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quarta-feira, 1 de junho de 2016

Maputo, 31 de maio e 01 de junho de 2016.

Com técnicas e agricultoras, nas machambas.
Vou me embora de Maputo. Não é uma Passárgada, mas deixa saudades. Estou aqui no aeroporto da África do Sul, já rumo à casa. Tudo correndo bem, serão exatas 24 horas entre ar e terra.
Selo que vai começar
a ser usado por aqui.
Ontem passei o dia em uma reunião de avaliação da minha consultoria e apresentando à equipe da ESSOR meu relatório, já finalizado e entregue, duas semanas antes do prazo. Levar relatório para fazer em casa só em casos extremos, não é recomendável. De minha parte foram dias muito agradáveis de trabalho. Pelo que ouvi na avaliação, para eles também foi agradável, e, mais importante, útil.
Depois do trabalho, caminhei um pouco, próximo ao hotel. Voltei à Feira Janet,  aquela que vende de um tudo apenas para passar o tempo e gastar meus últimos meticales, a moeda local. Comi de novo camarões, sempre deliciosos, no Assador Típico, restaurante português que fica no início da Av Karl Marx. Às sete da noite já estava no quarto, arrumando malas.
As mulheres, nas machambas.
Nestes 15 dias que passei em Maputo meu aplicativo me avisa que caminhei 84 km. A maior parte pela cidade. Ela não é exatamente bonita, com exceção da praia e de poucos parques municipais. Os traços que ainda guarda da arquitetura portuguesa estão em sua maioria descuidados. A arquitetura contemporânea navega entre a pobreza, edifícios pouco cuidados e casas enormes, protegidas por muros, grades e cercas eletrificadas, que não nos permitem apreciar sua beleza, se é que existe. A maior parte de suas ruas são escuras de noite e sujas de dia. Com esta descrição pouco lisonjeira, pode parecer curioso que ainda assim eu goste de caminhar por Maputo. Acho que me sinto recompensado pela gentileza e alegria de sua gente, sua comida rica em origens, aromas, cores e sabores, e pelo visual das mulheres e suas capulanas. Elas são, sem dúvida, o melhor de Maputo. Muitas vezes carregando crianças enroladas ao corpo por seus tecidos coloridos ou água, trouxas ou tabuleiros na cabeça. Sempre eretas, esguias, suas condições de vida não são suficientes para curvar sua elegância.
trabalhando...
Viajar para lugares e culturas distantes é sempre interessante. Considero vir à África um caso à parte. Não sei precisar porquê. Talvez a identidade cultural com o Brasil, tão influenciada pelo povo Africano. Pode ser também por ver de perto uma situação de pobreza com a qual me sinto, e deveríamos nos sentir todos, com uma parcela de responsabilidade. De certa forma quem tem ascendência europeia é signatário da trágica Conferência de Berlim. Ou pode ser apenas porque viemos todos daqui. Nós que em um excesso de estima própria nos auto proclamamos homus sapiens sapiens, tivemos nossa origem aqui, na Mãe África.
Como veem, não sei porque, mas estar na África é sim um caso à parte. E tem uma natural densidade, nos deixa reflexivos.
Bom, o voo me chama. Voltar faz parte da viagem.

no campo

pilando cana de açúcar, para usar
como biofertilizante