Pesquisar este blog

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Buenos Aires, 27 e 28 de janeiro de 2014.

Loja no Abasto, saída do shopping pela Carlos Gardel
Estou aqui no café da manhã do Gran Hotel Buenos Aires, onde ficamos estes dias, bem no centro da cidade, na Marcelo Alvear 767, pertinho da Florida. Daqui a pouco nos dirigimos ao aeroporto, de volta para casa e trabalho.
Café Tortoni
Ontem fomos a três lugares que vale a pena contar. Primeiro no Tortoni, na Av. de Mayo 825, aquele que é considerado o melhor café da cidade. Muito legal. Tem mais de 150 anos, e lembra a Confeitaria Colombo, do Rio de Janeiro, no seu estilo clássico e refinado. Os cafés junto com as áreas verdes, talvez sejam o que mais vinculam a Buenos Aires de hoje com sua época áurea, de cidade mais rica e glamourosa do continente. E o Tortoni é a melhor expressão desta Buenos Aires. E sua media luna é simplesmente sensacional. Comemos churros com chocolate, sucos, brownie, café, tudo bom, mas a media luna... é imperdível. Podem crer!
Depois fomos ao shopping Abasto. Bom, boas lojas, mas vale a pena principalmente pela quantidade de jogos eletrônicos que tem. Para quem viaja com criança se torna um programa quase obrigatório, diversão garantida.
E do shopping se pode sair pela Av. Carlos Gardel e em três quadras se chega ao Museu Carlos Gardel, que fica na Jean Jaures 735. Pequeno mas muito charmoso, as fotos e os escritos são uma aula de Tango, suas origens e detalhes da vida deste que é o artista mais adorado pelo povo Argentino. E esta pequena caminhada é muito agradável, Abasto é um bairro mais popular, com um casario bonito, parece que com um senso cultural pulsante, ao redor do Tango. De novo, por estes mecanismos nem sempre claros, Abasto em suas ruas internas me lembrou Havana. 
Ana, Gardel e eu. Fotógrafo: Daniel Meirelles.

Bom, o restante do dia de ontem foi reservado a algumas comprinhas que ninguém é de ferro e o cambio está favorável. Para se despedir de noite fomos a outro Pub Irlandês que recomendo para quem gosta destes ambientes de bares escuros, madeirados, com música relativamente alta e boa cerveja. The Temple Bar, na Av. Marcelo Alvear 945. Fica como minha ultima dica.
Valeu a viagem. Precisava conhecer um pouco melhor Buenos Aires, e não me arrependo da escolha de passeio. Apesar do ar decadente, quem já foi rainha nunca perde a majestade.
Fui. Em dez dias escrevo outra vez da Biofach, Nuremberg, Alemanha.
Daniel e Ana, no Café Tortoni

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Buenos Aires, 26 de janeiro de 2014.



Daniel Meirelles, com Jorge L Borges e Adolfo Caseres
Começamos o dia de hoje indo até uma pista de skate, já que sou pai de um futuro skatista famoso. Como o poder público pode fazer coisas boas, quando quer. Que pista, que lugar legal. Claro que reúne dezenas de crianças, jovens e adultos. É perto do Aeropark, o aeroporto que fica dentro da cidade, na Av. Costanera. O Rio La Plata, o parque com a pista e os aviões pousando compõe uma boa cena. Para quem gosta de skate, ou tem filho que gosta, é imperdível. Se chama Converse Skateboarding Argentina, e tem fanpage no Facebook, para quem quiser dar uma olhada.
Converse skateplaza
De lá fomos à Palermo, ao Jardim Japonês. Enquanto passeávamos de táxi, passamos por diferentes Parques, todos cheios de gente, caminhando, correndo, pegando sol, tomando um mate. Atividades de um dia de domingo de sol.
O Jardim Japonês é um pequeno parque, feito pela e para a comunidade japonesa, muito bonitinho. Nada do outro mundo, mas para quem se afiniza com este tipo de ambiente, bom programa. De lá fomos caminhando, Daniel andando de skate, pela Av. Figueroa Alcorta até chegar de novo na Recoleta, na Plaza Francia, na mesma feira que havíamos ido no dia anterior. É que ficamos no desejo de parar no La Biela, um café-restaurante muito charmoso, com uma varanda enorme embaixo de uma árvore gigantesca. Ficamos umas três horas por ali, tomando uma Imperial, uma boa cerveja pilsen da cidade de Santa Fé, comendo algo, conversando. Daniel almoçou una milanesa con papas fritas. Típico. Tivemos direito até a um show de tango, na praça, praticamente ao lado da mesa que estávamos. Típico também. Beleza, não estava a fim de pagar 80 dólares por cabeça para ir ao Señor Tango. Matei minha obrigação de ver um show de tango em Buenos Aires. E, generoso que sou, contribuí com dez pesos à arte local!
Show de tango, ao ar livre, ao lado do La Biela
Do La Biela regressamos também caminhando ao hotel. Segundo o google, fizemos quatro quilômetros. Bem agradáveis, Buenos Aires é uma ótima cidade para caminhar.
De noite fomos, outra vez caminhando, comer uma pizza na La Piola, que fica na Av. Libertad, entre Santa Fé e Marcelo Alvear, umas cinco quadras do nosso hotel. Maria Calzada, uma amiga porteña, me disse que era a melhor de Buenos Aires. Tenho dúvidas, mas fica a dica.
Jardim Japonês, Palermo

