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quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Huancayo, 12 de outubro de 2017.

Aspecto do XVII ENPE
Hoje passei o dia ao redor do XVII ENPE (Encontro Nacional de Produtores Ecológicos) da ANPE (Associação Nacional de Produtores Ecológicos). Acho que participei de uns oito destes Encontros. O primeiro deles em Cuzco, em 2005. Desde então contribuo com eles na implementação do seu Sistema Participativo de Garantia, metodologia de certificação à qual dedico parte do meu tempo. 
Certificados orgânicos sob a
metodologia dos SPGs
Acabo de saber que já foram emitidos cerca de 3000 certificados de produtores orgânicos avaliados por esta metodologia. Gratificante. Aqui no Encontro fiz uma palestra, ouvi outras, moderei grupos e me envolvi em reuniões paralelas. Intenso e tranquilo ao mesmo tempo. Sinto-me em casa aqui.
Na minha palestra, entre outras coisas, comentei sobre a agricultura ecológica ser vista como um ato de amor, e da importância de nos servir de atitudes amorosas como mediadoras de nossas relações sociais. Tenho curtido falar disto. Em tempos passados eu evitava mesclar aspectos que poderiam ser interpretados como religiosos em conversas de cunho mais acadêmico. Superei esta fase, ainda mais agora que há poucos dias uma amiga me disse que nunca houve briga entre ciência e religião, mas sim entre cientistas e religiosos...
Adoro as roupas delas...
O evento é aqui em Huancayo, uma cidade da serra Peruana, região de Jurin. Uma região que concentra parta da coca produzida no pais. Se fosse só coca para consumo humano nenhum problema. Ontem tomei um chá de coca, hoje já masquei algumas folhas, receita para mitigar os efeitos da atitude. Mas a coca produzida nesta região é também processada e o narcotráfico está obviamente muito presente. Infelizmente, realidade de todos nossos países latino-americanos...
 Huancayo não é tão turística como Cuzco, nem tão bonita quanto, mas estando em plena Cordilheira dos Andes guarda muito da cultura andina, nas roupas, comidas, músicas, danças... e isto por si só atrai turistas nacionais e estrangeiros. Infelizmente a Plaza de Armas, nome que tradicionalmente se usa para as praças principais das cidades de colonização espanhola está em obra. O programa típico de sentar na praça pra prensar na vida quanto se vê a Igreja, as gentes, os pombos e comer uma comidinha de rua não vai rolar desta vez
As montanhas que emncionei, ao redor da cidade.
A paisagem é peculiar, interessante. Fico mais à vontade em usar adjetivos assim do que por exemplo linda ou bonita. Não que não possa ser vista assim, mas as altas montanhas secas me despertam o desejo de ver as cores da vegetação. Aqui não tem. Ecossistema jovem, ainda em formação, com pouquíssima chuva e solos instáveis, nas encostas altas não cresce quase nada.
Obviamente este contexto têm consequências diretas na maneira de se obter alimento, fibras e lenha nesta região, e nas dificuldades inerentes no cotidiano em altitudes extremas, seus reflexos na dinâmica da vida, aqui mais escassa, na cultura e na saúde das pessoas. Povos de Montanhas, meu mais sincero respeito por eles.
Eu falando...
Mais um agradável dia de trabalho. Gosto mais quando vou a campo, mas este Encontro, com duzentos representantes de todas as regiões do país, é quase como ir a campo, dado a praticidade e concretude dos temas e formas de aborda-los. Sem sair de uma sala, de certa forma viajei por boa parte de um país tão vasto e diverso como o Peru. Dou Gracias a la Vida por este privilégio!!!

 
Papas a la huancayna, um dos pratos mais típicos do país!

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