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sábado, 29 de outubro de 2011

Equador, 29 de outubro de 2011.

Rios de Sangre, Guayasamin
Hoje passamos por um terremoto em Quito. Nada agradável. Eram pouco mais das nove da manhã, eu estava fazendo meu pipi matinal, sentado, que é como minha mulher me obriga, quando comecei a sentir o banheiro tremendo. Forte. Saí imediatamente do quarto e desci correndo as escadas seminu. Quando sai para o outro lado da rua, vi o meu hotel parcialmente demolido. Que susto, foi por pouco.
 Tá, tá bom, não foi tanto assim, mas foi quase... Tivemos um terremoto de verdade, segundo me informaram o epicentro foi no Peru, eu realmente estava no banheiro, mas em cinco segundos passou o tremor. Também é fato que nestes longos cinco segundos me perguntei o que devia fazer; se sair correndo, se esperar, se o prédio ia desabar. Decidi terminar de fazer o que estava fazendo e depois descer. Mas... E se eu fizesse de fato o que descrevi, descendo as escadas de cueca? Teria pagado um mico..., mas e se o tremor fosse mais forte? Bom, então quem sabe sair correndo teria me salvado. E estar de cueca passaria desapercebido. Boa metáfora! Nem sempre sabemos quando devemos tomar decisões e agir rápido ou apenas esperar que o terremoto passe...
Plaza Grande, Centro de Quito
 Bom, depois desta experiência de quase morte, saí para a rua. Fui ao Centro Histórico de Quito pela segunda vez na semana, mas desta vez de dia, com tempo e relaxado. Este Centro  Histórico é conhecido como um dos maiores e mais bem preservados do continente. Praças, Igrejas, comércio, prédios públicos, gente. Uma parte restaurada, mas mesmo a que ainda não está é bonita. Fui a algumas Igrejas. Dentre outras fui às mais visitadas, que são as de São Francisco e da Companhia de Jesus. Suntuosas, pintadas a ouro, tudo isto que caracteriza boa parte das Igrejas Católicas. Não pude deixar de lembrar a minha recente visita aos templos no Sudeste Asiático, na imagem do Buda sereno e ate sorrindo, contrastando com a do Cristo sofrendo, triste, crucificado.
Igreja de São Francisco, Quito
 Depois de perambular pelo Centro Histórico fui para a Capilla del Hombre (http://www.capilladelhombre.com), um Museu, onde se encontram as obras de maior tamanho, tipo mural, e o corpo de Guayasamin, o pintor mais famoso aqui do Equador. Legal, pena que a Fundação Guayasamin, onde está a maioria de suas obras, estava fechada hoje. 
 Daí fui para a Praça Foch, lugar onde se concentram turistas e locais, restaurantes e cafés. Para matar a saudade de comida Brasileira, fui a um restaurante Italiano. Enquanto comia algo e tomava uma cervejinha, em um sábado de sol pela tarde, acompanhei pela net a vitória do Botafogo. Ótimo programa.
De noite fiquei no hotel arrumando mala, me preparando para outra semana, outro lugar, outras comidas, piadas, gírias, formas de trabalhar, de entender a tal da agroecologia. Não gosto de emendar uma viagem com outra, mas desta vez não teve jeito. Vou nessa. Para Costa Rica.

Equador, 28 de outubro de 2011.

Conversa com uma liderança local
Vou fazer diferente hoje, vou começar a escrever agora, às seis e quinze da manhã. Estamos saindo, eu, outro Brasileiro, uma Cubana e um Equatoriano, em direção ao Sul, para Riobamba, cidade no centro do pais.
Viajar pela Cordilheira dos Andes, com a estrada a mais de 2500 metros de altitude, vendo os vales e as montanhas que podem chegar a mais de 5000m é meio mágico, ao menos para os que não estamos acostumados a este visual. Paisagens nervosas, com altas montanhas e rios profundos e encaixados se revezam com outras mais calmas, onde as montanhas se colocam mais arredondadas e algumas planícies se desenham. Lindo.
Agora paramos para um café da manhã, na cidade de Latacunga, província de Cotopaxi, onde se encontra o famoso vulcão nevado de mesmo nome. Infelizmente o tempo nublado não nos permitiu vê-lo. Comemos iogurte, frutas, pão, queijo, café. Mais do que suficiente. Hora de seguir viagem. 
Depois de quase quatro horas de viagem, acabamos de chegar a uma Feira de Agrobiodiversidade, em uma comunidade rural cerca de Riobamba, chamada Tzimbuto Quincahuan, um nome indígena, que deve significar alguma coisa, ainda que eu não faça a mínima ideia do que pode ser. Encontrei uma pequena mas animada festa. Povo local, sementes, roupas, danças, músicas locais. Sei que é difícil defender esta tese, mas o que estou vendo merece sim ser chamado de moderno. Parto da ideia que se algo é parte da resposta para alguns dos dilemas atuais da humanidade, como o são a fome e o aquecimento global, dever ser chamado de contemporâneo.   
Batatas e paisagem
Mulheres e paisagem