Ana no La Biela
Converse skateplaza

domingo, 26 de janeiro de 2014

Buenos Aires, 24 e 25 de janeiro de 2014.

O porto, em El tigre
Pois então, ontem e hoje caminhamos e fomos conhecer alguns dos lugares que os blogs e sites de oquefazerembuenosaires recomendam. Eu nao estou muito acostumado a viajar a passeio. E, loucura, acho que nem gosto tanto. Pensando no motivo, acho que é porque gosto muito do que faço, quase sempre mais me diverte do que me enfada, e também porque viajando a trabalho consigo andar nas bordas dos passeios obrigatórios, até faço alguns, mas sempre com algum apoio local, uma visão de quem vive o cotidiano do país ou da cidade.
Exemplo do cool quase kitch, tronco de árvore,
 com rendas de crochê e um leão no alto
 Enfim, ontem passeamos por Palermo. Eu tinha uma recordação muito boa, de vinte anos atrás. Pois não estava enganado, Palermo é recool. Agora com alguns nomes específicos, que definem características assumidas por determinadas zonas do bairro, como Palermo Soho, Palermo Holywwod, Palermo Viejo. Pode-se passar horas caminhando ali, parando para um café, sorvete ou almoço. Uma estética muito particular, um cult que beira mas não entra na esfera do kitch, um velho que se renova, um forever young no melhor sentido do termo. Acho que por isto e pelos grafites na parede, me lembrou Berlin. Minha mente às vezes associa lugares e eu mesmo não sei a razão.
E vale falar também do Zoológico, do Jardim Japonês e dos Bosques de Palermo, no meio da cidade, um luxo. Bom, toda Buenos Aires se caracteriza por esta presença do verde, o que lhe da uma atmosfera única.
Daniel com medo do urso...
De noite, fomos a um Pub Irlandês, aqui na rua do nosso hotel, muito legal. Em uma área movimentada aqui do Centro, esquina da Marcelo Alvear com Reconqusita. Tomei uma Pale Irlandesa deliciosa.
Hoje fomos a El Tigre, uma cidade à beira do Rio que faz parte do Delta do Paraná, o segundo maior delta do mundo. Delta é quando a foz de um rio se espalha por inúmeros canais, rios e riachos, formando um conjunto de ilhas. El Tigre é uma cidade que serve como porto, ponto de partida para idas e vindas ao Delta do Rio Paraná.
A cidade é interessante, com muitos afazeres de lazer, pertinho de Buenos Aires, o que faz com que seja uma opção para os sábados e domingos. Quem quiser pode fazer um passeio de barco, por diferentes rios do Delta. Os barcos vão te deixando pelas casas, hotéis e restaurantes que existem na beira dos rios. E possuem linhas, como ônibus. As ilhas são bem povoadas, os terrenos são relativamente estreitos, 50 ou 100 metros, com casas e piers. Se você quer pegar um barco, fica no píer, faz sinal como se fosse ônibus, ele para. No meio de um dos rios, vimos um barco-mercado, imagino que as pessoas fazem sinal ou ligam para ele, ele aporta. Nós fomos a um restaurante, o Gato Blanco. Comida razoável, ambiente do tipo melhor impossível, mesa em um deck, barcos passando, sol escondido por lindas arvores.
Pier do restaurante El Gato Blanco
Vou resumir a ida a El Tigre. Um trem de 50 min desde o Centro, lento. Uma passeio de Barco, uma hora, interessante mas não lindo. Um restaurante super agradável com comida só razoável. Mais uma hora de barco de volta, mais 50 min de trem de volta... Mas recomendo, o passeio como um todo vale a pena. Quero dizer que, por uma estranha matemática, um somatório de mais ou menos pode dar algo com muito mais do que menos. Por esta conta, o passeio foi demais.
Chegamos na estação retiro, onde se pega o trem para El Tigre e ainda tivemos disposição para caminhar pela Av Libertador até a Plaza Francia, na Recoleta, onde rola uma feirinha de artesanato nos fins-de-semana. A Feira é legal, para quem gosta, mas o visual de fim-de-tarde, os músicos locais na Praça e o clima agradável compuseram um cenário dez. Voltamos também caminhando, umas quinze quadras até o hotel, pela Av Quintana, ótimo programa.
Chegamos cansados hoje, vamos dormir sem nem sair para jantar.
Livraria Ateneo, Av. Santa Fé 1860,  linda!

