Hoje foi mais um dia intenso de trabalho. Saí
cedo e fomos visitar mais produtores/as nas suas machambas. Mais um dia de aprendizado. Vou tentar descrever a cena.
A paisagem é de uma várzea, grande, dezenas de hectares, ao fundo o rio. As
áreas de cultivos são muito pequenas, entre 500 e 1000 m².
Contiguas, uma do lado da outra. Então, o que vemos são dezenas de
trabalhadores, próximos, alguns são os donos da machamba e outros os seus funcionários. Sim, mesmo em áreas tão pequenas,
ainda se dão ao luxo de contratar trabalhadores. Em países pobres, com excesso
de mão de obra, sempre tem alguém mais pobre que aceita trabalhar por um valor
que o contratante acha que vale a pena para que ele próprio possa trabalhar
menos. No Brasil acontece o mesmo, ainda que cada vez menos.
Georgina, agricultora, na sua machamba |
Voltando ao visual, é uma grande
área, com muita gente trabalhando, mosaico de hortaliças (predominando alfaces e
couve, mas também vi beterraba, cenoura, vagem, ervilha, nabo, brócolis, etc.) e
suas cores, céu azul, calor. Me fez ir a cenas de filmes que se passam na Índia
ou aqui mesmo na África. A parte triste é o forte uso de
agrotóxicos. Por exemplo Tamaron, um inseticida nefasto e proibido em vários
países do mundo. As indústrias químicas navegam pelo planeta com uma lógica que
pode ser resumida assim: quanto menos
leis e presença do Estado, mais eu me divirto. Lamentável. Quer outro
exemplo? Em vários países da África, Moçambique é um deles, é permitido DDT
para controle da Malária. Questão de saúde pública, brada a indústria e seus
prepostos. Na real, sabemos todos, interesses escusos de mercado. Outra vez,
lamentável.
De tarde, outra vez, foi no
escritório. Ontem ouvi sobre o projeto desenvolvido aqui, hoje foi meu dia de
falar, sobre produção, comercialização e certificação de produtos ecológicos.
Fim do dia e resolvi flanar por
Maputo. Não me dei bem. Difícil, não conheço a cidade, e ela não é exatamente
bonitinha... acabei desistindo, pegando um táxi e indo a um restaurante
indiano, para salvar o passeio. É de onde estou escrevendo, tomando uma cerveja,
comendo meu Garlic Naan (pão típico
indiano com alho) e um cabrito com curry
e pimenta. Segundo o cardápio apenas para estômagos fortes! Nem tanto.
Depois do restaurante tomei um sorvete italiano na mesma rua do restaurante, a A. Julius Nyerere, nome do primeiro presidente de Moçambique, e saí buscando
um táxi. Não achei e decidi voltar caminhando. Uns três quilômetros, à noite,
sem conhecer a cidade, perguntando na rua. Tranquila Maputo, gostei.
Reuniãozinha no campo |
Laércio por aqu até pouco tempo couve era pulverizada (e muito) com tamarom também. Espero que tenha acabado. Fica ai a semente do SPG. Abraço
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