de vida.
Mas não pensem que todos estes fatos fazem do restaurante um lugar fúnebre. Pelo contrário, a alegria é contagiante! Ouvimos marimba, comemos deliciosos peixes e camarões, cantamos e dançamos! Nos divertimos e já havia passado da meia noite quando lembramos que hoje era dia de trabalho. Bela noite!
Eu e Patrícia Flores, na mesa do Foro público de hoje
Hoje foi intenso. Um fórum público pela manhã com presença do vice- ministro de agricultura e do Secretário Nacional de Desenvolvimento Social, além de outros representantes do governo e da sociedade civil. Dois da nossa comitiva internacional também participaram como palestrantes.
O Foro de hoje, visto da mesa.
Pela tarde outra vez trabalho em sala, elaborando a carta que resume estes dias de Fórum e refletindo sobre o futuro do nosso trabalho.
De noite, de novo, o melhor do dia. Fomos para night... Nem tanto, fomos para uma cervejaria artesanal chamada Beerfest, no La Mariscal, o bairro onde se concentram bares, restaurantes, cafés e discotecas. Além da boa cerveja, estávamos quase todo o grupo de estrangeiros e, a esta altura íntimos, nos divertimos bastante!
Amanhã pretendo descansar porque domingo vou para Galápagos. Sim, resolvi enfrentar o desejo-pós-evento-de-voltar e realizar uma vontade que tenho há muito. De lá conto.
Sou o maior catador de fotos com
mulheres com roupas típicas!

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