Predicando... |
Ontem
minha atividade foi uma conversa no campo com produtoras do cinturão verde de
Maputo, na machamba (área de cultivo)
de uma delas. Falei em português e fui traduzido para o xiChangana, a língua mais falada aqui em Maputo. O português apesar
de ser a única língua oficial de Moçambique, não é falado pela maioria, que se
utilizam em seu cotidiano de mais de 30 línguas. É sempre interessante ser
traduzido em uma língua nativa, local. Soa bem. Meu tradutor, o presidente da associação do local, se empolgou. Eu falava um minuto e ele
levava três para traduzir. Que onda!
Com a galera, na machamba... |
Esse
tipo de trabalho é sempre um desafio. Cada situação é uma situação. Esta de
ontem foi diferente, uma das mais peculiares que já vivi. Cheguei no
campo e encontrei um grupo de trintas pessoas, algumas que não falam português
e costumam trabalhar de sol a sol, aprendendo com a vida e não com os livros e
suas abstrações. E eu tendo a obrigação de falar algo que lhes possa ser útil em
seus trabalhos de horticultoras.
Como
faço? Vejo a cena e tento ativar a parte dos meus neurônios que ainda funciona.
Me concentro, peço ajuda às forças da natureza, e misturo experiência,
conhecimento e criatividade, em doses iguais, temperando com sensibilidade para
sentir o "público". Ontem parece que deu certo.
Ajuda
também o fato de já há muitos anos eu ter optado por ser, dentro da agronomia,
mais arquiteto do que engenheiro. Inspirado por bons mestres, me ocupo mais com
a forma do que com o conteúdo, mais com a paisagem do que com a molécula,
procuro mais a síntese do que a análise. Sinto que esta abordagem facilita
muito a adaptação dos meus parcos saberes às diferentes realidades.
Mesquita da Baixa, aspecto interno. |
À noite
fui ao Loirinha. Ontem foi minha quarta sexta-feira em Maputo. Nas três anteriores havia ido a este bar no
início da noite. Virou tradição, e tradições existem para serem cumpridas.
Desta vez acompanhado por alguns amigos moçambicanos, conversamos de trabalho e
da vida.
Hoje,
sábado, continuei fiel à tradição e usei a manhã para passear pela Baixa (o downtown) e comprar algumas capulanas e lenços na Casa Pandia. Fui conhecer a Estação Central de Trem, uma herança
portuguesa do fim do século XIX e que ainda funciona transportando cargas e
pessoas pelo país. Muito bonita, parece mesmo um portal para o século XIX.
Depois fui conhecer a Mesquita da Baixa,
bem maior do que a que eu havia visto durante a semana. Entrei, fiquei um pouco
na ante sala e saí.
Estação Central de trem de Maputo |
Almocei
um peixe à Zambeziana, com molho de coco.
Zambézia é um Estado, ao norte de Maputo, no centro do país, com uma culinária
considerada patrimônio nacional e tem exatamente no leite de coco feito na hora
sua característica marcante.
Passei
a meia tarde no quarto e de noite fui com amigo moçambicanos ver o final da Champions League em um bar, o Beergarden.
Muito bom, a galera estava animada, parecia que a partida envolvia times locais.
Deu Real Madrid, nos pênaltis.
Casa Pandia, por fora. |
Casa Pandia, por dentro. |
Em Frente à Casa Pandia,vários costureiros prestando serviços. |
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