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domingo, 22 de outubro de 2023

Tarapoto, 19 a 22 de outubro de 2023

Eu com a linha de tempos dos SPGs no continente

E termina mais uma viagem.

Esse post resume os últimos quatro dias. 

Chcolatre artesanal

Começamos pela saída à campo, na quinta-feira, dia 19, que foi interessante, sim, mas não muito… Saímos ao sul de Tarapoto, em direção a Pucacaco, um pequeno povoado onde fomos visitar três experiências: uma chocolateria bem conhecida por aqui, a MAKAO, depois a Três Rosas, um empreendimento que planta e processa coco e terminamos conhecendo o belo trabalho da “Asociación El Bosque del Futuro Ojos de Água”, que se preocupa en preservar áreas florestais da região. Como nem a chocolateria nem o empreendimento do coco eram orgânicos, ficou um pouco menos interessante a visita, já que esse é o foco da nossa presença aqui. Pero bueno, na próxima devo estar mais atento à programação do dia de saída à campo, e não delegar tudo à organização local, essa é a lição que fica. De todos os modos, viajar um pouco pela Amazônia Peruana foi bem legal! 

Na Associação el Bosque...

Na mesma quinta-feira, de tarde, realizamos um evento público, com palestras e debates sobre agroecologia, na Universidade de Tarapoto. Havia pouca gente, mas as conversas foram interessantes! Terminamos a noite de quinta-feira em um bar com rock de qualidade ao vivo. Acho que foi o melhor programa do dia… 🤦🏽‍♂️ 

Sexta-feira, seminário de novo, com foco na continuidade do Foro Latino-americano de SPGs e na construção da Carta de Tarapoto. Foi tudo bem, com exceção de um momento de tensão, onde agricultores do Peru, Bolívia e Equador manifestaram desconforto por se sentirem excluídos de determinada comissão que foi formada. Ocorre que essa comissão foi escolhida a partir da manifestação de quem teria interesse em estar. Eles não se apontaram, quando ela estava pronta manifestaram seu desagrado. Como moderador, após ouvir essa reclamação, decidi por “voltar no tempo”. Desfiz a comissão formada e perguntei de novo: quem quer participar? Nova comissão foi constituída, com a presença dos países que fizeram essa reivindicação e a paz voltou… a galera gosta de uma tensão… e gosta de ocupar espaços que depois não ocupa… tudo só pra dar trabalho para o moderador…😊💁🏽‍♂️ sim, porque não consegui explicitar bem aqui, mas foi tenso! 

Fotinhas de despedida!
Sexta à noite, tivemos um belo jantar festivo no hotel Rio Curumbaza, depois uma esticada no “Mirador do Amor” e terminamos dançando em uma discoteca até as três da manhã. Divertidíssimo!

Sábado passei o dia descansando, despedindo-me de todas y todos e dando breves caminhadas pela cidade. 

Hoje, domingo, fiquei fazendo hora pela manhã no agradável Café Plaza Tarapoto e saí às 13h do hotel para pegar o avião para Lima, onde estou agora, para daqui regressar para casa. Bela e produtiva semana, ontem já postei aqui a “Carta de Tarapoto”, que resume o que foi conversado no Seminário. Até a próxima, que nem sei onde é, mas sei que de lá, de onde for, conto mais!



sábado, 21 de outubro de 2023

Carta de Tarapoto - 20 de outubro de 2023

 


Carta del Seminario Latinoamericano de SPG 2023

 Desde la belleza y calidez de la Amazonía peruana, en Tarapoto, Perú, nos reunimos del 16 al 20 de octubre del 2023, 64 personas (55% mujeres) de 12 países (11 de América Latina e Italia), comprometidas con la agroecología y los Sistemas Participativos de Garantía (SPG).[1]

A casi 20 años del primer encuentro en Torres, RS, Brasil en el 2004, reconocemos, por un lado, importantes avances en los SPG y, por otro, desafíos persistentes y otros nuevos.

Inspiradas e inspirados en el intercambio durante el Seminario, afirmamos que los SPG:

-  Promueven procesos que aportan al fortalecimiento de la Agroecología y a la identificación de aquellas y aquellos que producen alimentos saludables de forma soberana, implementando sus principios.

