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quarta-feira, 23 de novembro de 2011

La Paz, 20 de novembro de 2011

Loja de artesanato, Mercado de las Brujas
Cheguei nesta madrugada em La Paz, duas da manhã eu já estava no hotel. Bem localizado, centro da cidade.
O aeroporto fica na cidade de El Alto. Altitude de pouco mais de 4000 metros. Daí fomos para La Paz, que fica a uma altitude média de 3700m. Média porque a cidade é tão cheia de ladeiras, que a altitude pode variar muito de um local a outro. É um cidade não muito grande, pouco mais de um milhão de habitantes, tumultuada e desorganizada como a maioria das capitais latino-americanas. Muitos dos seus bairros periféricos estão incrustados nas  montanhas, bastante íngremes, e rodeados por montanhas ainda mais altas, pedregosas, sem vegetação. O toque de beleza fica pelos montes nevados que se destacam quando as nuvens permitem.
E aí, com esta altura toda, adivinha? Estou com o mal das alturas, ou sorocho, como eles chamam por aqui. Passei mal o dia todo. Os sintomas são dor de cabeça e mal-estar. A medicação indicada, chá de folha de coca. Tomei vários e não adiantou muito. O que me ajudou foi uma bala de coca, que comprei no Museu da Coca, um dos poucos lugares que visitei, em três horas de caminhada, as únicas que passei fora do meu quarto de hotel. O Museu fica no chamado Mercado de las Brujas que é um conjunto de ruas estreitas e inclinadas, onde pequenas lojas e ambulantes vendem artesanatos e algumas das oferendas usadas em seus rituais para a Pachamama ou Madre Tierra. Acho que posso dizer que a Pachamama é como a principal divindade da cultura Ayamara, que é a predominante por aqui. Dentre estas oferendas a que mais chama a atenção são os fetos de llama, que junto com as Alpacas e Vicunhas formam a tríade de Camelídeos característicos dos Andes. Eles são vendidos fossilizados, e eu não fiquei com vontade de comprar um não... quem sabe uso uma foto em minha oferenda...
Vista da janela do hotel, morros de La Paz
Voltando ao Museu, ali aprendi a importância da Coca para estes povos que habitam a Cordilheira dos Andes. Viver na altura não é moleza não. Por mais que os nascidos aqui possam se adaptar, a altitude, o relevo e o frio tornam mais difíceis as tarefas cotidianas e, porque não dizer, a própria vida. A coca é como um elemento muito importante para ajudar nesta adaptação. Normalmente o hotel ou o local que estiver te esperando te vai oferecer chá de coca ou folhas para serem mascadas. É possível comprar as folhas secas facilmente de ambulantes nas ruas. E elas devem ser colocadas na boca e levemente mascadas, formando um macerado que deve ficar entre a gengiva e a bochecha, facilitando a absorção da cocaína, um dos muitos alcaloides da coca. Calma gente... esta absorção é em doses absolutamente pequenas. Mas já serve como estimulante por um lado e anestésico por outro. E é isto que é usado por aqui há milênios, como eu disse para deixarem mais digeríveis as atividades diárias ou como apoio nos seus rituais. O fato de um ocidental ter isolado a cocaína, ela ter começado a ser usada em vinhos, refrigerantes ou remédios, depois ter virado droga e ser proibida é uma pequena parte da história da coca e tem apenas 150 anos.
Bom, amanhã conto mais da cidade. Hoje foi dia mais de hotel. E agora, vou me recolher. São ainda nove horas, mas me sinto acabado. E a semana será longa, o trabalho intenso.

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