Apresentação do livro de estatísticas. Na foto as autoras, Julia Lernoud à esquerda e Helga Willer no centro. |
Passamos
o dia hoje na Biofach. Fazendo o de sempre. Vendo a enorme variedade de
produtos orgânicos,
provando, conversando e aprendendo.
O
destaque do dia fica para a apresentação sobre estatísticas e tendências da
agricultura orgânica. Este trabalho é apresentado todos os anos aqui na Biofach
e é disponibilizado através de um livro organizado e editado por Fibl (www.fibl.org/en/homepage.html).
O deste ano tem um pequeno artigo meu sobre a Agricultura Orgânica no Brasil.
Falando
dos números que ouvi. Os dados são de 2014 e foram coletados em 172 países de
todos os continentes. A área com agricultura orgânica no mundo neste ano era de
quase 47 milhões de hectares. Para ter uma ideia, em 1999 eram onze milhões de
hectares. Em 15 anos a área mundial cresceu mais de 300%. Só de 2013 para 2014
foram 500 mil hectares a mais com produção orgânica. A Austrália, com mais de
17 milhões, e Argentina com outros 3 milhões, são os dois países líderes em
área certificada. Como um percentual grande destes valores é com pecuária super
extensiva, considero o primeiro lugar de verdade o terceiro da lista, os EUA, sempre eles, com 2,2
milhões de hectares certificados como orgânicos. Vale ressaltar que o número
norte americano é de 2011. China com 1,9 e Espanha com 1,7 milhões ocupam o
quarto e quinto lugares. Pensando no tamanho dos países este quinto lugar da
Espanha chama a atenção. Brasil com seiscentos mil hectares está em 12 lugar.
Deixa eu salientar que temos muitas dificuldades em obter números precisos no
Brasil. Se minha memória não me engana, já apresentamos
número maior que este. Contraditoriamente isto não significa que a área
diminuiu de fato, mas sim que estamos mais cuidadosos ao apurar os números.
Mais
ou menos 1% da superfície cultivada no mundo é dedicada à agricultura
orgânica. Mas existem onze países com mais de dez por cento da sua área sob
esta condição. Exemplos? Itália com 10,8%; Suécia com 16,4% e Áustria com 19,4%
de suas áreas de produção agropecuária certificada como orgânica. No livro lançado
hoje o Brasil aparece com 0,3% de nossa área como orgânica, o que nos coloca
fora dos cem primeiros países deste ranking. Triste numero, ainda mais para quem
é o campeão mundial no uso de agrotóxicos. Ainda sobre as áreas cultivadas,
quatro países aumentaram este número em mais de 100 mil hectares de 2013 para
2014. Uruguai com 376 mil hectares a mais certificados, Índia com 210 mil, Russia
e Espanha com pouco mais de cem mil cada um.
Sementes ogânicas de hortaliças. Que inveja... |
Falando
sobre o número de produtores orgânicos, neste quesito a terra de Gandhi pula na
frente. São 650 mil, seguido de longe por Uganda com 190 mil, México com 170
mil, Filipinas com 165 mil, Tanzânia com 148 mil e Etiópia com 136 mil. Estes
são os seis primeiros e os únicos com mais de cem mil produtores orgânicos. Estes
países além de muito povoados possuem uma presença marcante de pequenos produtores,
familiares. E com produtos com forte apelo no mercado internacional, como
arroz, banana, cacau e café. No caso da Índia e do México, também existe um mercado interno, incipiente mas em expansão. No Brasil o livro aponta para 12 mil produtores
certificados em 2014. Este numero hoje já está acima de 15 mil.
Cansei
de números, amanhã falo do volume do mercado no mundo e em diferentes países.
Fora
os números, como comecei dizendo nesta postagem, o bom aqui é caminhar pela
feira, ver produtos, provar-los, conversar, ver as embalagens, e,
principalmente, observar se há algo diferente a ser observado. Hoje vi muitas coisas lindas, gostosas e algumas interessantes, mas vou aguardar mais uns dias para falar em novidades e tendências, para não me precipitar.
São
dez horas e faz frio aqui no meu modesto Hotel Garni. Hora de dormir.
Ana no stand da COOPFAM, Cooperativas de cafeicultores familiares do Sul de Minas, Brasil. |
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