-      Han crecido en número, experiencias, actores y alcances en la región, lo que reafirma que, desde nuestras diferentes realidades, estamos tejiendo un camino de unión agroecológica a través de los SPG.

 -  Los SPG son el resultado de una construcción social, por ello, sin la organización local, no es posible masificar la Agroecología.

 -      Los SPG fortalecen y reconocen los diversos procesos sociales de base; contribuyen en el cuidado de la biodiversidad, de las semillas nativas y criollas, de los conocimientos tradicionales y de las funciones ecosistémicas regeneradas a través del manejo agroecológico, así como la resiliencia al cambio climático.

 -      Resaltamos la contribución de las mujeres como promotoras e impulsoras de los procesos de los SPG en sus regiones, tejiendo redes comunitarias en el marco de la Agroecología.

 -      Los SPG incorporan el ejercicio de los derechos humanos, rechazando todo tipo de violencia contra la mujer y a grupos vulnerables. Reconocemos la importancia de desarrollar herramientas para abordar la complejidad de las situaciones de violencia en los territorios.

 En el Seminario reafirmamos que:

 -      Si bien el reconocimiento de los SPG en los marcos normativos nacionales otorga legalidad a los procesos que se implementan, muchas regulaciones imponen requisitos que complejizan los procesos, alejándolos de las cualidades básicas de los SPG como la simplicidad, dinamismo, la capacidad de adaptación a las realidades locales e inclusión. En muchos casos, todo ello resulta en la reducción de la legitimidad de los SPG, construida sobre la base de la participación e involucramiento, transparencia, confianza, autodeterminación y el diálogo de saberes, principios fundamentales de los SPG.

 -      Resulta altamente contradictorio y paradójico que el avance en el reconocimiento normativo de los SPG, en la mayoría de los casos se enfocan solo en el control y fiscalización de estos, en lugar de su promoción y fomento. Por lo que se necesita más apoyo para la efectiva consolidación de los SPG y políticas de fomento, más que mecanismos de control.

 -      La alianza entre agricultoras y agricultores agroecológicas/os con consumidoras y consumidores, así como la articulación con las instituciones públicas y privadas, son esenciales para democratizar la alimentación saludable. Sin embargo, los avances aún son limitados y se requieren mayores esfuerzos en ese sentido.

 -      Las naciones y pueblos originarios proveen mucha sabiduría en los sistemas alimentarios; sin embargo, estos no son valorados y están entre los grupos más vulnerables. Por ello, llamamos a una acción urgente desde los SPG para reconocer sus aportes y respetar sus derechos.

 -      Nuestro compromiso para seguir trabajando de acuerdo con la Carta de Principios de los SPG y las diferentes cartas de los foros que se han gestado colectivamente en los encuentros latinoamericanos.

Finalmente, a pesar de los desafíos, los SPG se mantienen, recrean y amplifican. Desde diferentes circunstancias y con diversidad de actores, seguimos creando con los SPG lazos colectivos de colaboración que nos permiten resistir y sobreponernos a contextos antagónicos, además de continuar el camino con fortaleza, contribuyendo en la construcción de un mundo más solidario y justo, para alcanzar el Buen Vivir / Vivir Bien de los pueblos.

 Tarapoto, Perú, 20 de octubre 2023. 

 



[1] En algunos países se reconocen como SGP – Sistema de Garantía Participativa y SCP – Sistema de Certificación Participativa.

quinta-feira, 19 de outubro de 2023

Tarapoto, 16, 17 e 18 de outubro de 2023

 

Seminário Rolando

Foram três dias movimentados basicamente, de trabalho. Segunda-feira fiquei no hotel quase o dia todo, esperando as pessoas que foram chegando, ao longo do dia. Um grupo oriundo de 13 diferentes países! Chile, Argentina, Uruguai, Paraguai, Brasil, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Costa Rica, México, Itália e Alemanha. Como comentei, a atividade da semana é um Seminário Latinoamericano de Sistemas Participativos de Garantía (SPG).

