Com técnicas e agricultoras, nas machambas. |
Vou me embora de Maputo. Não é uma Passárgada, mas deixa
saudades. Estou aqui no aeroporto da África do Sul, já rumo à casa. Tudo
correndo bem, serão exatas 24 horas entre ar e terra.
Selo que vai começar a ser usado por aqui. |
Ontem passei o dia em uma reunião de avaliação da minha
consultoria e apresentando à equipe da ESSOR meu relatório, já finalizado e
entregue, duas semanas antes do prazo. Levar relatório para fazer em casa só em
casos extremos, não é recomendável. De minha parte foram dias muito agradáveis
de trabalho. Pelo que ouvi na avaliação, para eles também foi agradável, e,
mais importante, útil.
Depois do trabalho, caminhei um pouco, próximo ao hotel.
Voltei à Feira Janet, aquela que vende de um tudo apenas para passar o tempo e gastar meus últimos meticales, a moeda local. Comi de novo
camarões, sempre deliciosos, no Assador
Típico, restaurante português que fica no início da Av Karl Marx. Às sete da noite já estava no quarto, arrumando
malas.
As mulheres, nas machambas. |
Nestes 15 dias que passei em Maputo meu aplicativo me avisa
que caminhei 84 km. A maior parte pela cidade. Ela não é exatamente bonita, com
exceção da praia e de poucos parques municipais. Os traços que ainda guarda da
arquitetura portuguesa estão em sua maioria descuidados. A arquitetura
contemporânea navega entre a pobreza, edifícios pouco cuidados e casas enormes,
protegidas por muros, grades e cercas eletrificadas, que não nos permitem
apreciar sua beleza, se é que existe. A maior parte de suas ruas são escuras de
noite e sujas de dia. Com esta descrição pouco lisonjeira, pode parecer curioso
que ainda assim eu goste de caminhar por Maputo. Acho que me sinto recompensado
pela gentileza e alegria de sua gente, sua comida rica em origens, aromas,
cores e sabores, e pelo visual das mulheres e suas capulanas. Elas são, sem dúvida, o melhor de Maputo. Muitas vezes
carregando crianças enroladas ao corpo por seus tecidos coloridos ou água,
trouxas ou tabuleiros na cabeça. Sempre eretas, esguias, suas condições de vida
não são suficientes para curvar sua elegância.
trabalhando... |
Viajar para lugares e culturas distantes é sempre
interessante. Considero vir à África um caso à parte. Não sei precisar porquê.
Talvez a identidade cultural com o Brasil, tão influenciada pelo povo Africano.
Pode ser também por ver de perto uma situação de pobreza com a qual me sinto, e
deveríamos nos sentir todos, com uma parcela de responsabilidade. De certa
forma quem tem ascendência europeia é signatário da trágica Conferência de
Berlim. Ou pode ser apenas porque viemos todos daqui. Nós que em um excesso de
estima própria nos auto proclamamos homus
sapiens sapiens, tivemos nossa origem aqui, na Mãe África.
Como veem, não sei porque, mas estar na África é sim um caso
à parte. E tem uma natural densidade, nos deixa reflexivos.
Bom, o voo me chama. Voltar faz parte da viagem.
no campo |
pilando cana de açúcar, para usar como biofertilizante |
Este teu trabalho é, por si só, uma bênção de Deus . Que dê cada vez mais frutos! Bom retorno!
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