Cidade velha de Nuremberg, entardecer. |
Hoje foi o último dia da Biofach. Um dia mais de passeio, com menos reuniões de negócio, mas
mesmo assim com boas conversas, observações e análises sobre a situação atual
da Agricultura Orgânica no mundo.
Maças e tulipas em um estande da Holanda |
Vou contar uma destas conversas. Uma das
características deste mundo da Agricultura Orgânica é a certificação. Simplificando,
posso dizer que a soma do desejo de evitar fraudes com o desejo de receber mais
por seu produto leva à esta necessidade. Eu particularmente sempre discordei
desta equação, por achar a certificação um trabalho com mais custo do que
benefício para o crescimento do setor, como alguns chamam, ou do movimento,
como outros, eu inclusive, preferimos chamar. Esta é a razão porque há 25 anos
trabalho com certificação participativa, um método que considero mais adequado
e que nós mesmos criamos no Sul do Brasil. Bem, tudo isto para lhes contar um
dado que me surpreendeu. O número de empresas certificadoras na América do
Norte diminuiu no último ano, de 223 para 193. Curioso, porque cresce o número
de produtores, o mercado, mas diminui o número de certificadoras. Se esta
tendência é mundial, isto pode acabar gerando mais distorções do que já temos
hoje, em termos de maior afunilamento no fluxo entre produtores e compradores
representado pelas empresas certificadoras. É verdade que nesta diminuição
estão incluídas algumas compras e fusões, mas é claro que este modelo de normas
restritas, certificações caras e obrigatórias terá que ser repensado.
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Estande da Dwersteg |
Outra conversa interessante é que a demanda
segue maior que a oferta. Ouvi isto de um pesquisador do mercado norte
americano e de outros aqui, mas também é o que percebemos no Brasil, mesmo nas
pequenas feiras que organizamos. A oferta cresceu muitíssimo nos últimos dez ou
vinte anos, mas nunca conseguiu alcançar a demanda.
Uma última coisa sobre a Feira. Na festa, meus
amigos Pipo e Maria, argentinos, me apresentaram um casal de alemães, Monika e Ludger Terriete. Hoje de manhã fomos ao estande deles. Fazem gin e
licores, os mais diversos e finíssimos, deliciosos (www.dwersteg.de). Um casal super gente
boa, hippies dos anos setenta, que mantém seu espírito jovem e todos os anos
alugam um moto home para viajar por
diferentes países. Conversamos muito, ficamos de nos visitar e conhecer melhor
o que cada um faz. Aqui tem disto, surge umas conexões muito interessantes, principalmente
entres aqueles que veem na agricultura orgânica não apenas um negócio.
E aqui termino o que foi possível contar desta
edição da feira.
Centro histórico (cidade velha) de Nuremberg |
No fim da tarde passeamos pela bonita e fria
Nuremberg. É uma cidade cheia de história, e é fácil perceber isto caminhando
pelo seu centro. Visitamos lojas, andamos pela cidade velha, compramos mostarda
local e terminamos entre um Pub Irlandês, onde vou todos os anos, o Finnegan’s, e o Barfuber, um bar restaurante enorme, muito tradicional, que fabrica
sua própria cerveja e serve comida local. Estávamos Ângela, Leandro, Ana e eu.
Excelente noite de despedida.
Amanhã, domingo, 19 de fevereiro, já é dia de
preparar malas e pegar avião de volta. Chega de contar desta viagem, e a
próxima nem sei quando ou para onde será.
Mostardas artesanais. hummm... |
Barfuber, no centro de Nuremberg. |