Mais momentos so Seminário
Vou dizer que, para mim, é particularmente interessante estar aqui, pois fui uma das primeiras pessoas a falar neste assunto, ainda em 1992. Passados trinta anos, ver como esse tema mobiliza as pessoas, tem sido incorporado a dezenas de legislações sobre agricultura orgânica em todo o mundo e, mais importante, permitiu o acesso de centenas de milhares de famílias agricultoras ao crescente mercado de produtos orgânicos é muito gratificante.

E assim seguiu a terça e a quarta-feira: palestras, mesas de diálogo, trabalhos em grupos, debates e conclusões. Como exemplo, vou contar para vocês uma das discussões fortes que tivemos: os SPGs devem incorporar, nos seus manuais de procedimentos, uma atenção especial à violência doméstica. De que forma? Preparando as pessoas que fazem as visitas para atestar a qualidade orgânica das unidades produtivas para que tenham sensibilidade de perceber indícios de violência doméstica. Caso cheguem a ter um depoimento, por parte da mulher visitada, que sim, existe, devem ajudá-la a tomar as providências legais e o SPG, imediatamente, suspende o certificado do homem que cometeu a violência, tomando os cuidados necessários para que a mulher não seja prejudicada em seus processos de comercialização. Interessante não é? É um exemplo prático de como o respeito aos diretos humanos devem se fazer presentes na hora de conferir um certificado de qualidade orgânica a determinado produto ou processo. Um suco de uva ou um alface, que sai de uma cooperativa que se utiliza de trabalho escravo ou de uma família onde existe violência doméstica não deveria merecer o rótulo de orgânico. Pela simples razão de que as pessoas que consomem produtos orgânicos esperam certo compromisso ético, e não apenas em relação ao ambiente, por parte de quem produz. Interessante, não? Você, que consome produtos orgânicos, gostaria de saber que todos os envolvidos no processo de produção estão sendo cuidados…, não? 
Segue...

Temas como os princípios que orientam os SPGs, as razões que justificam sua adoção nas diferentes dinâmicas territoriais e a relação com Estado, foram também abordados.

Digno de nota nestes dias segue sendo a comida. Deliciosa!

Ontem, quarta-feira, pela noite, saímos para conhecer alguns pontos da cidade. Começamos por comer no “Suchiche”, considerado o melhor restaurante da cidade. De fato, comida deliciosa, em um ambiente para lá de agradável. Se você vier a Tarapoto, não deixe de visitar. Pode pedir uma chaufa regional com maduro. Uma fusão de comida amazônica com chinesa - imperdível!

Chocolateria artesanal GUAM
Depois da janta, fomos visitar a GUAM - Gusto Artesanal, da minha amiga Sandra Guevara. Trabalho muito legal, feito por ela, irmã, filhas e sobrinhas. Destaque para o que já comentei no último post, a embalagem feita com folha de bijao. Da GUAM formos para o “Coco Center”, uma loja que vende tudo relativo ao coco. A água de coco deliciosa, vários produtos interessantes como sucos com água de coco, mas o bom gosto… nem falo nada, mas seus artesanatos feitos a partir de coco, replicando animais, alguns em tamanho reais, pênis e vulvas não são a coisa mais bonita que já vi… vou colocar algumas fotos abaixo para que você dê sua opinião…

Terminamos a noite com uma passada na bela praça central, tiramos algumas fotos e viemos dormir. Amanhã tem saída à campo!


De noite, na praça!

E aí? Lindo, né?

Nme digo nada...

Putz...



segunda-feira, 16 de outubro de 2023

Tarapoto, Peru, 14 e 15 de outubro de 2023.

Entardecer na praça central de Tarapoto

Cheguei em Tarapoto, capital do Departamento de San Martín, na Amazônia Peruana, ontem, sábado, 14 de outubro. Estou aqui na qualidade de organizador/facilitador de um Seminário Latino-americano de SPG. Atividade que ocorre no âmbito de um projeto proposto pela ANPE - Asociación Nacional de Produtores Ecológicos do Peru.

Segundo as minhas anotações pessoais, essa é a 20° vez que venho a este país. Sempre à trabalho, ainda que tenha dado alguns bons passeios!

Comida local e popular na veia!

Desci do avião no meio da tarde e fui recepcionado pelo calor amazônico de 36 graus no termômetro, algo mais que isso percebido pelo corpo.

