Passeio na Orla, ao lado do Índico. |
Ontem amanheceu chovendo. O trabalho começou
com visita a potenciais espaços para a comercialização de produtos orgânicos em Maputo. Meu esforço é readequar meu chip
para trabalhar com a escala possível aqui, neste momento. A produção e consumo
de orgânicos é incipiente, e o contexto não é muito favorável. Depois da
visita, uma breve reunião com parte da equipe para conversar sobre minhas impressões e
sugestões. Foi um bom dia de trabalho.
Com o Stelio e o Paulo, dois amigos moçambicanos, no bar da piscininha, conversar e comemorar o aniversário do Paulo |
Caminhei um pouco durante o breve entardecer e,
por volta das cinco e meia, o dia se cobrindo e a lua cheia estampando o céu,
fui a um bar que eu já conhecia e do qual guardei boa recordação. Chama-se
Loirinha. Ao visitar pela segunda vez uma cidade, é quase inevitável voltarmos
a pelo menos alguns dos lugares que estivemos na primeira vez. Não apenas
por havermos gostado, mas também por uma busca de, vendo o visto, nos sentirmos
em casa, confortáveis.
Hoje segui no mesmo diapasão, de ver o visto.
Ao menos pela manhã. Passei outra vez pelo mercado Janet, que de novo me
surpreendeu por seu tamanho e pela diversidade das bancas/produtos. Conversei
um pouco com o dono de uma banca de cabelos. Segundo ele, naturais, e de fato
pareciam, provenientes da Índia. Que viagem... em todo o mercado são dezenas
destas bancas e seguramente são milhares de cabelos. Não comprei nenhum.
Cena urbana - Maputo |
Segui caminhando até a "baixa", o
centro da cidade. Ali fui no Mercado Central, que como todos mercados públicos
hoje em dia, tem mais produto industrializado do que fresco, mais coisas de
fora do que locais. Mas a arte é apurar a vista e ver o diferente. Em uma das
bancas, um senhor me fez provar uma semente de moringa, planta medicinal que
segundo ele é indicada para mais de trezentos diferentes problemas. Fui na
internet, a planta é a moringa oleífera,
e de fato usada desde sempre como medicinal, recebendo o apelido de milagrosa. Só
com a sementinha que provei já me sinto outro. Ou talvez seja efeito mesmo dos
dois expressos que acabo de tomar no Bella
Madallena, restaurante no qual da outra vez que passei um sábado aqui tomei
um café e fiquei escrevendo. Exatamente como agora. É um truque. Ativar o
sentido de pertença neutraliza a solidão.
Expresso no Bella Madallena. |
Depois do café, provei mais uma dose do
conhecido, comprando capulanas na
tradicional loja Elefante e fui ao novo. Comprei um livro da Paulina Chiziane, prestigiada escritora
moçambicana, no shopping Maputo e fui passear um pouco pela orla. É bonito
estar ao lado do Índico. Tão bonito que resolvi almoçar com sua companhia, no
mercado de peixes. Como é comum nestes mercados, é possível comprar o que se
quer e pedir aos restaurantes locais para preparar. Fui de camarão, como
sempre. Comprei os pequenos, que eram grandes. Razoavelmente preparados, o
ambiente em frente ao mar estava melhor do que a comida. No conjunto um belo
almoço, que terminou depois das cinco, ou seja, quase noite.
Aí foi caminhar um pouco para ver o fim do dia
sobre o Índico e pegar um táxi rumo ao hotel. Cheguei as seis e nem pensei em
sair de novo. Entre trabalhar um pouco, ler e escrever, se foi a night e o sono chegou.
Não tenho nem ideia do que farei amanhã. Amanhã
vejo.
Uma parte de uma das muitas bancas de cabelos. |
Mercado Central de Maputo. |
Onde comi, no Mercado de peixes. |
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