Quase dois anos depois, volto a fazer uma viagem internacional. Nesse
momento que, desejamos, seja do desfilar da retaguarda da COVID 19.
E a ousadia de viajar
nesse momento, com variantes de nomes gregos rondando por aí, se justificou
para mim por duas razões. A primeira por ser a trabalho, a segunda por ser em
São Tomé e Príncipe. Pela terceira vez estou nesse simpático país do Continente
Africano, que de continente tem pouco, já que está fincado no meio do Atlântico
e rodeado de água por todos os lados.
Estou aqui convidado
pela Ifoam - Organics International, para colaborar em um curso de cinco dias
de duração, sobre Agricultura Biológica. Cheguei ontem à noite e fui jantar no Papa Figo um dos bons restaurantes de São
Tomé. Peixe grelhado e banana frita… pensa… para acompanhar uma Rosema, a
cerveja local.
O curso começa segunda, mas hoje, sábado, 24 de julho, foi dia de visitar uma roça. Fui com meu amigo Carlos Tavares, meu anfitrião aqui da ilha, visitar sua lavoura de baunilha. Bacana, né? É sim.
A Baunilha, nome
científico Vanilla planifólia, é uma planta
que vem do que hoje é México e de outros países centro americanos. É tipo uma orquídea
trepadeira. Os frutos são vagens de 10/15 cm de comprimento e exalam aquele
odor e sabor característico, que vem de uma substância que se chama... Vanilina!
Mesmo tendo a indústria aprendido a fazer vanilina sintética, a natural segue
muito procurada, fazendo com que a baunilha seja um dos três produtos agrícolas
mais caros do mundo.
Depois de ver sua lavoura de baunilha, cultivada sob uma pujante floresta tropical, fomos ver outros lugares interessantes, na parte sul da Ilha. Um deles a Roça São João de Angolares. O termo “roça”, nesse contexto, significa as antigas propriedades portuguesas, com lavouras extensivas e mão de obra africana, no caso de São Tomé, principalmente oriunda de Angola. Essas propriedades têm suas casas grandes, senzalas e estruturas de apoio. No caso específico da Roça São João de Angolares, ela foi transformada em uma pousada e restaurante, de propriedade do ativista cultural, artista e cozinhador, segundo sua própria definição, João Carlos Silva. Bom, que lugar, que comida, que bom papo com o proprietário... claro que aproveitei e deixei com ele um “Vozes da Agricultura Ecológica”... achei que tinha tudo a ver e presenteei com muito prazer.
Sobre o menu, foram
vários pratos degustação antes do principal, seguido de duas sobremesas, tudo
muito bom, com uma mescla (fusion?) do local e do global que só os grandes
chefs sabem fazer. Já havia estado nesse restaurante e gostado tanto que
pretendia mesmo voltar. Que bom que foi logo no primeiro almoço desse meu
regresso a essa ilha, que sigo achando para lá de interessante.
Teria mais para
contar... mas vou deixar algumas fotos com legendas contando de outros lugares
em que fui hoje.
Para terminar, vou
dizer que não posso negar que viajar nessa época está diferente. Minha sensação
é que a diferença não está na máscara de uso continuo (médio…) ou de outros
pontos no tal protocolo de segurança, cumprido de forma tosca, em todos voos e aeroporto
em que passei. Acho que a diferença é mais fruto do medo, da ansiedade, dos
meses de menos gente na vida de boa parte de nós, daqueles que vez ou outra
andam de avião. Inegável que buscar alegria do futuro está um pouco mais
difícil, ou no mínimo arriscado. Penso que a geração pós segunda guerra não
tinha vivido um momento de tanto receio do que vem… é interessante o peso que o
porvir joga nas nossas vidas. O presente complicado é aliviado na perspectiva
do futuro ameno. Se a perspectiva desse último nos falta, a ansiedade aumenta.
A tal ponto que, talvez por necessidade, estamos sempre projetando um futuro
melhor. Seja acreditando em Deus ou na vacina…
Bom, deixa para lá,
durante essa semana vou contando mais enquanto caminho por São Tomé!
Um dos pratos degustação - atum, saladinha de abobrinha, sementes de abóboras torradas... um pedacinho de abacate com geleia de maracujá, azeite e limão. |
Banana recheada com frango e bacon, feijão também com frango e bacon, um bolinho a base de amendoim |
Prato principal: marlim, grão de bico, batata doce assada, farinha de mandioca |
Uma das sobremesas: banana bêbada, com cacau, geleia, e mais... que eu não lembro! |
uma das construções de uma "Roça", nesse caso abandonada... |
Rapaz fiquei aqui a imaginar comestes tudo isso no almoço!!! Ainda bem que as visitas foram antes.. boas andanças a este país que sonho conhecer
ResponderExcluirCaminha Conversa Come Canta mas Continua Contando e enCantando. Só Agradeço 🤗😉😍
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