Debate de hoje no Congresso Mundial de Agricultura Orgânica |
Ontem e hoje foram dias de trabalho aqui na Índia. Em
atividades dentro do marco do Congresso Mundial de Agricultura Orgânica.
Momentos de mais trabalho e menos passeio, nem por isto pouco agradáveis. Pelo
contrário, rever pessoas com quem já tive oportunidade de trabalhar em outros
momentos e conhecer novas, conversando sobre aspectos da realidade do desenvolvimento
da Agricultura Orgânica em diferentes lugares do mundo é bastante prazeroso.
Tradição indiana no Congresso - Tecelões de fio de algodão |
Hoje no Congresso cumpri a tarefa que me trouxe aqui. Uma
breve participação em um debate sobre as formas de garantir a qualidade do
produto orgânico, dentre elas os Sistemas Participativos de Garantia. O bom é
ver como este assunto, marginal há dez anos atrás, é hoje uma realidade em mais
de cem países do mundo e com muita presença nos eventos internacionais.
Como não gosto de falar inglês, possivelmente por falar mal,
minhas intervenções neste caso são curtas. E tento usar frases que possam de
alguma forma ficar. Uma delas hoje foi que o mundo da Agricultura Orgânica está
precisando de menos regras e regulamentos e de mais amor. Quem sabe esta onda
pega?
Feira de sementes |
O mais interessante do dia foi visitar a Biofach Índia. A feira mundial de produtos orgânicos, Biofach, que acontece todos os anos em
Fevereiro, na Alemanha, tem suas edições regionais. Uma delas é na Índia e não
por coincidência está sendo organizada junto ao Congresso. Muito melhor do que
ouvir palestras é visitar os estandes com produtos orgânicos oriundos de várias
partes do mundo, mas principalmente de diferentes regiões da Índia. Só lamento
que a estética da Feira é a mesma da Alemanha. Imagino que com o desejo de
conferir uma identidade visual à Biofach,
a opção é por ela ser igual em seu desenho em qualquer parte onde é realizada.
Perde a própria feira que não aproveita as identidades estéticas locais de
países como Brasil, Índia ou China. Mas imagino que os organizadores não
concordam com esta minha última frase.
Geodésica demonstrativo |
Menos mal que organizaram em um espaço na entrada uma feira
de sementes e variedades locais. Esta sim, com menos rigor importado e com mais
cara de estarmos na Índia. No espaço exterior, sobre o gramado, uma espécie de
tenda, chamada de Geodésica, busca demonstrar técnicas e hábitos locais relativos a adubação, plantio,
construção e alimentação.
Por falar em comida, só vou dizer que estou no céu. A
culinária indiana é a minha favorita, e estou me deliciando com a orgia de
temperos que está presente em cada prato. Aqui no Congresso temos as refeições,
todas locais e orgânicas, servidas em bandejas e pratinhos feitos com material
natural facilmente decomposto, além de colheres e garfos de madeira leve. Isto
sim é luxuoso. Aliás, nestes três dias aqui na Índia vejo o luxo e a pobreza
muitas vezes de mãos dadas. Não estou falando do fato de ser um país de
contrastes, ainda mais do que o Brasil, com a opulência de poucos convivendo
diariamente com a pobreza de muitos.
Agricultores descansando |
Falo na pobreza que expressa seu luxo na
qualidade da comida, na gentileza do chá oferecido, nas cores das roupas, no
sorriso em meio à adversidade. Sim, posso ver isto em outros lugares, e vejo,
mas aqui parece ainda mais nítida esta equação poética que coloca o luxo no
mesmo lado da miséria. Definitivamente a Índia é um luxo.
Sensacional, Romeu! Que experiência maravilhosa estar nesse lugar especial. E como um renascimento a cada dia. Aproveite!
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