À noite, demos uma volta pela praça central da cidade, bem cuidada e cheia de gente de todas as idades e fomos comer no Partido Alto, um bairro próximo, em uma praça onde se encontram vários lugares que servem comidas regionais. Algo entre quiosques e comida de rua. Eu comi Cecina com tacacho. Cecina é como um bife de carne de porco, cozida e defumada. Muito saborosa, mas é melhor não ver como é feita e armazenada… rsrsrs… Tacacho é uma massa feita com banana verde cozida e macerada. Quando já está bem amassada, se acrescenta banha de porco líquida, sem pena… depois um pouco de toucinho, tudo isso é amassado com a mão e moldado, como se fosse uma bola, por uma senhora que fica a noite toda fazendo isso, ali, ao nosso lado, a céu aberto. Gostei bem tanto de ver a elaboração quanto de degustar essa especiaria… Especiaria? Sim, acho que sim… Por que não? 

Preparações feitas em folha de bijao

Ainda ontem à noite, saímos caminhando e passamos por alguns bares, por um muito interessante hotel com estética amazônica, horizontal, chalés em madeira e uma bela piscina ao meio, chamado “Madera Labrada”, e pela Chocolateria Orquídea, talvez a mais famosa das chocolaterias artesanais que tem por aqui. Tarapoto é conhecido por seu cacau e seu chocolate.

Hoje pela manhã fomos a dois mercados locais. Fiquei impressionado com o movimento, o fato de ser domingo não conta, as ruas e os mercados lotados, muita gente. As mototáxis, com seus bancos, quase uma charrete motorizada, conferem um visual diferente ao ambiente urbano. São muitas, ao mesmo tempo que são poucos carros. Em outros lugares esse meio de locomoção é conhecido como tuc-tuc ou jinriquixá. 

Um dos mercados que visitamos

Nos mercados vimos muitas coisas interessantes, frutas e raízes amazônicas, muita banana, farinhas locais, como por exemplo uma de milho com amendoim, com alguns usos como, por exemplo, “inchicapi de gallina”. Mas vou contar de uma coisa que me encantou: a folha de bijao. Bijao é uma planta que cresce na Amazônia, e suas folhas são usadas para envolver alimentos durante ou após sua preparação. Tamales, humitas e Juane são alguns exemplos. Tamales e Humitas tem a ver com a nossa pamonha, Juane é um prato delicioso, feito a partir de arroz, especiarias e galinha.

Chocolates Gusto
Amazonico!
Uma das nossas anfitriãs aqui em Tarapoto é a Sandra Guevara. Ela faz chocolates artesanais, da marca “Gusto Amazónico”, delicioso, mas com um detalhe que eu reputo como sensacional: São todos embalados com essa folha, de bijao, depois que elas passam por um sofisticado processo que envolve choques térmicos e secagem. Devidamente secas, servem também como embalagem. Cacau daqui, chocolate feito aqui, por mulheres, embalados em uma folha daqui. É ou não é sensacional? 
Amanhã, segunda, começam a chegar todos e todas, 60 pessoas de 13 países, para nosso Seminário, que começa terça e vai até sexta-feira. A semana promete ser movimentada.


Folha de Bijao


Bananas no mercados

Visual dos mercados

Eu, nas Cataratas de Ahuashiyacu.

Banana sendo cozida

Juane com maduro frito



sexta-feira, 22 de setembro de 2023

Loja e Cuenca, 20, 21 e 22 de setembro de 2023

 

Vista do alto da catedral, a partir do pátio
interno de um ex-convento

Hoje, sexta-feira, dia 22/09, já é hora de voltar para casa. Chegamos ontem à noite em Cuenca, depois de passar dois dias em Loja. Uma bela viagem de carro, cerca de 4h de duração, navegando entre 2.000 e 3.500 metros de altitude. Como sempre um tremendo visual, com aquele mar de montanhas desfilando aos nossos olhos. E o que posso contar de Loja? Cidade interessante, visitamos uma feira agroecológica, participamos de mais uma cerimônia à Pachamama, fomos ao jardim botânico da universidade agrária e vimos uma bela horta orgânica na mesma universidade. 
Contando meu caso...