Mulher e Batata
No local da Festa, estamos em uma altitude de aproximadamente 3000 metros, e o visual segue lindo, com altas montanhas entrecortadas por vales não muito profundos. Agora estou ouvindo uma senhora de origem indígena falar sobre uma busca das nacionalidade indígenas andinas que é o Sumak Kawsay, que eles traduzem como buen vivir. Segundo ela, este buen vivir é algo que se busca sabendo que não será plenamente alcançado, como uma utopia, e deve ser entendido como a busca da satisfação das nossas necessidades reais. Gostei de saber disto e associei com a mitologia Guarani, que vivem como nômades porque buscam a terra sem males.
Fim de tarde, estamos regressando, o tempo limpou um pouco, o que nos permite ver parte do Chimborazo, o pico nevado mais alto do país. Charmoso, imponente, agradável. Excelente companhia para a viagem.
Chimborazo
Na chegada ainda paramos para comer algo em um restaurante em La Mariscal, o bairro onde se concentra a noite de Quito. Fiquei impressionado com o movimento, a quantidade de gente, bares, restaurantes, clubs e etc. Mas depois de mais de oito horas de viagem entre ir e voltar, a noite não se esticou muito. Amanhã quero ver um pouco do Centro histórico e do Museo Guayasamin, é hora de dormir.

Equador, 27 de outubro de 2011.

Mesa de sementes, na feirinha conjunta ao Seminário.
       Hoje foi um longo, movimentado e enfadonho dia de trabalho! Não me pergunte como pode ser movimentado e enfadonho ao mesmo tempo, mas foi a sensação que tive.
No início da manhã fiz minha palestra principal da semana. Foram cinquenta minutos sobre “Pode a Agroecologia ser a resposta para a crise alimentar?”. Defendi a tese que sim, porque já existe acúmulo teórico e experiências concretas, em todos os cantos do continente, que referendam esta afirmativa. E completei dizendo que agora os Estados deveriam cumprir sua parte, com politicas publicas de apoio ao que chamamos de transição agroecológica.
O dia se sucedeu, com entrevistas, algumas reuniões, ouvindo palestras. Para terminar o dia e o Seminário, ainda participei de uma mesa redonda, com representantes de cinco países discutindo os caminhos para uma maior promoção da Agroecologia. Não ouvi nem falei nenhuma novidade, alguma ideia original e com sinal que possa ser eficiente. Ainda estamos atrás desta resposta.
Entregas de presentinhos aos convidados, certificados, despedidas emocionadas, promessas de manter contato... e pronto! Mais um Foro, Seminário ou Congresso que termina.
Cheguei ao hotel às sete e ainda tive tempo de sair para beber algo com um amigo Equatoriano. Fomos ao Seseribó, uma casa de salsa clássica, no bairro La Mariscal, onde se ouve boa musica e, para os mais dispostos, se pode dançar. Ou aqueles que sabem. Eu decidi, e estou negociando com Deus, que na próxima encarnação aceito vir com menos atributos, estes que me fazem ser o cara incrível que sou, mas tenho que saber dançar salsa!
Amanhã vou à Riobamba, cidade do centro do país, participar de uma feira local de produtos da agrobiodiversidade. Só de viajar pela Cordilheira dos Andes vai ser legal, ainda mais porque vou passar perto do Cotopaxi, o vulcão símbolo do Equador. Quem sabe consigo chegar perto. Saio às seis da manhã, melhor dormir.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Equador, 26 de outubro de 2011.

Evento sobre Politicas Publicas e Agroecologia, PUC - Quito
Dia cheio. Infelizmente, só de trabalho...
Mas foi legal. Acordei cedo e fui dar uma entrevista em uma televisão, programa matinal, com três convidados para discutir agroecologia. Nos bastidores ouvi um pouco da discussão que hoje existe aqui sobre a imprensa. O Presidente Rafael Correa, mais um eleito na onde neo-esquerdista latino-americana, anda tendo seus problemas com a imprensa. E, claro, a TV Estatal, onde fui hoje, é totalmente favorável a ele. A TV privada, de oposição. E ponto, não há diálogo. Pelo que ouvi, é difícil não concordar que existe um viés autoritário no governo, mas eu não saberia avaliar até que ponto chega.
O restante do dia de hoje foi de ouvir palestras, mais ou menos interessantes. Acho que já mencionei aqui no Blog, que no meio que trabalho um tema atual, eu poderia dizer de moda, é Soberania Alimentar. Com meio onde trabalho, eu quero dizer ONGs, organizações de agricultores familiares que produzem ecologicamente e pretendem com isto não apenas melhorar de vida mas também contribuir para um mundo melhor, social e ambientalmente. E a maioria das pessoas que ouvi hoje mencionou a oportunidade e necessidade de defendermos este ideário, que alguns consideram um direito, da Soberania Alimentar. Deputados, lideranças campesinas e indígenas, professoras, técnicos, funcionários públicos.
Acho que a palestra que mais gostei foi sobre grãos andinos. Vou colocar umas fotos aqui para vocês verem que interessante este trabalho, de resgate de espécies que quase estavam se perdendo, valorização destas espécies, reinserção na dieta local e ainda busca de novos mercados para elas. Muito legal, contemporâneo, necessário. Perder plantas, espécies e variedades, é perder opções, o que é sempre, no mínimo, lamentável. Aliás, este é outro tema de moda: agrobiodiversidade.
Ataca
Chocho

