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Visual desde La Almendra |
Ontem saímos
de Santiago em direção ao Sul. Menos de uma hora e estávamos na parcela (o nome
que os chilenos usam para sítio, propriedade, granja, finca) de Mônica, uma
amiga chilena produtora de morango, arándano, aspargos, abacate, hortaliças, amêndoas e outras coisinhas mais.
Sua parcela fica na comunidade de Paina,
na região metropolitana de Santiago
Depois de
uma pequena reunião com alguns sócios de Tierra
Viva, a associação de produtores orgânicos que estaremos visitando esta
semana no Chile, fomos olhar seus cultivos.
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Estufa com hortliças, na parcela da Monica |
Mónica
entrou para Tierra Viva em 2010, pouco tempo depois de definir produzir de forma orgânica e viver nas
terras de sua família. Tierra Viva surgiu em 1992, com um grupo de 30 pessoas, entre
produtores e apoiadores. É a mais antiga agremiação de Produtores Orgânicos do
país. Nestes quase 25 anos, muitos saíram, outros entraram, e hoje contam com o
mesmo número, 30, de produtores certificados.
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Casa de Hugo e Marcela |
Nesta
reunião, Ramón, um dos técnicos que se envolve com Tierra Viva, mencionou que seu trabalho de manejo do solo se baseia
nos 3M - Matéria orgânica, Microrganismos
e Minerais. Gostei disto.
Conversando,
um outro sócio de Tierra Viva, Francisco,
nos contou que a produtividade de morango aqui no Chile nos últimos 40 anos
passou de 10 para 100 toneladas por hectare. Como? Tecnologia. Estou seguro que
uma mescla de tecnologias mais e menos limpas. Não sei dizer quanto os adubos
químicos e os consequentes agrotóxicos representam neste aumento. Eu diria que uma menor parte. Em outras palavras, acredito que com a
agricultura orgânica se pode/poderia obter um incremento de produtividade, se
não igual, ao menos semelhante.
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Detalhes estéticos: casca das amêndoas
servindo de caminho. |
Depois de
visitar Mônica e acompanhar o processo de certificação participativa feito realizado
pelo Francisco, fomos visitar o casal Hugo e Marcela, donos da empresa El Almendro, que como nos indica o nome
se dedica à produção de amêndoas orgânicas. Deliciosas. Aí almoçamos,
conversamos e outra vez participamos de uma visita de avaliação da qualidade
orgânica de sua proodução, desta vez feita por Mônica, responsabilizada por Tierra Viva para esta tarefa.
O lugar é
lindíssimo, e o bom gosto de Hugo e Marcela se nota no cuidado com cada canto
da propriedade e da casa, toda feita com grossas paredes de barro e uma
arquitetura que privilegia a paisagem que a circunda.
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Reunião com os representantes sdo SAG - Serviço
Agrícola e Gandeiro |
Hoje
amanheceu lindo, cinzento e com uma chuva fina. Quase frio. Este tempo
permaneceu por todo o dia. Pela manhã usamos o organizado metro de Santiago
para irmos a uma reunião no Ministério da Agricultura. Lá ouvimos uma apresentação
e ficamos sabendo da situação da agricultura orgânica por aqui. Segundo Cláudio,
o responsável na estrutura de governo por este assunto, tanto a oferta quanto a
demanda vêm crescendo nos últimos anos. Hoje são 130 mil hectares certificados
como orgânicos, sendo quase 90'% oriundo da coleta silvestre, de frutos como
maqui (aristotelia chilensis). Maqui
é uma frutinha original do sul do país, consumida ancestralmente pela etnia Mapuche, que também reconhecia as
múltiplas propriedades medicinais de suas folhas.
Uma boa
parte desta produção orgânica no Chile é exportada, principalmente frutas
frescas e vinhos.
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Conversa com Reinaldo, em sua casa comércio. |
Ainda
antes do almoço fomos ao pequeno comércio de um conhecido de muitos anos,
Reinaldo, que nos contou de sua trajetória de promotor da agroecologia no Chile
e das razões pelas quais optou por se tornar um comerciante de produtos
ecológicos.
O
almoço foi em um restaurante na calle Holanda, chamado La Fraternal e aí ficamos, até as seis da tarde, conversando com
representantes de organizações de produção ecológica sobre a realidade chilena na produção e a comparando com outros países latino-americanos.
E
ainda tivemos força para jantar no Liguria,
um bar – restaurante que fica perto do nosso hotel, o Íbis Providência. Gostei muito do lugar,
além da boa comida e do bom atendimento, uma decoração carregada, buscando reproduzir
o kitchie marcante de uma casa de pueblo chilena. E aí ficamos, entre
comidas e bebidas até as duas da manhã. Minha carruagem virou abóbora e eu nem
percebi...
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Um dos ambientes na El Almendro |
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Nosso almoço no campo |