Detalhe chique foi a noite de quarta-feira, quando saímos caminhando pelas ruas de Loja, tendo como guia a Lorena Salcedo, uma amiga que vive aqui e nos levou a alguns lugares marcantes da cena local. Um deles, o Empório Lojano, uma cafeteria em uma casa típica da cidade, restaurada, onde ouvimos música equatoriana tocada por um artista local e conversamos sobre café! A proprietária nos falou do seu trabalho, que vai da produção à xícara. Pude contar a eles que sou escritor e meu único romance se chama “Quatro Grãos de Café e Cem Bilhões de Estrelas”. Quem leu pode não lembrar mas, no primeiro capítulo, a minha personagem prepara um café com grãos que ela comprou em Riobamba (outra cidade equatoriana), mas que eram provenientes de Loja. O detalhe é que eu não havia estado nesta cidade, mas por já conhecer sua fama de produtora de café de boa qualidade, ela acabou surgindo no ato de escrever. Na foto ao lado, estou exatamente contando isso a eles! Sacaram que legal? Estive em uma cafeteria, em uma cidade que aparece no meu livro, e na qual eu nunca havia estado antes!

Mama Negra
Hoje, pela manhã, ainda fui dar um passeio pouco por Cuenca. Realmente, a arquitetura é bem bonita, muito agradável andar pelas ruas do centro histórico. Fui de novo no Museu Pumapungo, onde já havia estado uma vez. Muito interessante. Muito! Uma bela exposição com quadros pintados por artistas locais e que retratam os picos nevados do país, exposições com artefatos de povos pré e pós colombinos, réplicas de casas e ferramentas de várias etnias que habitam esse país. Mas o que mais gosto é o espaço com diversas representações folclóricas do Equador. Além do Taita Carnaval, que eu adoro, hoje prestei mais atenção à “Mãe Negra”. E o causo dela é o seguinte: Durante uma conhecida festa de caráter religioso popular, realizada em setembro e novembro, em Latacunga, em homenagem à Virgem da Misericórdia, surge, durante a procissão, a Mãe Negra (encarnada por um homem disfarçado), que cavalga carregando um boneco preto ou um bebê pintado. 

Ele carrega consigo um borrifador cheio de leite, que lança sobre os presentes. Aqueles em quem caírem algumas gotas terão boa sorte. A origem não é muito clara. Segundo alguns, é uma forma de prestar homenagem à Virgem da Misericórdia, que protegeu Latacunga de alguns terremotos, e a Mãe Negra é a encarnação de uma empregada sua. Segundo outros, comemora a presença de um contingente de escravos negros, que trabalharam nas minas do setor, e simboliza suas mulheres esforçadas. Para alguns, enfim, é a evocação de uma lenda europeia, em que uma rainha mora (árabe) conquista uma cidade.

Ruas de Cuenca
Vai saber a origem… mas é uma personagem muito legal, talvez meu resumo não tenha expressado isso tão bem! 

Agora, já no aeroporto de Guayaquil, me despeço do Equador. Será que volto? Quem sabe? A vida, só a vida sabe!





Filho da minha amiga Nancy.
Vê se eu aguento...

Loja, pela noite

Lindo painel, em Loja

Batatas na horta da Universidade

Modo de vida de um povo 
tradicional - Museu Pumapungo


quarta-feira, 20 de setembro de 2023

Gualaquiza e Zumbi, Equador, 17, 18 e 19 de setembro de 2023

Visita a um centro cultural da nação Shuar

Domingo, saímos às cinco da manhã de Cuenca em direção à Gualaquiza. Viajamos de 2500 de altitude para 800, mas antes pasamos dos 3500. A estrada costeia as altas montanhas dos andes e, em alguns pontos, o que temos é a enorme parede de um lado e o precipício de outro. 

3500msnm, entre Cuenca e Gualaquiza
Como recheio, curvas fechadas e estradas nem sempre asfaltadas. Se com emoção fosse mais caro, esse bilhete não seria barato… 

Chegamos em Gualaquiza e fomos direto a uma feira agroecológica, inaugurada neste dia exatamente pela presença dos estrangeiros. Vamos lembrar que somos uma delegação de 12 pessoas do Brasil e outras 19 do Peru, visitando experiências equatorianas com agricultura ecológica. Passamos o dia na feira. A noite, depois da janta, a sobremesa foi uma boa conversa entre os participantes, sobre o sentido que veem nesses intercâmbios e os impactos em seus territórios e no continente.