Quinua
          Vim para o hotel, caminhando, às seis da tarde, mas o evento ainda não havia terminado. Passei em um mercado, comprei iogurte, cerveja e chocolate. Não sei se combina muito... mas caiu bem, já que resolvi nem sair para jantar. São apenas nove da noite e estou cansado, acho que por causa da altitude e do fuso, ainda que seja apenas de três horas. Ou talvez seja Banzo. Nestes momentos, já aprendi que o melhor é dormir.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Equador, 25 de outubro de 2011

La Ronda, centro histórico de Quito
           Pouco para contar do dia de hoje. Na maior parte do dia reuniões infrutíferas, o que não é incomum seja onde for que trabalhemos. Por sorte inventaram esta tal de internet. Usar a desculpa que precisamos olhar os e-mails porque algo muito importante nos aguarda é um ótimo mecanismo para fugir de reuniões chatas.
O melhor da reunião foi a comida, de novo bem local, baseada em milho cozido, batatas, fava e carne de porco. Antes, nos serviram Colada Morada. É uma bebida, feita a base de milho negro, amora, com pedaços de abacaxi e morango, cravo, canela e açúcar. E mais algumas coisas que não saquei. É quase uma sobremesa, e é típico desta época, de finados. Eles vão ao cemitério, visitar os mortos e levam colada morada e um tipo de pão, chamado guacas de pan. A ideia das culturas indígenas locais ao ir aos cemitérios é de se congratular com mortos, é um dia mais de festa do que de choro, onde todos comem juntos, vivos e mortos! Assim como Bolívia ou Peru, não dá para tentar entender o Equador sem tentar entender um pouco da cultura dos povos originais daqui. A influencia ainda é muito forte e visível.
            De noite fui, com um pequeno grupo de vários países, jantar em um bairro chamado La Ronda, que é parte do Centro Histórico e foi recentemente restaurado. Casas coloniais, de origem espanhola, separadas por ruas estreitas quase sem calçada, com seus pátios internos, agora transformadas em bares, restaurantes e lojinhas de artesanato. Sempre gosto de passear nestes bairros, e ainda que se repitam em todas estas cidades de colonização espanhola, sempre curto as janelas, as portas, os balcões floridos. Acho que gosto mesmo é do astral, mas não saberia explicar por que. 

Passeando de carro ontem e hoje, encontrei uma cidade mais bonita e organizada do que havia visto de outras vezes que estive por aqui. Não é uma cidade enorme, são dois milhões de habitantes, mas com aquele caos característico da maioria das cidades latinoamericanas. Mas o fato de estar localizada em plena Cordilheira dos Andes, em uma altitude de 2800, rodeada de montanhas ainda mais altas, lhe dá um charme. Eu gosto.

         Amanhã começa o encontro, e ainda tenho que terminar minha palestra. Fui.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Equador, 24 de outubro de 2011

Juanita, agricultora orgânica - Equador

Cheguei à Quito nesta madrugada, depois de uma longa viagem, de mais de 20 horas. Incrível como viajar pelo nosso continente pode ser difícil. E caro! Não é incomum que uma passagem para Quito ou Cali seja mais que caro que para Madrid ou Paris. Mas enfim, estou em Quito.
Vim participar de um Foro Internacional de Políticas Públicas sobre Biodiversidade e Agroecologia, promovido por um órgão vinculado ao Ministério da Agricultura. E estou aproveitando a semana para participar de outras atividades por aqui. Hoje pela manhã, por exemplo, adivinhem onde fui? Claro, o de sempre... Visitar umas pequenas “fincas” peri-urbanas, na região Norte de Quito, que trabalham com Agricultura Orgânica, principalmente hortaliças, e entregam aos seus clientes semanalmente na forma de cestas domiciliares. Me senti em casa. Pequenos agricultores, de origem indígena, que fazem um bonito trabalho. E recebem os pedidos via internet. Definitivamente, é um Admirável Mundo Novo.
Panela de "fritada"
Almocei nas margens da rodovia pan-americana, no restaurante “Fritada da Mama Joana”. Comida e ambiente absolutamente local: a tal da fritada é um prato servido com carne de porco frita, batata e milho branco cozidos, banana e milho amarelo fritos. Para acompanhar, uma Pilsener e como música de fundo, um Pasillo. Gostei, poderia repetir. Ainda mais com o preço: U$3,10. Bom, né? Ainda bem que era segunda no almoço, se fosse um happy-hour de uma sexta... não me responsabilizaria por mim!
La Mariscal - Quito
Depois de pequenas reuniões de trabalho ainda tive tempo de perambular um pouco pela cidade. Fui, com um amigo brasileiro que está aqui para o mesmo evento, ao bairro La Mariscal, perto do hotel onde estou. É um bairro movimentado, com um ar cosmopolita, o que inclui bons restaurantes, cafés (sugiro o Ethnic Café), lindas lojas de artesanato, além de um Mercado de Artesanato no estilo mais popular, onde podemos encontrar coisas interessantes a preço bem acessíveis. Apesar de ser um país dolarizado, os preços aqui são bem convidativos para os brasileiros. Sim, a moeda aqui no Equador é o dólar, desde o início deste século. Me parece uma loucura, mas este é assunto para analista econômico, não para mim. 
Amanhã, minha primeira reunião é de manhã cedo, na Assembleia Legislativa, conversa com imprensa e Deputados, fazendo lobby pela Agroecologia. Tenho que estar com cara de bonito e descansado. Vou dormir, descansar é o único que posso fazer! 

