Estufa de flores da família da D. Laura. Esta flor de branco sou eu. |
Ontem, quarta-feira, saímos outra vez ao campo, depois do costumeiro e
farto café da manhã. Primeiro fomos visitar uns horticultores,
a Dra.Victoria, médica, e seu marido Gustavo, no pequeno povoado
de Tequexquinahuac. Começaram a trabalhar com agricultura em 1992,
com uma horta para consumo próprio e não deixaram mais este
trabalho. Em 2003, começaram a participar do Tiangui (mercado)
em Chapingo.
Eu e D. Bráulia. |
Depois fomos visitar D. Bráulia. Ela rege suas filhas, filhos, noras e
genros com inúmeras atividades em diferentes pontos de Tequexquinahuac. Uma
verdadeira matriarca. Com 84 anos e dificuldade para caminhar, ela decide
o que e quando plantar, como cuidar, hora de colher e onde vender. É
fácil imaginar que decisões de outra natureza também passam pelo seu crivo.
Vimos o trabalho do clá de D. Bráulia no campo, com algumas estufas, de
tomate, morango e flores. Também vimos horta e ela nos mostrou seu esquema de
produção de tamales e tortillas.
Depois de aprender sobre a produção, uma análise sensorial. Em um mesmo
ambiente as mulheres estavam preparando a tortilha. Da massa ao cozimento, que
é feito em uma grande chapa de ferro. E passamos todos comendo durante boa
parte da tarde.
Preparando tortilhas e tacloios. |
À tortilha acrescentamos um dos vários molhos com diferentes
teor de pimenta e, se queremos, algo mais, como carne, linguiça, creme de
feijão e por aí vai, em uma viagem ao infinito. Ou elas preparam na chapa tlacoios, que são tortilhas dobradas, recheadas com creme de feijão,
fava ou batata. Imagino que podem ser outro recheios também.
Para beber, uma
água de sabor, o que chamaríamos no Brasil de refresco. Para terminar, Lourenzo
e Orestes, dois amigos Mexicanos que nos acompanharam toda a semana, apareceram
com uma garrafa de Mezcal, orgânico. Mezcal é um destilado típico daqui,
feito a partir de algumas variedades de agave, a mesma planta da qual é feito o
Tequila, com a diferença que este último é elaborado exclusivamente do agave
azul.
Pequeno artesanato que reproduz a cena familiar do dia 02/11 |
Ao entardecer, ainda passeamos um pouco por Texcoco, vendo seu comércio, seu mercado central e uma feira
exclusiva para vender produtos para o dia dos mortos. Dia dos mortos aqui é um
caso à parte. Sinteticamente vou dizer que no dia 02/11 as casas se preparam
para receber seus mortos com um pequeno altar, com uma foto do ente que partiu
e comidas que eram suas preferidas. É um dia de rever seus mortos, conversar
com eles, expressar sua saudade e carinho. É mais alegre do que triste.
Hoje de manhã fomos visitar a Universidade de Chapingo,
criada em 1854. Um lindo campus, onde estudam 15 mil alunos. Visitamos o prédio
da reitoria, originalmente sede da fazenda que lhe deu o nome. Nesta linda
casa, do início do século XVIII, funciona o Museu Nacional de Agricultura.
Reitoria da Universidade de Chapingo. |
De certa forma foi nesta Universidade que surgiu a mal denominada
Revolução Verde, já que o norte americano Norman
Borlaug, membro da Fundação
Rockefeller, foi pesquisador em Chapingo
e daqui foi porta voz da ideia da intensificação na agricultura baseada em
adubos químicos, sementes melhoradas, maquinaria pesada e pesticidas.
Ganhou o
Prêmio Nobel da Paz de 1970, principalmente por seu trabalho com sementes
híbridas de milho e trigo. A senhora que nos atendeu no Museu o conheceu em
vida e nos contou que ele era uma pessoa muito simples e amável.
No próprio prédio da Reitoria está a Capela
Riveriana. Toda pintada com murais de Diego Rivera. Um luxo. Impactante. Tive
pouco tempo para admirá-la, mas talvez tenha sido a Capela mais bonita que vi
em toda minha vida.
E agora, já no aeroporto. Amanhã chego em casa. Fim desta breve e
intensa aventura no México.
Capela Riveriana |
Capela Riveriana - Teto |
Capela Riveriana |