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sexta-feira, 8 de julho de 2011

Guatemala - 08 de julho de 2011.

Oito e meia da manhã, pelo terceiro dia consecutivo continuamos o debate sobre a Construção de Territórios. O tema é realmente amplo e as dezenas de organizações reunidas, de oito diferentes países, sentem em cada uma das suas realidades as dificuldades em fazer frente aos interesses que buscam recursos em seus espaços, para atender ao consumo global. A população indígena da Guatemala, por exemplo, que de acordo com a perspectiva pode chegar a 80% da população total do país, enfrenta hoje  cerca de 450 conflitos em diferentes territórios. Conflitos por água, minérios, terra ou outro dos mal denominados recursos naturais. O Seminário terminou com um vídeo sobre a expulsão de uma etnia indígena de suas terras, feita por um engenho privado, a partir de uma ordem judicial de re-integração de posse. Sai indígena produzindo alimento, entra engenho produzindo combustível. Duro. Mais forte ainda ouvir um indígena falando que o temor dele é que aqui se passe o que se passou nos EUA, onde quase todos os indígenas foram massacrados.
   Na hora do almoço fugi para o Mercado Central, um mercado que vende artesanato, comida, chás, roupas e muito mais. Fica bem no Centro da cidade, a uma quadra da praça central. Já havia ouvido falar que a Guatemala é um dos países que mais exportam artesanato para todo o continente, junto com o Equador. Hoje, pude confirmar isto. Já não tenho paciência para comprar artesanato latino-americano, viajei muito pelo continente e tudo se repete muito. Me divirto mais buscando coisas diferentes, originais, mas isto exige um tempo que hoje não tive .
    Na volta uma loja muito curiosa chamada, bem a propósito, Armazém Miscelânea. Parece que é especializada em vestidos de noivas, mas vende também copos de coca-cola, ursos de pelúcia, Bíblias, relógios de parede. Tem toda uma prosa que pode ser feita aí, mas não me sinto preparado para fazê-la... mas passa por um senso estético muito próprio, fruto de uma mescla entre os gostos dos povos indígenas, dos negros, dos povos ibéricos. Estes últimos, por sua vez, com uma forte influência do Flamenco, ao menos a maioria dos que chegaram à América. Não sei se me faço entender, mas isto pode ser visualizado, por exemplo, em um bar onde vemos uma imagem santa, ao lado de uma bandeira de um determinado lugar ou pais, umas frutas de plástico, uma foto do tio e uma flâmula de algum clube. Tudo isto e mais em 40cm de prateleira. As Festas populares, particularmente as religiosas, também expressam esta estética a que me refiro. Não me chama a atenção pelo kitchie, que é o que salta a vista no primeiro momento. É mais que isto. Uma espécie de desordem coerente que ela expressa em diferentes lugares e países. Minha pergunta é: de onde vem esta unicidade? Mas não falo mais nisto, para não falar mais besteira! 
Fui obrigado a fugir duas vezes do seminário para acompanhar um pouco pela net o jogo do Botafogo. Empatou com o Atlético Goianiense... brincadeira!!!
Cienpuertas
De noite, para não repetir a janta no hotel, fui buscar algum lugar fora para comer algo. Fui com uma amiga da EED, agência que me convidou para estar aqui, e um amigo Chileno, que vive na Costa Rica e também está no Seminário. Encontramos um lugar chamado cien puertasEstá localizado na Pasaje Aycinena na calle nona, entre a  sexta e sétima avenida da Zona um. Uma espécie de vila, entre duas ruas, com uma arquitetura colonial bonita, razoavelmente conservada e que reúne uma série de bares e restaurantes. Comemos, ouvimos música, tomamos algo e descobri que meia-noite fecham quase tudo nesta cidade e não se pode mais vender bebidas alcoólicas. Possivelmente pelo problema da violência.
Amanhã regresso para minha casinha... mas chego apenas no sábado! Fui. 

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