![]() |
Igreja construída a 300m de profundidade - interior da mina de sal de Wieliczka |
Chegamos em Cracóvia e, do aeroporto, pegamos um
Bolt para o hotel, o excelente “The Crown Kraków Center”. Era tipo nove da
noite e, mesmo assim, nos dirigimos à principal praça da cidade, 1,5km, aqui
chamada de “Praça do Mercado”. Isso denuncia que a cidade é mesmo medieval,
porque, naqueles tempos, o local da praça era onde ocorriam as ações de
mercado, as trocas de mercadorias, tendo por mediação algum tipo de moeda,
cunhada ou de referência, ou apenas o escambo de produtos. Mas isso não ocorreu
apenas na Europa, o mesmo se sucedeu nos quatro cantos do mundo. Em cidades
antigas nas Américas, também conjugam praça central e mercado. Cusco e sua
praça de armas é um bom exemplo. Me parece bastante óbvio que assim seja, a
praça é, por excelência, o local da feira.
![]() |
Basílica de Santa Maria |
Eram quase dez da noite e a praça estava
iluminada, linda. Iluminada, linda e cheia. Aliás, que cidade cheia, ao menos
em seus pontos mais turísticos. Eu não sabia que Cracóvia se inseria no turismo
de massa, não esperava por isso. Nos surpreendeu e, confesso, não curtimos
muito. Jantamos pierogarnia (dumpling
polonês) e fomos dormir, eram quase onze da noite, bateu o cansaço! No dia
seguinte, sexta-feira, momento de bater ponto em alguns dos lugares que fazem
Cracóvia famosa no mundo do turismo. Saímos do hotel e pegamos uma reta em
direção ao bairro judeu Kazimierz.
Mas fomos aproveitando o caminho. Primeiro, outra vez, passamos na Praça do
Mercado. De dia, ficamos por ali umas duas horas, vendo o movimento, outra vez
muito cheia, a Igreja de Maria, a torre do relógio, o chamado mercado das
sedas, um conjunto de lojinhas que vendem artesanatos, e rumamos para a Igreja
de Pedro e Paulo. Nessa caminho, pausas para olhar algo do intenso comércio,
tomar um café ou comer uns obwarzanek,
umas roscas macias, formato semelhante ao pretzel, de sabores doces ou
salgadas, que são vendidas por todo lado. Da Igreja de Pedro e Paulo nos
dirigimos ao Castelo de Wewel. Fica
no alto da colina de mesmo nome e impressiona pela magnitude. Mas era tanta,
tanta gente, que optamos por voltar depois e… adivinha? Não voltamos… mas o que
vimos valeu, para visitar o castelo com dignidade precisa de tempo, não sei se
seria nossa prioridade!
Cardápio os "Zapiekanki". |
Seguimos até, finalmente, o bairro Kazimierz. Uma vibe mais descolada, com
uma pegada cultural moderna, feirinhas e paredes pintadas com gravuras ou cores
vibrantes - eu não sei porque vários bairros judeus que conheço, em diferentes
partes, tem esse clima. Ficamos andando para lá e para cá, percebendo essa
pegada que mencionei. Achamos um lugar com uma pequena feira e vários boxes
vendendo zapiekanki, um pedaço de
pão, torrado sem ser duro, com molho de tomate, mozarela e cogumelos. Esse é o
clássico. À partir daí, uma enormidade de sabores. Bom e barato, adoramos
experimentar. No mesmo local pedimos um suco de maçã exprimido, feito com um juicer, delicioso! Entramos na Sinagoga
de Isaac. São várias no bairro, escolhemos essa, pagamos 15 zloty cada um (uns
22 reais). Eu não tenho lembrança de ter estado em uma Sinagoga antes, achei
legal conhecer. Ambiente simples, cheio de significados que eu não tenho
cultura para extrair.
Voltamos, da mesma forma, caminhando. Neste dia, foram 20 km no total. Descansamos duas horinhas no hotel e regressamos para a Praça do Mercado, buscando uma cerveja e algo para comer! A cerveja tomamos em um dos bares ao redor da praça, mais cara, mas queríamos estar ali naquele movimento, pessoas passando, vendo o desfile das charretes feitas carruagens para turistas terem seus momentos de nobreza. Faz parte! Para jantar, elegemos o Gòscinna Chata. Comida tradicional polonesa de boa qualidade, gostamos do ambiente também. Recomendo!
