Com duas senhoras que preparam comidas, Mercado Alternativo de Apizaco |
Ontem
acordei cedo e caminhei algumas quadras ao redor da praça de Tlaxcala, depois segui
caminhando até a Basílica de Ocotlan, uns 1500 metros subindo forte, na
altitude de 2500 metros, dá para cansar. Depois de um café da manhã estilo Mexicano fomos ao campo, visitar algo do que fazem por aqui nesta área
da Agricultura Orgânica.
Começamos
por uma feira, chamada por eles de Mercado
Alternativo de Apizaco. Pequeno,
ainda em formação. Mas com alguns produtos muito interessantes e, claro, bancas
de comidas prontas. E segui comendo... provei diferentes comidinhas locais, mas vou
contar brevemente sobre uma, um tipo de chocolate gelado que tomei.
Preparando a água de barranco |
É uma bebida
diferente, ainda que à base de cacau. Leva também fava, milho, canela e
anis. Tudo torrado e moído em pilão, acrescido de rapadura e batido intensamente em panela
de barro com gelo. Fica tipo um chocolate gelado, leve, com muita espuma e super saboroso. É
chamada de cacau ou Água de Barranco. Porque tem uma cor
parecida com cor de terra. Segundo eles é uma receita pré-colombina, mas me suscitou duvida o fato de alguns destes ingredientes terem chegado depois da invasão espanhola. Devem
existir nuances nesta história.
Nopal e sua fruta, tuna. |
Fomos
ainda visitar um produtor de Nopal. É
um cactus, do qual se consome sua folha descascada. Não acho que tem muito sabor, é
meio aguado, mal comparando como se fosse um chuchu. É comum vermos na rua uns
saquinhos plásticos com nopal cortado
em palitos, servido com pimenta. Claro, tudo tem pimenta. O nopal também se come em tacos. Tudo eles
juntam com tortillas e transformam em
tacos de diferentes sabores, como eu escrevi ontem. Além de consumir a folha do
nopal, ainda tem a tuna, que é a sua fruta.
Saborosa, refrescante, com uma casca grossa e espinhenta. Muito bacana o nopal, típica planta do deserto, que com
sua aparência inóspita guarda água e alimento. Ele é originário aqui do México, e na verdade existem muitas espécies e variedades que são conhecidas por este nome comum. No semiárido brasileiro algumas espécies tem sido plantadas como alternativa para alimentação do gado.
Ao
anoitecer ainda pude passear um pouco mais e cheguei ao Mercado
Municipal. E de lá fomos em um bar tomar uma Corona. Decoração super
intensa e colorida. Muitas tela passando jogos de futebol. Som altíssimo, intercalando o jogo e a música. Pessoas
falando alto, tentando se fazer ouvir. Este kitch
tão comum no continente, que eu curto muito e que talvez tenha no México o seu orgasmo.
Pimentas, muitas pimentas! |
Hoje o dia começou com um passeio no mesmo Mercado Municipal. É que ficou a vontade
de tomar o café da manhã por ali. Fomos em um pequeno grupo. Como em todos os mercados vimos muitas frutas, flores, carnes, produtos chineses... E pimentas,
muitas pimentas. Na parte de comida pronta, tortillas, muitas tortillas. Tortillerias
que a fazem e vendem. Como uma padaria que vende pão. Comemos tortillas
com queijo e se pode agregar algo mais, como carne ou fungos. Como levam queijo
não se chamam tacos, mas sim quesadillas. Interessante como fungo aqui é
comida popular. Vários deles. O mais interessante que vi é o cuitlacoche, que se desenvolve sobre um
tipo de milho. Na própria espiga, em cada grão se desenvolve este fungo. Na
verdade agronomicamente é uma doença, mas nesta região do México é considerado
comestível quando cresce em uma determinada variedade, aí o fungo deixa de ser um problema e passa a agregar valor ao
milho. Tudo na vida é uma questão de perspectiva... Achei incrível!
Vista das casas da cidade |
Durante
todo o dia seguimos trabalhando. O evento terminou com os discursos emocionados
e promessas de contato eterno que caracterizam estas atividades. Quase nunca se
cumprem. Mas confesso que estava mais interessado em sair para caminhar na
linda Tlaxcala, o que
conseguimos fazer a partir das quatro da tarde.
Tlaxcala é relativamente pequena, tem uma linda praça central, belíssima arquitetura colonial, bem cuidada, com uma bonita vista do Vulcão La Malinche. Algumas das suas casas são ainda do século XVI, o governo do estado funciona em uma delas.
Tlaxcala é relativamente pequena, tem uma linda praça central, belíssima arquitetura colonial, bem cuidada, com uma bonita vista do Vulcão La Malinche. Algumas das suas casas são ainda do século XVI, o governo do estado funciona em uma delas.
Terminando o dia e a estada no México com Tequila. Bagé, Rafael e Daniela, mexicanos, Genaro, paraguaio, eu e Pablino, também paraguaio. |
Compramos
alguns artesanatos, passeamos e terminamos em uma Tequilaria. É que estamos no México.
Boa forma de terminar a estada
por aqui. Pena
que não tive nem terei tempo de ver um pouco mais da cidade e da região. Nem
digo do país. Um gigante de quase dois milhões de km², mais de 120 milhões de
habitantes, com uma diversidade em todos os sentidos que exigiria viver aqui
para pensar em conhecê-lo. Mas lamento é não ter tido poucos dias mais para ver
vulcões, pirâmides e cidades como Puebla tudo isto aqui muito perto. Mas
amanhã já volto para o Brasil, a caminho da Paraíba para uma semana intensa de
trabalho. Acho que este ano não conto mais.
Don Julio, reposada, coisa fina... |
Cuitlacoche |
o modelo aqui na lavoura de nopal |
água de barranco - deliciosos!!! |
tomando a água de barranco |
A folha de nopal, no saquinho ela descascada e a tuna, sua fruta. |
Ao lado da praça central |
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