Feira Agroecológica de Gualaquiza

Ontem, a programação foi intensa. Pela manhã, três momentos. Uma visita à uma área da APROCAG (Associação dos produtores agroecológicos de Gualaquiza), para que os visitantes estrangeiros pudessem dar sugestões sobre possíveis caminhos do que fazer em um espaço recentemente conquistado. Depois, fomos na prefeitura de Gualaquiza, para um momento mais formal com o prefeito, secretários e vereadores. Ainda de manhã, tivemos tempo de visitar “La Vieja Molienda”, um bonito trabalho com produção de cana e derivados, como açúcar mascavo, cachaça, melado e outros.

De tarde, uma visita super interessante: fomos a um Centro da Cultura Shuar. Os Shuares são uma das tantas etnias do Equador. Aqui, eles utilizam mais o termo “nação”. Neste caso, Nação Shuar. Por isso, a constituição equatoriana afirma que o país é um Estado Plurinacional. Acho que são 14 nações (etnias), que formam o estado equatoriano. Na Bolívia ocorre algo parecido, e essa foi uma conquista recente dos povos indígenas, as constituições destes países foram reformuladas nos anos 2000. 

Habitação Shuar
Como sempre ocorre em uma visita como essa, um pequeno mergulho em comunidades autóctones nos traz um mundo de vivências, percepções e reflexões. Bonito ouvi-los explicando sobre suas moradas, tendas redondas feitas em madeira e folhas locais. Ao centro, uma viga de madeira que significa a união da mãe terra ao céu. Por sinal, simbologia presente em inúmeras culturas. A forma circular da tenda nos faz lembrar o planeta, como estamos integrados a ele e como devemos cuida-lo. Outra coisa interessante que ouvi do Ismael, o guia local, quando nos mostrou alguns instrumentos da sua cultura foi sobre um tambor, feito do caule de determinada árvore. Deste tambor se emite diferentes sons que, por sua vez, tem diferentes significados. Chama as pessoas para uma cerimônia, comunica um nascimento ou falecimento ou dá qualquer outro tipo de notícia. Mas… hoje… menos se usa essas formas de comunicação porque os instrumentos contemporâneos, WhatsApp incluído, faz a tarefa de se comunicar cada vez mais fácil. Eu sei que não há novidades aí, na real sempre foi assim, esse tipo de evolução é parte da nossa história. O que acho bacana é ver realidades onde os tempos históricos de certa forma se comprimiram e se mesclaram, reduzindo a décadas processos que em outros contextos foram centenários. 
fomos recebidos com pintura

Bom, tem muito o que contar dessa visita, vou mencionar mais três coisas: lindo ouvir sobre seus cantos de permissão à natureza, cada um para um momento específico, como caça, pesca, plantio, celebrações. Eles também fazem, a seu modo, a cerimônia da Ayhuasca (Natem, para eles e em várias línguas amazônicas), e expressaram sua preocupação com a forte tendência a comercialização destas cerimônias. Pelo lado menos bonito, sofrem a ameaça recente da intensa mineração muito próxima aos seus territórios, que polui seus rios e provoca impactos em seus modos de vida. Muito legal a oportunidade de ter contato com algo da Nação Shuar.

Hoje, terça-feira, saímos de Gualaquiza e viemos para Zumbi. Aqui visitamos uma Associação de Produtores de Cacau e Derivados, a ASOPROMAS. Sempre bonito ver cacau à campo, ouvir sobre seu manejo, depois pós colheita e processamento, provar seus derivados e ainda comprar algumas delícias com cacau agroecológico produzido por associações locais.

Entregando meu livro à família Paz
Visitamos também uma bela finca super diversificada, com cacau e vários outros cultivos da região, onde almoçamos, da Nancy Paz e seus pais, José e Livia. Depois, mais duas horas de viagem por estradas sinuosas que margeiam um andes tropical, muito bonito de ver, até Loja (se pronuncia lôrra), famosa por seu café, e onde passaremos os próximos dois dias. Depois conto sobre esta bonita cidade do sul do Equador.






Visual de uma banca do mercado de Gualaquiza

Com Sandra e outro amigo Peruano, na feira!

