Com as pessoas com as quais trabalhei - equipa de Essor e Asas de Socorro |
Hoje terminou o trabalho, com uma reunião de avaliação e perspectivas. Ouvi que eles gostaram muito das atividades realizadas, o que é sempre agradável aos ouvidos. Coloquei que estou à disposição para sanar qualquer dúvida que venha a surgir à partir de tudo que falamos durante esses dias. Ouvi também que irão buscar recursos para um retorno meu. Veremos! Seria legal, sei que uma segunda vez é mais produtiva, já se chega com algum conhecimento do contexto.
Agora, deixa eu contar do fim de semana. Sábado,
foi dia de feira. Feito do projeto com o qual vim aqui trabalhar. Uma feira de
produtos agroecológicos, nome dado pelos financiadores franceses. De produtos
naturais, no explicar das mulheres produtoras, quando anunciavam a qualidade do
que ofertavam aos eventuais consumidores (a maioria, mas não todos, brancos,
expatriados, para usar o termo normalmente utilizado). A feira não pode ser
mais modesta. Uma banca com não mais que trinta ou quarenta quilos de produtos
sobre ela, entre beringela, tomate, nabo, cenoura e algumas coisinhas mais.
Completavam a oferta alguns temperos, alface, couve e uns vidros com conserva
de beringela. Ficaram ali umas quatro horas para vender tudo, ou quase tudo.
Esse meu relato não traz uma crítica ao pouco volume comercializado, estou apenas descrevendo. Afinal, o mercado de produtos orgânicos é mesmo modesto. Podemos pensar em uma boa feira, nossa, no contexto brasileiro. Sabemos como ela impacta positivamente muita gente. Mas… se comparamos com o vendido em um hipermercado na mesma cidade, percebemos nosso nível de insignificância no contexto do abastecimento. Sempre disse que trabalhamos, as ONGs, para dar exemplos e não produzir estáticas robustas. Para isso, é necessária uma revisão de legislações e políticas públicas, incluindo polpudos orçamentos. Podemos lutar para conseguir esse apoio, mas não temos esse poder de decisão.
Carnaval na Praça Império |
Enfim, tudo isso para falar porque, apesar de
modesta, valorizo a iniciativa: é um bom exemplo!
Depois da feira, almocei no italiano “Bistrô”, porque foi o que se apresentou, mas nada a ver comer em um restaurante italiano aqui… depois, uma longa tarde no ar refrigerado do hotel e de tardinha fui à praça Império, onde estava rolando uma aglomeração de carnaval. Foi legal ver a cena, muito legal, vou colocar fotos aqui. Mulheres e crianças, não vi tantos homens, com suas fantasias mais ou menos elaboradas. Muitas com representações das diferentes etnias locais, que são na casa de duas dezenas. Soube que o desfile de carnaval, parece que esse ano não teve, é feito por representantes dessas etnias, que vem de todo o país, e recebem subsídio do governo para isso, para essa festa pagã da qual o mundo cristão não conseguiu, ou não quis, se desvencilhar. Terminei o sábado no mesmo bar que fui na sexta, que agora aprendi que chama “O Barril”. Era para ter música ao vivo, mas não sei qual estrada ficou fechada, por causa do carnaval, e os músicos não chegaram…
Linda! |
Domingo, fui a uma feira de artesanato, com muitas
coisas em madeira, colares, pulseiras, vestidos e camisas com motivos
africanos. Comprei apenas uma escultura em madeira, de mulher, negra, alta, com
um vestido estampado com búzios e uma moringa d’água na cabeça. Uma forma de
levar o que mais me marcou nessa breve passada por Guiné-Bissau: as mulheres!
Almocei um belo cabrito ao forno no mesmo
restaurante de domingo passado, “A Padeira Africana”. Só por causa do ar
condicionado…
E domingo, no entardecer, a mesma aglomeração de
carnaval do sábado. Passeei, namorei a cena por umas duas horas, muito
interessante por sinal, e pouco depois das nove já estava no hotel.
Agora, segunda à noite, vi, brevemente, o movimento
do carnaval e vim, novamente, para o bar que se tornou o meu em Bissau: O
Barril. Vazio, cervejinha gelada, boa música. Adorei escrever aqui, e é aqui
que coloco o ponto final dessa minha última crônica da muito interessante
estada em Bissau, capital da Guine-Bissau.
Cena urbana... |
Na feira! |
Carnaval! |
As vendedoras de ostras |
Foliã... |
Carnaval |
A verdade com que escreves traz cor as coisas, calor à temperatura, som aos passos, e, uma singeleza de porquês surgem com meios sorrisos. Eu gostei disso. Gostei muito disso.
ResponderExcluir