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Pequim, 10 de outubro de 2011

Templo dos Lamas
Estou no aeroporto de Pequim, me preparando para a viagem de volta. Passo por Londres e de lá vou subir o que escrevi sobre meus dias de Pequim ao Blog. Tentei outras vezes Facebook, Blogspot e Twitter. Nada. Não terei saudade disto. Mas terei de Pequim, entra na lista das preferidas.
Claro, não podia ir embora sem antes uma atolação de despedida. Como sou quase local, dispensei o taxi do hotel e fui para a rua pedir um, três vezes mais baratos. Entrei no taxi e disse que queria ir para o aeroporto, repetindo airport e fazendo gestos de avião decolando. Ele me perguntou algo e eu respondi: yáyáyá. Me levou para o terminal dois, meu voo era no três, o que só descobri quase uma hora depois de procurar e perguntar. Na real é outro aeroporto, ainda que com o mesmo nome. Peguei um ônibus, do próprio aeroporto e fui para o tal terminal três, não é longe, levei cerca de doze minutos.
Verduras sendo vendidas em um Hutong
Apesar de ter perdido um pouco de tempo e de ter que levar malas, que em fim de viagem sempre ficam mais pesadas, valeu a pena, pude ver a diferença entre os dois, este tal do terminal três é majestoso, como muito do que se vê por aqui, tenha um ano, um século ou um milênio de construído.
No caminho ao aeroporto pude outra vez ver áreas da cidade com edifícios novos, grandes, muitos prédios sendo levantados. Por exemplo, um conjunto de seis ou oito edifícios enormes, interligados por túneis de vidro na altura do decimo quinto andar mais ou menos. O dia que fui para a muralha, vi o estádio construído para a olimpíada de 2008, o tal Ninho de Pássaro, o complexo aquático, chamado de cubo D’água e o Hotel Pangu, que eles dizem ser sete estrelas. Construções destacadas, mas longe de estarem isoladas, ao redor e no caminho varias outras, se não do mesmo porte, ao menos não perdem por muito.
Carrinhos típicos da China
Resumindo a Pequim que vi muito brevemente, a imagem que fica é ao mesmo tempo intrigante e instigante. Muita gente, boa comida, lindos e suntuosos lugares antigos para serem vistos, feios mas agradáveis bairros antigos -os hutongs- para se passear a pé ou de bicicleta. Podem acreditar, não são exatamente bonitos, mas possuem seu charme, alguns foram levemente modernizados, mas todos mantém uma atmosfera de cidade do interior. Nossa, fiz quase um auto-retrato nesta ultima frase. Acho que sou um Hutong! A Pequim moderna eu vi pouco, mas o suficiente para dizer que de fato impressiona muito, ainda que não seja meu estilo. Como disse, sou do interior... E por falar em interior, isto sim, visitar as partes menos conhecidas deste país, suas tradições, etnias, comidas, templos e culturas deve ser uma verdadeira viagem, em todos os sentidos da palavra. Na mente, no espaço, no tempo. 
Saio daqui achando que vale muito a pena voltar, ou, melhor dizendo, que voltar não seria uma pena. Mas acho difícil que isto aconteça. Existe ainda muito por ver no mundo, e a China não está em meu roteiro de trabalho. Deve ser porque meu mandarim não é muito bom.

Pequim, 09 de outubro de 2011.

