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Um dos tantos aspectos da cidade velha de Riga, à noite! |
A viagem de Tallinn para Riga, de ônibus, foi
muito agradável, com uma paisagem bonita. Considero a oportunidade de viajar
pelo interior dos países bálticos, vendo um pouco da paisagem rural, única.
Viemos na empresa Lux Express e a passagem custou 15 euros - ofereceram água e
um café que não tomei. Não tem parada para descer, comer ou ir ao banheiro,
foram 4h30 direto até o destino final.
Na verdade, não tão direto, porque entramos na
rodoviária de Pärnu. É uma cidade-balneário, muito bonitinha, com suas casas de
madeiras típicas e jardins bem cuidados. Todos os lugares pelos quais passamos
nesta viagem pela Europa nos despertaram desejo de ficar um pouco mais, de
conhecer um pouco melhor.
Chegamos em Riga às seis e meia. Rápido checkin no
hotel, o Pullman Riga, uma bela decepção, e fomos dar uma volta no Centro
Histórico. Uma terça-feira, imaginei algo meio burocrático, mas ledo engano. As
ruas estavam animadas, músicas em vários bares, gente caminhando, cervejas e
drinks nas mesas, muitos, mas muitos lugares convidativos. Fomos ao Duval, uma
cervejaria com opções superinteressantes. Pedimos um pão com alho, à moda
deles, um Camembert frito e uma vitela fatiada com molho de atum. Tudo
delicioso, mas muito bom mesmo, até essa insólita mescla de fatias de carne com
molho de atum. Tomamos uma cerveja belga e outra local, pint, servida em lindos
copos. Pedimos também, e nos deram, um entardecer às nove da noite, boa música
ao fundo, uma praça iluminada na frente, edifícios de contos de fada como
moldura. Que canto do mundo bonito e agradável é Riga.
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Detalhe de uma janela em estilo romano, no prédio mais antigo da cidade, século 13. |
No dia seguinte, ontem, começamos com uma visita
guiada pelo centro histórico. Marcamos pelo app da Civitatis, são gratuitas,
mas a gorjeta no final é meio obrigação. Foi bem legal, mas são tantas coisas
que o guia fala que depois de uma hora já estou casando. No fim, samba do
crioulo doido, troco tudo, fico sem saber de nada. Se vocês me ouvirem
explicando algo sobre Riga saibam que, provavelmente, estou misturando
estações!
Mas sim, vale a pena fazer essas visitas, nos dão
uma noção melhor do que estamos visitando e nos dão pistas de lugares para ver
e comer.
Letônia é um território que foi alvo de disputa durante os últimos 800 anos. Livre, livre mesmo, quase que apenas de 1991 para cá, quando se livrou do jugo da URSS. Antes, esteve ocupada por Russos, Suecos, Poloneses e Alemães. Como quem ganha a guerra é quem conta a história, esses últimos são reconhecidos como os fundadores de Riga, tal como a conhecemos hoje, cuja data de fundação é considerada no século XIII. O responsável por essa façanha foi um Bispo alemão, da cidade de Bremen. Veio para acabar com o paganismo, que imperava nestes lados, e impor o Cristianismo. Pagão, por definição, para os cristão, são os não cristãos. Não significa não ter religião… segundo as conversas que tive aqui, na idiossincrasia pagã do povo letão, a ligação com a natureza é a forma como eles se conectam com o que nós chamaríamos de Divino.
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Igreja de São Pedro |
A igreja que o tal Bispo de Bremen fundou é a
Catedral da cidade, linda e imponente por fora, relativamente simples por
dentro. Ao longo dos séculos, já foi Luterana, Católica, ortodoxa, umas e
outras vezes, dependendo do ganhador e da guerra do momento. Imagino Jesus lá
no céu feliz de ver as cabeças rolando em nome Dele. Como Ele já disse que
“haverá um dia que Deus será adorado em espírito e nãos nos templos”, fico
pensando se os pagões, os não cristãos, não estão mais próximos do Cristo
cristão do que os cristãos.
