O estuário do Tejo |
Lindo dia frio em Lisboa |
Começamos
caminhando até a casa de Fernando Pessoa, onde ele passou os últimos 15 dos
seus 48 anos de vida. De lá fomos visitar um supermercado que vende só produtos
orgânicos. Na verdade fomos a uma das lojas desta rede, que se chama Brio (www.brio.pt).
Não tão grande, ótimos produtos, mas me chamou atenção que são quase todos
importados. Da Alemanha, na maioria, mas também Espanha, Itália, França e
outros países Europeus.
Deixamos o Brio e fomos até o Chiado, um bairro próximo
ao Centro, só para passar no Café A
Brasileira, que tem mais de cem anos de funcionamento. Na parte de fora,
uma mesa com Fernando Pessoa sentado nela, em bronze, mostra que este era seu
local preferido para um café. De lá seguimos pela Rua Augusta até o Tejo.
Sabe o que Pessoa falou sobre ele? Pois vou transcrever aqui, não resisto... Chama-se
Pelo Tejo vai – se pelo Mundo:
O Tejo é mais belo que o rio que corre
pela minha aldeia / Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha
aldeia / Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia./ O Tejo tem
grandes navios / E navega nele ainda, / Para aqueles que vêem em tudo o que lá não está, / A memória das naus. / O Tejo desce de Espanha / E o Tejo entra no mar em Portugal. / Toda a
gente sabe isso. / Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia / E para
onde ele vai / E donde ele vem. / E por isso porque pertence a menos
gente, / É mais livre e maior o rio da minha aldeia. / Pelo Tejo
vai-se para o Mundo. / Para além do Tejo há a América / E a fortuna
daqueles que a encontram. / Ninguém nunca pensou no que há para além /
Do rio da minha aldeia. / O rio da minha aldeia não faz pensar em
nada. / Quem está ao pé dele está só ao pé dele.
O heterônimo que
assina este poema é o Alberto Caeiro.
Praça de alimentação do Mercado do Cais da Ribeira |
Passeando as
margens deste rio tão inspirador, chegamos ao Mercado do Cais da Ribeira. Uma parte deste mercado é ocupada por
dezenas de restaurantes conhecidos de Lisboa, que se juntaram ali numa espécie
de praça de alimentação gourmet.
Queijos, peixes, presuntos, iogurtes e muito mais. Bacalhau e vinho também. E
sardinha assada. E leitão. E tortas, sorvetes, doces. E pastel de nata. Ainda
bem que não preciso emagrecer...
Mas acabamos
almoçando mesmo em Alfama, este
bairro alto, com uma bela vista, muito simpático, com suas ruazinhas estreitas
e calçadas onde convivem turistas passeando, aposentados locais jogando cartas
e roupas secando em varais improvisados. E o cheiro de Fado no ar.
Depois ainda
tivemos tempo para subir a Avenida Liberdade, linda, ampla, arborizada e onde
as marcas de roupas e acessórios mais famosas do planeta fazem ponto.
Sardinhas e outros peixes em conserva. |
Vou contar algo
interessante que vimos hoje. Várias lojas que vendem exclusivamente conservas
de peixe. Principalmente sardinha e atum em lata. Mas também, salmão, anchova,
cavalinha, lula, bacalhau. E outros. Além desta variedade de espécies, a
estética da embalagem chama atenção. Algumas empresas são muito antigas, e
mantém ou reviveram seu visual vintage. Outras são novas, mas se esmeram
também no visual, não necessariamente antigo, mas sempre bonitos.
Mais conservas de peixes!!! |
Latas embrulhadas em papel, caixas que se encaixam, formando desenhos ou palavras que só se completam quando sobrepostas. Isto faz com que estes peixes em conserva não estejam apenas nestas lojas especializadas, mas também sendo vendidas em lojas de souvenir. Imagina, que legal: dar sardinha em lata de presente... e garanto que é um belo presente, bonito, interessante, diferente, saboroso.
Tudo isto faz parte de uma estratégia de posicionar este importante
produto tipicamente português no mercado. E enfatizo um detalhe, que de detalhe
não tem nada: o que provamos estava delicioso.
Lisboa me faz
lembrar minhas raízes lusitanas. É bom ver parte de nossa origem e perceber o
barro que nos moldou ou, ao menos, uma parte dele. Ajuda a se entender.
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