Um dos vários pequenos Templos, dentro do Templo dos Lamas
Hoje foi dia de visitar Templos. De oração, reflexão e consumo. Gostei dos três.
Comecei meu último e solitário dia em Pequim em uma cafeteria mais estilo ocidental. Sentia falta de um bom expresso. Depois, segui a pé até o Templo dos Lamas, o maior Templo de Budismo Tibetano em Pequim. Segundo entendi do que li e ouvi, um Lama é um tipo de Sacerdote ou um Guru do Budismo Tibetano.
Ao rodar este Tambor, estamos orando.
Majestoso, com cerca de 30 mil metros quadrados, um eixo central com uma série de Templos intercalados por pátios, com templos e salas menores nos dois lados deste eixo. Em cada um destes espaços, Budas dos mais variados. Do Presente, do Passado, do Futuro, da Prosperidade, da Longevidade, da Saúde e muitos outros. Entre uma estátua majestosa de mais 18 metros de altura, esculpida em uma única tora de sândalo e Budas que cabem na palma de nossa mão, são milhares e milhares de representações que estão espalhados em todos os Templos. Estar aí me fez pensar em Buda, no que conheço de sua mensagem, na vontade pessoal de dedicar algo do meu tempo em conhecer um pouco mais do Budismo, no Tibet, na sua anexação autoritária pelo Estado Chinês. Vou passar a usar um plástico escrito Free Tibet no meu carro.
Do Templo dos Lamas fui para um surpreendente Templo de Confúcio. Surpreendente não só pela sua beleza, mas também por jamais ter imaginado um Templo para um personagem que se caracterizou pela sua luta pela educação. Tinha o entendimento dele como um filósofo. É como imaginar um Templo a Sócrates. Digo o filósofo, não o jogador de futebol. Interpreto que apesar do nome Templo e de suas características parecidas com outros Templos, é mais um tributo a um grande personagem da história chinesa do que propriamente um templo religioso.
Confucio
Depois fui para o Mercado das Sedas. Um tipo se shopping center, com cerca de seis andares, abarrotado de pequenas lojas, com tudo que sabemos que a China produz, de porta incensos a bolsas e tênis de marcas famosas, passando por conjuntos de chá, budas, roupas e bijuterias. Me diverti negociando preço com eles. Minha técnica foi mostrar um breve interesse e perguntar o preço, e depois falar que não queria. Eles se encarregam de ir baixando o preço. Praticamente não te deixam sair sem comprar, chegando mesmo a te segurar para você não sair. Uma carteira caiu de 200 para 50 yuan. Saí convencido que sou um excelente negociador. Na saída, já fora do mercado, uma mulher me ofereceu cinco carteiras por 100 yuan! Estou na China.
Esta foi minha peregrinação do dia. Provei de alguns dos remédios usualmente recomendados para depressão. Religião, filosofia e consumo. Foi um ótimo dia, parece que reagi bem à medicação proposta, me pareceu uma boa combinação!

Pequim, 08 de outubro de 2011.

A Muralha da China
Difícil descrever Pequim, estando aqui há tão poucos dias e ainda com as limitações da língua. Mas que estou impressionado, isto estou.
Hoje fui visitar a Muralha da China. Li um monte aqui para tentar descobrir a extensão da Muralha. Os números são discrepantes e li de desde cinco até mais de oito mil quilômetros. São muralhas largas, onde se pode caminhar tranquilamente sobre elas, que se estendem pelas montanhas, entrecortados por torres, já que foram feitas com a intenção de proteger e vigiar o território. Fiquei apenas duas horas por lá, fui com uma excursão e estive em uma de suas áreas mais badaladas/turísticas, chamada Badaling, com teleférico, fotos em pratos e canecas, medalhas comemorativas a sua passagem por ali com seu nome escrito e todo tipo de souvenires quiche que conhecemos. Ainda que deva ser muito legal ver um ponto menos tumultuado do que este que fui hoje, já valeu muito a pena. Definitivamente uma obra desta nos dá uma dimensão da grandeza humana. Estando lá fiquei lembrando a primeira vez que visitei um vulcão, ainda ativo. Muito forte, impactante, e lembro que tive um choque percebendo a óbvia pequenez de nossa espécie diante da força da natureza. Visitar a Muralha hoje me trouxe o efeito contrário. Ver esta obra, estar nela, vê-la até onde sua vista alcança para então, literalmente, perde-la de vista, mas ainda sabendo que ela segue entrecortando montanhas em lugares relativamente inóspitos, impressiona. Muito. A capacidade humana também chega a níveis impactantes.
A Muralha da China
Estando por estes lados de cá, influenciado por Buda, sou inclinado a dizer que a verdade dever estar no caminho do meio entre uma e outra percepção...
De noite fui à região que eles chamam dos lagos. É um dos pontos da noite de Pequim. O lago é grande, não caminhamos por todo ele, mas em boa parte é circundado por bares, cafés, restaurantes, pequenas lojas. Eu estava em um grupo pequeno, e acabamos optando por um excelente restaurante de comida tailandesa e por ignorar os bares com musica, ao vivo ou Karaokê, muitos deles com poltronas vermelhas ao invés de cadeiras, combinando com o estilo da decoração local. O neon, as letras do alfabeto Chinês e a quantidade de pessoas não me deixavam esquecer em que parte do mundo estava. Definitivamente Pequim está deixando um gosto de quero mais, tem muita coisa para ser vista. Nem podia ser diferente, é uma das maiores e mais pujantes cidades do Planeta. Estando aqui se pode confirmar isto.

