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terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Costa Rica, 05 de fevereiro de 2013.


Keep Walking
O dia começou cedo, um belo café da manhã na mesa que fica na varanda em frente ao bosque. É que aqui nesta propriedade, tudo é bosque. Depois do café, fomos dar uma volta, com Milo nos explicando como funciona seu sistema de floresta análoga. Como havia dito, se trata de imitar, mimetizar a natureza, mas na medida do possível com espécies de interesse. Como em uma região tropical chuvosa o ecossistema natural é uma floresta, ao buscar imitá-lo esta propriedade se tornou uma floresta. E desta floresta a família vai tirando comida, lenha, remédios, sombra, paisagem, renda.
grupo visitando a finca
Fomos passeando e ele nos mostrando sua finca. Canela, cúrcuma, gengibre, pimenta do reino, noz moscada, baunilha, cardamomo e várias outras espécies muitas das quais ele seca e/ou extrai óleos essenciais. Me chamou atenção conhecer o pachuli, a planta indiana, que originou o famoso perfume dos anos setenta, depois saiu da moda, mas ainda tem seu uso, em perfume mesmo ou incenso, velas aromáticas, coisas do gênero. Como ainda tem bom mercado, aqui também se extrai seu óleo essencial.
Caminhando e admirando a exuberância da floresta por aqui não pude deixar de lembrar de Woody Allen em Sonho de Cassandra: “é engraçado como a vida tem sua própria vida”. Sim, é engraçado isto. E aqui, no trópico úmido, com solos de alta fertilidade, no meio da floresta, sentimos por todos os lados a força da vida. Não existe uma pedra sem musgo, uma árvore sem bromélia, um pedaço de maneira sem colônia de fungo.
a sala de reunião, rodeada de bosque
E depois desta caminhada, passamos a tarde discutindo a aplicação dos SPGs neste esquema que eles chamam de floresta análoga. Argumentamos – Mathew John, o indiano, Jannet Villanueva, a peruana, e eu –, que as normas a serem seguidas para que produtos deste esquema sejam certificados devem ser simplificadas, mais preocupadas com a forma do que com o conteúdo. E que deve ser sentido um desejo real dos agricultores em implementar um SPG. Nestas e em outras discussões de trabalho, e algumas outras palestras sempre ao redor dos objetivos do seminário, passamos nossa tarde.
No inicio da noite, uma agradável janta, e depois uma fogueira na casa de Milo, nosso anfitrião, que descobri ser um ex-surfista californiano. De madeira, no meio do mato, toda astral, com um pequeno templo budista em seu interior. Ficamos por ali, entre boa conversa, tranquila, sobre os diferentes mundos onde cada um de nos vivemos, do Canadá à Índia, passando por Peru, Brasil México, Costa Rica.
Confesso que lugares como esta propriedade mexem comigo. Saí da universidade e fomos morar em uma propriedade rural, Ana e eu, onde ficamos 11 anos e tivemos três filhos. Saímos para uma pequena cidade, tivemos mais um filho, vivemos bem ali, mas a vontade de morar num sítio voltou a se fazer presente. Enfim, veremos.
A noite passada eu dormi muito bem. Sons da natureza, temperatura agradável, espíritos da floresta velando por nosso sono e sonhos. Espero que se repita, boas noites de sono tem sido artigo raro para mim, e durmo só mais esta noite aqui. 
área manejada com o conceito de floresta análoga

2 comentários:

  1. Pensei nos mundos regenerados, eles devem ser assim... O futuro já está entre nós, mas a luta pela sua implementação, por muito tempo ainda, será árdua. Bom sono, querido amigo!

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  2. Oi Laercio,
    Realmente é de dar cobiça esta vida aí, mas não sei se quero "voltar" a uma vida rural ou florestal!
    Estive no Rio anteontem e te confesso que um passeio pelo Leblon e Ipanema aguçou ainda mais aquele sonho antigo que tenho de morar na cidade que realmente é MARAVILHOSA.
    As duas vidas não são excludentes, podem ser complementares ... 10 meses no Rio e 2 meses no campo!
    Que tal? Seguimos a conversa depois ...Temos aí um tema para debate ...
    Beijos

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