![]() |
Turismo de massa e suas versões "Parque temático". Cracóvia não foge disso! |
No fim do dia, avaliamos que Cracóvia estava
médio. A cidade é bastante interessante, bonita, astral legal. Mas não curtimos
tanto, talvez por estarmos vindo de Tallin e Riga, duas cidades mágicas. Com
essa avaliação, resolvemos que deveríamos ir visitar a Mina de Sal, famosíssima
aqui. Acordamos cedo, tomamos o café da manhã no hotel, o que não fazemos todos
os dias, e pegamos a condução pública para Wieliczka, cidadezinha que abriga a
mina. Aliás, vale uma menção ao transporte público em Cracóvia: usamos algumas
vezes e adoramos. Muito fácil, uma rede de bondes elétricos, super modernos, só
entrar e pagar com teu cartão em maquininhas que estão tanto nas estações
quanto dentro dos bondes. Passagens custam a partir de 4 zloty.
![]() |
Galerias da mina: 200km... |
Pegamos um bonde até a estação de trem e de lá o
trem até Wieliczka. Em 50 minutos estávamos lá. Havíamos comprado o bilhete
pelo próprio site oficial da Mina. Custou 140 zloty cada, uns 200 reais por
cabeça. Lá é tudo muito bem organizado e rapidamente achamos nossa fila.
São poucos mais de 2km percorridos em quase três
horas. A guia nos leva até 300m de profundidade, descemos cerca de 800 degraus.
Não vou descrever a visita aqui, vou fazer dois comentários apenas. O primeiro
é que a visita vale pelo aspecto histórico, do aprendizado cultural, mas não é
aquele tipo de mina que se destaca pelas belezas naturais, mas sim pela
capacidade do ser humano de moldar a natureza para satisfazer suas necessidades
e se beneficiar. Realmente impressiona muito como exploraram essa mina, que
hoje está inativa. Para ter uma ideia, são mais de trezentos quilômetros de
galerias. O segundo comentário é sobre o sal. Que produto importante… caraca!
Por sua conta os seres humanos desbravaram terra e perfuraram pedras, criaram
verdadeiras cidades subterrâneas, forjaram riquezas e impérios. Incrível… nós,
brasileiros, estão acostumados com o sal marinho, mas ele representa menos de
10% do sal consumido no mundo. A maior parte vem mesmo de minas.
![]() |
Cervejaria House of Beer |
Regressamos a Cracóvia depois das quatro, a cidade
fervia. Resolvemos fugir do tumulto e ir a duas cervejarias. Uma a “Viva la
pinta”. Perto da praça, bacaninha, mas, na real, achamos mais ou menos. A
outra, “House of Beer”, adoramos, das melhores, vale a muito a visita!
Ficamos até oito da noite pela rua, ainda dia, e
regressamos ao hotel. Na passada, compramos um Kebab! Não resistimos… essa foi
nossa janta! Barata e delicioso!
Hoje saímos cedo para a rua, tínhamos pouco tempo.
Acertamos em ir até a praça do distrito de Podgorze, segundo dizem o autêntico
gueto judeu de Cracóvia. Foi criado pelo regime nazista em 3 de março de 1941
para “limpar” o centro da cidade. Fomos lá ver a monumento das cadeiras, uma
homenagem de Roman Polanski para lembrar os judeus que tiveram que sair de suas
casas levando seus pertences. Ainda passamos em frente a famosa fábrica de
Schlinder, história contada por Spielberg em seu famoso filme. Tínhamos ainda
umas horas e fomos até o monte de Krakus, de onde se vê uma vista panorâmica da
cidade. Esse programa foi médio, não curtimos muito…
Regressamos ao hotel e, daqui a pouco, pegamos um
ônibus FlixBus para Budapeste! Serão sete horas de viagem, saindo da Polônia,
cruzando a Eslováquia e chegando até a Hungria. Parece maneiro, né? De lá, eu
conto!
![]() |
Lago salobro no interior da mina de sal. |
![]() |
Aspecto da praça do mercado, uma das maiores de toda a europa |
![]() |
Órgão da Igreja de Pedro e Paulo |
![]() |
Sinagoga de Isaac |
![]() |
Na Igrja da mina, uma reprodução da ansat ceia, feita em pedra de sal. |
![]() |
Cracóvia e suas grandes áreas verdes |
![]() |
Aspecto das ruas de Cracóvia |
![]() |
Monumento das Cadeiras |
![]() |
Fábrica de Schlinder |