Eu e a Muralha da China.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Pequim, 07 de outubro de 2011

Mercado popular em Pequim

Hoje foi dia de passear por Pequim. Um privilégio. Como as opções são muitas, resolvi começar pelo obvio. Praça da Paz Celestial e Cidade Proibida. Resolvi ir caminhando depois de descobrir que estava há uns 3 km do hotel. Me perdi, peguei a direção errada e me dei bem. Ache um mercado de frutas, verduras, carnes, peixes, power rangers, tênis Nike, e o que mais sabemos que existe por aqui. Comprei dois tipos diferentes de peras, aqui há várias, amendoim salgado, amêndoa de alguma forma flavorizada, nozes caramelizadas. Nem estavam tão boas, mas não resisto a comprar em um mercado público!
Praça da Paz Celestial, Pequim
Perdido, optei por ir de taxi para a Cidade Proibida. Entrei no taxi e mostrei a foto no mapa que eu tenho. Show, comunicação instantânea. A Praça da Paz Celestial e a Cidade Proibida são contíguas. Comecei pela Praça. Parece que hoje e o ultimo dia do principal feriado do país, que é o primeiro de outubro. Não sei se por isto mas a Praça estava absolutamente lotada. Pensando em estádio de futebol posso imaginar que havia mais de 50 mil pessoas, talvez muito mais. A grande maioria era de Chineses com suas famílias, e muitos pareciam que estavam ali pela primeira vez. Fotógrafos, policiais, monumentos, uma grande foto de Mao e a triste lembrança daquele junho de 1989, quando os ventos de mudança foram violentamente varridos, me acompanhavam no passeio.
Cidade Proibida, Pequim
Segui e entrei na Cidade Proibida. Tem este nome porque por 500 anos, mais ou menos de 1400 ate 1900, foi o Palácio do Imperador e era proibida a entrada das pessoas comuns. O Palácio foi feito para trasladar a capital do país para Pequim, no início do século XV. São quase 80 hectares de palácios, templos, praças, jardins, quartos, alguns deles transformados em museus, lanchonetes ou lojas de souvenir. Fiquei umas quatro horas lá dentro, mas não vi tudo com cuidado, acho que mesmo um dia inteiro não seria suficiente. Um dos lugares mais espetaculares ou grandiosos que já vi. Olhando tive a impressão que o centro do mundo é ali e não em Manhattan, Las Tullerias ou na City. De fato a China está só retomando o lugar que sempre foi dela, talvez até de direito. De fato, Pequim foi a cidade mais importante do mundo durante séculos.
De noite fui para outro Hutong, perto do Hotel. Jantei ali, em um restaurante bem local, que coloca teu pedido sobre a mesa, carne, peixe e vegetais, crus. Cozinha-se na água, em uma panela que fica sobre a mesa, com água fervendo, tendo brasa como fonte de calor. Tiramos o alimento desta água e colocamos na nossa tigela, com um molho espesso, que não sei descrever. Gostei muito. 
Amanhã devo ir visitar a Muralha da China. Se tudo sair bem, e de fato eu for, mais um sonho que vira realidade.

Pequim, 06 de outubro de 2011.

Torre do Sino, Pequim

Estou em Pequim. Estava tão cansado que dormi a tarde toda no simpático hotel que cheguei, chamado Gomolangma, perto de um Hutong ao lado das Torres do Tambor e do sino, dois locais muito visitados por aqui. Hutong são os bairros tradicionais, antigos, de Pequim. São ruelas apertadas, que serpenteiam por uma determinada área, com casas apertadas, roupas secando na rua e vizinhos na calçada. Uma curiosidade é que muitas destas casas não tem banheiro, e nestes bairros existem banheiros públicos, não tão limpos, que são usados tanto pelos transeuntes quanto pelos moradores. Muitos Hutongs vêm se transformando em área comercial, meio chique/alternativas, com algumas atrações mais ou menos turísticas como restaurantes, lojinhas, artesanatos, casas de chá, cafés com internet. De noite fui passear lá e havia gente, muita gente, gente por todos os lados.
Não pude ver muito ainda, pouco para contar. De interessante posso dizer que estou em Pequim. Só isto basta, né? Mas tem mais. Ainda que tenha chegado há poucas horas, podemos ver as diferenças para Seul. No caminho do aeroporto ao hotel, vi avenidas largas com prédios imponentes, alguns gigantescos. Nas ruas por onde caminhei notadamente um país mais popular, pobre, cheios de contrastes. Vi doentes na rua, possivelmente hanseníase, pedindo esmolas. Poucos, mas te dá uma indicação de algo, de subdesenvolvimento, de um Estado que não chega a todos.
No quarto do hotel, onde estou agora, a conexão é a cabo. Para se conectar, necessitas de uma senha. Qual é a senha? Teu número de passaporte. Sacou? Todos os lugares por onde você navegar serão reportados. Não consegui entrar no Facebook, no Twitter ou no Blog. Vou ter que postar quando sair daqui. Quando digito a palavra China, Tibet, Pequim, Budismo e várias outras no Google, ele se põe visivelmente mais lento. Menos mal que para ler as notícias do Botafogo não há censura.
Estou na China, país comunista, com suas vantagens e desvantagens, como quase tudo na vida. Não é um país conhecido pela liberdade de expressão, mas sentir isto na pele é sempre desagradável. Não estamos acostumados a isto e não gosto da ideia que não posso emitir minha opinião sobre este ou aquele assunto. Passamos por esta situação no Brasil, e sabemos ou podemos imaginar quão difícil foi. Todos os países passaram há mais ou menos tempo, por um período maior ou menor. É fácil pensar que a democracia ocidental é o caminho de todos os povos. Para um país como este, com 1,2 bilhões de habitantes, não me atrevo a dar nenhuma receita.
Enfim, seguramente amanhã verei coisas interessantes e contarei por aqui. Assim que puder...

