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quinta-feira, 7 de julho de 2011

Guatemala - 07 de julho de 2011.

O Seminário que fui participar
Hoje foi dia de trabalho. Estivemos no seminário por dez longas horas. Definitivamente me cansam estes espaços com mais tendência às analises de conjuntura do que a olhar ao futuro. Usamos nosso tempo para descrever a realidade que queremos mudar, deixando de lado uma elaboração sobre para onde queremos ir e como podemos chegar lá. Enfim, acho que a esquerda em geral, e a latino-americana em particular, vai levar algum tempo para deixar de se comprazer nestes tipos de espaços e discussões. Pretendo cada vez mais me incluir fora disto.
Vista do Centro da cidade
Por sorte tive tempo de sair um pouco, na hora do almoço. Fui à mesma praça central que fui outro dia, mas com a vantagem de desta vez estar acompanhado por um Guatemalteco. Vou comentar apenas duas das coisas que aprendi com ele.
 A primeira específica sobre a Guatemala, ainda que em alguma medida aplicável a países como El Salvador, Peru ou Colômbia. No fim dos anos cinquenta começa a guerra civil por aqui, com um grupo de esquerda buscando o poder através da força, da luta armada, da guerrilha. Como resposta o Governo coloca o exercito para combatê-los. Por diferentes razões alguns anos depois surge um grupo de paramilitares que se propõe a defender as comunidades dos guerrilheiros. Estes paramilitares tinham relações com as oligarquias rurais que pretendiam manter suas terras e, porque não?, aproveitar a oportunidade para obter alguma vantagem com o conflito. O exército também passa a usá-los, já que os paramilitares podiam atuar de forma mais livre das amarras legais que regem uma forca estatal.
 No meio dos guerrilheiros, militares e paramilitares, a sociedade civil. Principalmente camponeses e indígenas, isolados em suas comunidades ou pequenas cidades, mais rurais do que urbanas. Sacaram? Tentem se colocar vivendo em uma comunidade desta, sabendo que todos os jovens, homens, de quinze anos seriam recrutados, sem a opção de se negar, por alguma destas forças. E isto durou quase quarenta anos, com o acordo de paz sendo selado apenas em 1996. Sobrou um pais destruído, fortemente armado, violento, com poucas oportunidades econômicas e com a maior parte da população tendo historias tristes para contar de quantos morreram na família, as vezes de maneiras particularmente trágica. Imaginem a dificuldade de reconstruir um país a partir de um quadro como este. Fiquei com vontade de ter tempo de conhecer um pouco mais esta realidade. Outra vez será.
Igreja Matriz, em frente à praça
 A segunda coisa que nos contou foi sobre a disposição da praça e isto não se aplica apenas a Guatemala. Segundo ele, todas as praças localizadas no centro das cidades coloniais tem ao seu redor a representação dos três poderes: a Igreja, o Estado e o Comércio. Nunca soube disto, mas realmente sempre estão ao redor das praças a Igreja, a prefeitura ou governo do Estado ou País e lojas comerciais. Interessante saber que isto é uma herança da Idade Média, quando a vida cotidiana girava em torno do comércio e da fé cristã. Bom, depois vem a Revolução Industrial, o eixo do poder muda. Mas a tradição arquitetônica das praças matriz se mantem. 
 Terminei o dia tomando um rum com meu amigo costarriquense Manuel Amador. A Guatemala tem um dos runs mais famosos do mundo, o Zacapa. Delicioso, para tomar puro, sem gelo. Mas isto o mastercard paga. Ter amigos em diferentes lugares do mundo não. É um dos privilégios da minha vida.
 Vou dormir, amanhã é meu último dia de trabalho por aqui, já voltando pra casinha depois de amanhã.

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