Visual do restaurante El Gato Blanco

Musico local, Plaza Francia
Igrejinha na Plaza Francia, Recoleta

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Buenos Aires, 23 de janeiro de 2014

Daniel e eu, caminhando pelo Caminito
Viajando como costumo viajar, além de conhecer lugares e culturas, já tive a oportunidade de vivenciar alguns momentos históricos. Por exemplo, estava em Madrid, dia 11 de março de 2004, quando ocorreu o atentado na estação de metro de Atocha. Eu estava a um quilômetro da estação.
Hoje vivi mais um dia histórico. Simplesmente foi o dia com a maior temperatura mínima dos últimos 106 anos aqui em Buenos Aires, aonde chegamos hoje, ao meio dia, Ana, Daniel e eu para cinco dias de férias. Pensa em um dia quente. Muito quente. Pensou? Hoje foi assim. A sensação térmica chegou a 48C. Sempre que se falar do histórico 23 de janeiro de 2014 em Buenos Aires, eu poderei dizer que estava lá. Passando calor. Bem, em tempo de aquecimento global, é possível que este recorde não dure muito.
Ao fundo, a Casa Rosada
Nosso hotel é no centro da cidade e tivemos a feliz ideia de chegar, deixar as malas no hotel e descer para caminhar. Às duas da tarde. Lembrei de Maiakovski em seu poema que afirma que o sol entrou na sua casa para tomar um chá com ele. Sempre na expectativa de uma anunciada chuva, começamos pela Rua Florida, uma rua estilo calçadão, com lojas e lojas, uma espécie de território brasileiro no coração de Buenos Aires. Ouve-se mais português do que espanhol, e, exagerando um pouco, só se veem brasileiros comprando. Deve ser porque é um lugar bom de comprar, muitos produtos locais como Nike, Adidas, Lacoste, Puma, QuickSilver, DC, Havainas.
De duas às oito caminhamos, sempre esperando a anunciada chuva que apagaria o forno. E parando em diferentes locais para água, café, sorvete, cerveja, refrigerante, suco, qualquer coisa que nos permitisse entrar em um ar refrigerado. Na caminhada fomos desde a Praça San Martin ate a Casa Rosada, a famosa sede do Governo Central, que fica em frente à Plaza de Mayo, também muito conhecida por haver sido, e ainda ser, lugar de vigília das mães que tiveram filhos desaparecidos durante a ditadura militar aqui na Argentina. Ainda fomos ao bairro La Boca, de táxi, para ver o Estádio La Bombonera, já que sou torcedor do Boca, e andar pelo Caminito, programas obrigatórios aqui em Buenos Aires. Esta região de Buenos Aires foi colonizada por muitos italianos, e dizem que suas casas coloridas tem a ver com a sobra de tintas que tinham os marinheiros, o que por vezes os obrigou a usar varias cores em uma esma fachada. Em Valparaíso, Chile, aprendi que as casas coloridas dos barritos portuários tem a ver com os pescadores pintarem suas casas com as mesmas cores dos seus barcos. Vai saber! 

Vi o Caminito em 1994, e fiquei emocionado com suas casas coloridas, seus artistas de rua cantando e dançando. Naquele momento conheci o tango. Conheci Carlos Gardel e suas historias. Comprei livros, CDs e filmes. Vinte anos depois, só me emocionei com a lembrança de vinte anos atrás. Os sintomas de decadência são visíveis. Pena. Aliás, tampouco vi na Rua Florida e seus arredores o glamour de décadas atrás. Mas vou ainda buscar nos próximos dias por onde anda o charme que sempre seduziu os Brasileiros. Por mais crises econômicas que tenham passado, sei que a força cultural e a sofisticação intelectual dos hermanos segue viva.
Ah, ia esquecendo, não sou mais Boca, agora sou San Lorenzo, time do Papa Francisco.

E finalmente apagaram o forno, llegó la tormenta. Vou dormir.
Caminito que el tiempo ha borrado...
La Boca

La Bombonera

Ana e uma de suas melhores amigas.


Pausa para um café e um ar refrigerado