Seul, 05 de outubro de 2011.

Dia de despedir de Seul. Antes disto ainda tive que fazer minha palestra. Foi mais ou menos, acabei lendo porque não tenho suficiente confiança em Inglês para simplesmente falar. Mas estou feliz com o resultado, digamos nota seis.
A assembleia de IFOAM terminou na hora do almoço. Palmas, abraços e despedidas emocionadas. Eu vejo de fora, não sinto este espaço como prioritário para meu trabalho, mas foi bom ter vindo e me inteirar dos esforços de IFOAM, que sempre representou uma Agricultura Orgânica ligada ao mercado de exportação e com um cunho mais elitista, se aproximar mais da agrobiodiversidade, do conhecimento local, das diferentes culturas ao redor do mundo, das cadeias curtas de comercialização.
Depois disto fui para um hotel no centro de Seul, já cansado de ficar tão longe da cidade. Bom. na verdade era algo que eu pensava que era um hotel, mas na verdade era um motel! Em uma região cêntrica  perto da estação Sinchon. Uma viagem! No quarto tem TV de 50 polegadas, dois desktops, sim, dois desktops, Wii, dois controles remotos que ate agora não sei para tudo que servem, mas sei que moviam cortinas e acionavam as luzes, além dos aparelhos eletrônicos. Realmente uma viagem. Não dá para pensar em Seul sem pensar em tecnologia, no metrô todos conectados, internet gratuita nas estações, rodoviárias, aeroportos, cafés, restaurantes.
Depois saí para passear e acabei em outro templo Budista. Este se chama Jogyesa. Maior que o eu havia visto sábado passado,  mais tumultuado, mais gente, menos tranquilidade. Mas absolutamente lindo. Vou até colocar mais fotos do que normalmente faço aqui para que vocês vejam e tenham uma ideia. 
De noite fomos jantar no mesmo lugar que eu havia ido ontem pela tarde, Insadong. Desta vez, acompanhado por pessoas que conheciam o lugar, fomos a um restaurante mais típico, destes que as mesas são baixas e a gente senta no chão. Delicioso, tanto o local quanto a comida.
Ainda tivemos tempo de sair caminhando, por uma rua muito legal, estilo Boulevard, no centro da rua uma área rebaixada, tipo um canal com água artificial, calçadas dos dois lados, bancos para sentar, com muita gente passeando. Era meia-noite, a rua relativamente cheia, paramos em um bar onde se vendia cerveja de todas as partes do mundo. Fizemos um breve pit-stop.


Foi bom ter visto Seul, acho difícil que eu volte por aqui, não entra na minha lista de locais preferidos. Agora são quase duas, saio deste hotel às cinco da manhã. Daqui a pouco. Ir a Pequim era um sonho de tempos, amanhã realizo. Show! 