Visita À nacçao Shuar

Jardineira que nos levou ao Centro Cultural Shuar

Prosa com o povo do cacau

Cacau!


sábado, 16 de setembro de 2023

Cuenca, 15 e 16 de setembro de 2023

Cuenca, vista desde o Mirador Turi
Chegamos em Cuenca, que tem o muy simpático nome oficial “Santana de los Cuatro Rios de Cuenca”. Ainda na quinta-feira à noite, depois de 28 horas e 5 trechos de viagem. Estamos aqui para um intercâmbio que reúne pessoas do Brasil, Peru e Equador. Os três países serão visitados, trocando ideias e experiências relativas a comercialização de produtos agroecológicos, sistemas participativos de garantia e sistemas agroflorestais. Parece legal, não parece? E é mesmo, muito legal! 

Chica morada, refresco de 
milhi roxo. Um luxo - La Chicheria
Aqui no Equador estamos 12 pessoas que vieram do Brasil e 19 do Peru. Cuenca é parte das visitas que serão feitas durante uma semana. A sexta-feira foi mais de aclimatação, com um pouco de descanso e caminhadas pelo centro histórico. Para mim, foi legal rever uma cidade na qual já estive algumas vezes, sempre à trabalho. E pude ver que Cuenca continua linda, com sua arquitetura colonial, flores colorindo a cidade desde os charmosos balcões das casas e uma atmosfera cultural que se respira pelas ruas. Mas o ponto alto do dia foi o almoço e o jantar no restaurante “La Chicheria”, gastronomia de alta qualidade com uma pegada política super contemporânea. Pensa se eu gosto… de noite, ainda sobrou tempo para um drink na famosa “calle larga”, ponto boêmio da cidade. Vou mencionar ainda nossa visita na ponte “vivas nos queremos”. Forte. Símbolo da luta feminista na cidade, a ponte foi “tomada” pelas mulheres e hoje nela estão pintadas os nomes daquelas que foram vítimas de feminicídio no município.

Cerimônia Cañari - Feira Agroecológica do Cristo Rey

Hoje, sábado, já demos início à intensa programação de visitas durante toda a semana. Começamos pela feira agroecológica de Cristo Rey, onde conhecemos algo do que fazem as famílias campesinas (agricultoras) e participamos de uma cerimônia conduzida por um maestro da cultura Cañari. Uma das tantas culturas da região andina, com uma interessante história de luta entre dois povos fortes que os tentavam conquistar: Os Incas, desde o sul, e os Quíchuas, desde o norte. Pela época do ano, a cerimônia de hoje se chama “Festa da Lua”. Mas se fosse mais ao Sul, em Cuzco, se chamaria “Festa da Princesa”. Essas diferentes denominações podem guardar relação com o fato dos Cañaris reverenciarem mais a Lua, enquanto os Incas, como sabemos , tem o Sol como seu Deus máximo. Voltando ao sentido do ritual de hoje, é um momento de reverenciar os quatro elementos da natureza e seus espíritos, cerimônias que ocorrem de uma ou outra forma em todos os povos, cada um à sua maneira. 
Ana e campesinas na feira

Ainda pela manhã visitamos outra feira agroecológica (El Vergel). Mais troca de informações, mais comida, algumas apresentações com danças típicas e festa na praça.De tarde fomos ao Mirador Turi, um local alto, com muitas lojinhas, cafés e restaurantes, onde podemos ter uma visão de toda a cidade. Aliás, longe de ser pequena, Cuenca tem cerca de 300.000 habitantes.


E terminamos o dia no Parque de la Madre, visitando uma pequena feira de artesanatos e comidinhas antes de jantar outra vez no “La Chicheria”.

Essa foi a passada por Cuenca. E aí? Conhece Cuenca? Gostou de saber algo da cidade?
Amanhã saímos, todo o grupo, de ônibus, em direção à região amazônica do Equador. Passamos dois dias em Gualaquiza. De lá, conto mais!

Ana, minha amiga Bélgica e eu!

Anelise, Daniela e Ana na 
ponte "Vivas nos Queremos"

Ponte "Vivas nos Queremos"

Prato luxuoso na La Chichería

Visual da praça principal de Cuenca