Mudando de assunto, a cidade é cheia de lugares
bacanas para comer ou beber. Vou contar os que gostamos, quem sabe pode ser
útil no dia que você decidir vir a Riga:
A padaria “Smilsu Pulkstenis”, que doces! O café “Parumāsim”, vale muito pelo ambiente agradável! O restaurante “Lido”, comida da Letônia exposta em buffet, onde você aponta e o cara serve. Fácil, simples e bom preço! O “Duval”, que já comentei acima. Vou citar também, como ponto de interesse, além das igrejas, da casa dos cabeças negras, do parlamento e do palácio do governo o Kronvalda parque. Nele, encontramos a Igreja ortodoxa da natividade. Muito interessante, tenho visitado algumas igrejas ortodoxas, e possuem uma estética interior bastante peculiar, além das cúpulas externas que são belíssimas.
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Casa dos Cabeças Negras |
Chamou minha atenção os muitos galos pela cidade.
Artesanatos, desenhos em paredes, cúpulas de Igrejas. Essa é uma forma dos
cristãos se identificarem, já que Jesus aponta que Pedro o negará três vezes
antes que o galo cante. Por diferentes razões, cristãos podem ver como oportuno
ou necessário substituir a cruz por um galo.
Vi também muitas janelas falsas. Sim, falsas,
pintadas na parede. Procurei saber porque. Adivinhem? Evitar impostos. Sim, a
Igreja/estado achou por bem, em dado momento, cobrar impostos pela luz de Deus
que entra nas casas. Achei justo! Para fugir deste imposto, as pessoas apenas
pintavam uma janela na parede. Achei justo também!
Também são muito buscadas para visitação aqui em
Riga duas estátuas! Uma do gato sobre o telhado. Está justamente sobre o prédio
da cervejaria Duval. Foi feita por um comerciante, que não foi aceito no clube
de comerciantes da cidade. Mandou que colocassem o gato em uma posição como se
ele estivesse cagando no prédio vizinho, sede do tal clube. Gerou insatisfação,
controvérsia e, ao fim, um acordo: virar a posição do gato, ele que cague na
cabeça de outro, para ser aceito no clube! Assim ficou!
Músicos de Bremen |
A outra estátua é dos músicos de Bremen. Lembram
da história dos Irmãos Grimm? Os quatro animais, burro, cão, gato e galo que
foram mandados embora d casa e resolveram virar músicos. Pois é! Como Riga foi
“fundada” por um Bispo de Bremen, recentemente a cidade alemã doou essa estátua
como símbolo da união dos dois povos. Você vai ver que o focinho dos animais
está mais brilhante. É porque alisar eles dão sorte!
Hoje de manhã fomos à dois lugares muito legais.
Primeiro caminhamos até a rua Alberta. Ela é o símbolo maior desta parte da
cidade, com muitos prédios construídos no estilo Art Noveau, na segunda metade
do século XIX. Linda!
O outro foi o bairro comunista. Achamos uma onda, as casas de madeira mais antigas, o imponente prédio mais alto da cidade, construído pela União Soviética para mostrar sua força e poder. Pode ser que tenha sido apenas o fato de estarmos sugestionados pelos fatos históricos, mas vimos decadência nas casas e mais pessoas envelhecidas nas ruas.
De lá retornamos caminhando e passamos pelo mercado de Riga, considerado o maior mercado da europa. São muitos galpões, construídos há cem anos, a partir de esqueletos de hangares de Zeppelins, isso mesmo, Zeppelins, já que parece que o alemão que o inventou, e lhe emprestou o nome, se casou com uma letã rica que financiou parte das suas invenções. Realmente impressionante o mercado central de Riga! Nos chamou atenção principalmente as flores, as frutas e os peixes! Mas tem realmente, como eu adoro ouvir, “de um tudo”.=Nos chamou atenção principalmente as flores, as frutas e os peixes! Mas tem realmente, como eu adoro ouvir, “de um tudo”.
Esse é o meu relato da inesquecível Riga, capital
da Letônia, um dos três países conhecidos como Bálticos. Não sei se volto, mas
mereceria uma outra visita.
Agora, no aeroporto, esperando o voo para
Cracóvia. Vamos ver o que nos espera em terras polonesas!
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Edifícios da época comunista, atualmente a Academia de Ciências da Letónia |
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Rua Alberta |
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Parque Kronvalda |
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Aspeco de Riga |
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Banca de flores no mercado d eRiga |
Riga! |
Casas de Riga |
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Quase todas as janelas desta casa são pintadas. |