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Seul, 04 de outubro de 2011

Centro, Seul
Vou confessar, estou cansado de dormir no chão. Até me sinto assim, meio Dalai Lama, humilde, entrando descalço no quarto, abrindo minha “cama” todas as noites e recolhendo ela de manhã cedo. Na vida tudo é ciclo e armar e desarmar a cama todas as noites nos integra mais com o ciclo da vida... sei lá, deve ser meu lado zen-budista falando... mas que estou doido por uma boa cama ocidental, isto estou!
Estando aqui posso perceber que existem vários aspectos interessantes desta sociedade, ainda que não possa compreendê-los. Por exemplo, perdi minha câmara fotográfica. Não sabia se no restaurante do hotel, no chão, ou no ônibus que peguei para sair do hotel. No dia seguinte, perguntei na recepção do hotel e no restaurante, nada. Um Peruano que conheci aqui, e que vive aqui, me disse: ela vai aparecer, aqui ninguém fica com nada que não seja seu. E me sugeriu perguntar nestes lugares todos em que estive. Acabei não indo perguntar no ônibus, nem sabia como, eles não falam inglês e são vários motoristas diferentes. Dois dias depois me avisaram que estava na secretaria do evento, que havia sido achada no ônibus. Segundo o mesmo amigo Peruano, é parecido em termos de violência urbana. Simplesmente não existe, podes andar como quiser, onde for, com o que for, à qualquer hora.
Downtown Seul
A Assembleia correu por todo o dia. Moções contra transgênicos, estímulo a grupos temáticos e regionais de IFOAM, mudanças de estatuto, eleição da nova coordenação. Como não estava assim, tão interessante, pela tarde escapei da Assembleia e fui ao centro da cidade, perto da estação de metrô Eujiro 3. Foi bom ver o centro, umas ruas mais apertadas, muita gente caminhando, lojas de artesanato, coisas locais (e da China, claro), restaurantes. Ao redor destas ruazinhas umas avenidas grandes, com lojas de roupas de marcais ocidentais e fast food tipo Mc Donald, KFC ou Pizza Hut. No meio de todo o tumulto característico de centros de megas cidades, um templo, para orações tipo assim, de passagem. Na verdade para um tipo de ritual para tocar o sino. Muito bonito e aqui em Seul vemos estas construções que imaginamos quando pensamos no extremo oriente mescladas com grandes edifícios à moda ocidental. 
Loja de ervas medicinais, Seul
Pela noite teve uma festa Turca. Isto porque a Turquia foi eleita hoje o país anfitrião do Congresso de 2014. Deu para ver que será muito mais animado dá próxima vez, os turcos estavam a mil. A mil para os padrões daqui, as nove da noite a festa já tinha terminado...
 Vou dormir, faltam só mais duas noites nesta cama Coreana, e não posso dizer que estou triste por isto. Amanhã tenho que fazer uma breve palestra. O que seria fácil e prazeroso, se não fosse em inglês, se transforma em um calvário. Acho que vacilei em matar as aulas do ICBEU para ir jogar flipper!

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Seul, 03 de outubro de 2011

Vista geral de um dos prédios do Organic Museum
Como já havia comentado, hoje é o primeiro de três dias de assembleia de IFOAM. Como toda assembleia, chata. O que valeu foi conhecer o lugar. Um Museu Orgânico, em uma cidade da Grande Seul chamada Namyangjy. Inaugurado esta semana, construído tendo como motivação ser inaugurado durante este Congresso que estou. Impressionante. Ouvi por aqui que o terreno custou 40 milhões de dólares. Fora a construção, que pode ter chegado a outros dez.
É uma área grande, onde existem dois prédios principais, onde ficam o restaurante, um mercado, uma cafeteria, um auditório e o Museu, como atração principal. Entre os prédios um anfiteatro ao ar livre, e uma área que imita uma fazenda, com plantações demonstrativas. Tudo orgânico.
Arroz no Museu Orgânico
O Museu é bem tecnológico e bastante interativo. Telas, filmes, computadores, jogos. Pensado para crianças, muito legal, conta a história da agricultura, mostra dentre outras curiosidades uma réplica do local onde foi achada uma semente de um tipo de arroz de aproximadamente 13000 anos. Se algo existe neste país é história. Ainda aprendemos sobre a formação dos solos, sobre os problemas ambientais, dos agroquímicos, dos alimentos industrializados e depois conta a história da Agricultura Orgânica tanto no mundo quanto na Coréia, chegando até os dias atuais.
Jogo interativo sobre Food Miles
Vou contar apenas uma das atrações do Museu. Em um canto, na parede uma TV de 60 polegadas. Embaixo uma bancada com oito diferentes tipos de frutas de plástico. Podemos pegar  uma fruta destas e colocarmos em uma tigela, que fica na mesma bancada abaixo da TV. Aí, na tela da TV aprece um aviãozinho carregando a fruta desde seu local de origem até Seul, com um contador de quilômetros que nos dá então a quilometragem percorrida pelo alimento. E aí descobrimos que a maçã roda apenas 200 km até o mercado e a uva 18.000. Tudo isto com design e musiquinha para crianças. Genial! 
Muito legal o tal do Museu Orgânico, e para nós que somos da área estamos todos aqui de acordo que nunca havíamos visto isto em outro lugar. Como não conseguimos entender a realidade local, como já disse é como um lindo filme, vibrante, mas sem legenda, fico me perguntando por que todo este investimento. É um reflexo da realidade ou busca ser uma ferramenta para alterá-la? Sendo um ou outro, ou uma mescla dos dois, segue sendo muito interessante.
Videos sobre AO no Organic Museum
Bom, depois da Assembleia voltamos ao hotel. Rolou um jantar de confraternização que assim como o almoço achei mais interessante do que gostoso. Tudo orgânico, legal, saudável, mas não tão saboroso. O que me explicaram aqui é que o prazer do Coreano é comer o que faz bem para sua saúde. Ainda chego lá. Saudável e magrinho. A maioria dos homens aqui tem barriga negativa. Fazem uma curva pra dentro!
Vou dormir, amanhã tem mais. Nem sei direito o que, mas tem mais!