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sexta-feira, 28 de novembro de 2014

México, 26 e 27 de novembro de 2014.

Com duas senhoras que preparam comidas, Mercado Alternativo de
Apizaco
Ontem acordei cedo e caminhei algumas quadras ao redor da praça de Tlaxcala, depois segui caminhando até a Basílica de Ocotlan, uns 1500 metros subindo forte, na altitude de 2500 metros, dá para cansar. Depois de um café da manhã estilo Mexicano fomos ao campo, visitar algo do que fazem por aqui nesta área da Agricultura Orgânica. 
Começamos por uma feira, chamada por eles de Mercado Alternativo de Apizaco. Pequeno, ainda em formação. Mas com alguns produtos muito interessantes e, claro, bancas de comidas prontas. E segui comendo... provei diferentes comidinhas locais, mas vou contar brevemente sobre uma, um tipo de chocolate gelado que tomei. 
Preparando a água de barranco
É uma bebida diferente, ainda que à base de cacau. Leva também fava, milho, canela e anis. Tudo torrado e moído em pilão, acrescido de rapadura e batido intensamente em panela de barro com gelo. Fica tipo um chocolate gelado, leve, com muita espuma e super saboroso. É chamada de cacau ou Água de Barranco. Porque tem uma cor parecida com cor de terra. Segundo eles é uma receita pré-colombina, mas me suscitou duvida o fato de alguns destes ingredientes terem chegado depois da invasão espanhola. Devem existir nuances nesta história.
Nopal e sua fruta, tuna.
Fomos ainda visitar um produtor de Nopal. É um cactus, do qual se consome sua folha descascada. Não acho que tem muito sabor, é meio aguado, mal comparando como se fosse um chuchu. É comum vermos na rua uns saquinhos plásticos com nopal cortado em palitos, servido com pimenta. Claro, tudo tem pimenta. O nopal também se come em tacos. Tudo eles juntam com tortillas e transformam em tacos de diferentes sabores, como eu escrevi ontem. Além de consumir a folha do nopal, ainda tem a tuna, que é a sua fruta. Saborosa, refrescante, com uma casca grossa e espinhenta. Muito bacana o nopal, típica planta do deserto, que com sua aparência inóspita guarda água e alimento. Ele é originário aqui do México, e na verdade existem muitas espécies e variedades que são conhecidas por este nome comum. No semiárido brasileiro algumas espécies tem sido plantadas como alternativa para alimentação do gado.
Ao anoitecer ainda pude passear um pouco mais e cheguei ao Mercado Municipal. E de lá fomos em um bar tomar uma Corona. Decoração super intensa e colorida. Muitas tela passando jogos de futebol. Som altíssimo, intercalando o jogo e a música. Pessoas falando alto, tentando se fazer ouvir. Este kitch tão comum no continente, que eu curto muito e que talvez tenha no México o seu orgasmo.
Pimentas, muitas pimentas!
Hoje o dia começou com um passeio no mesmo Mercado Municipal. É que ficou a vontade de tomar o café da manhã por ali. Fomos em um pequeno grupo. Como em todos os mercados vimos muitas frutas, flores, carnes, produtos chineses... E pimentas, muitas pimentas. Na parte de comida pronta, tortillas, muitas tortillas. Tortillerias que a fazem e vendem. Como uma padaria que vende pão. Comemos tortillas com queijo e se pode agregar algo mais, como carne ou fungos. Como levam queijo não se chamam tacos, mas sim quesadillas. Interessante como fungo aqui é comida popular. Vários deles. O mais interessante que vi é o cuitlacoche, que se desenvolve sobre um tipo de milho. Na própria espiga, em cada grão se desenvolve este fungo. Na verdade agronomicamente é uma doença, mas nesta região do México é considerado comestível quando cresce em uma determinada variedade, aí o fungo deixa de ser um problema e passa a agregar valor ao milho. Tudo na vida é uma questão de perspectiva... Achei incrível!
Vista das casas da cidade
Durante todo o dia seguimos trabalhando. O evento terminou com os discursos emocionados e promessas de contato eterno que caracterizam estas atividades. Quase nunca se cumprem. Mas confesso que estava mais interessado em sair para caminhar na linda Tlaxcala, o que conseguimos fazer a partir das quatro da tarde.                           
Tlaxcala é relativamente pequena, tem uma linda praça central, belíssima arquitetura colonial, bem cuidada, com uma bonita vista do Vulcão La Malinche. Algumas das suas casas são ainda do século XVI, o governo do estado funciona em uma delas. 
Terminando o dia e a estada no México com Tequila. Bagé,
Rafael e Daniela, mexicanos, Genaro, paraguaio, eu e Pablino,
também paraguaio.
Compramos alguns artesanatos, passeamos e terminamos em uma Tequilaria. É que estamos no México. 
Boa forma de terminar a estada por aqui. Pena que não tive nem terei tempo de ver um pouco mais da cidade e da região. Nem digo do país. Um gigante de quase dois milhões de km², mais de 120 milhões de habitantes, com uma diversidade em todos os sentidos que exigiria viver aqui para pensar em conhecê-lo. Mas lamento é não ter tido poucos dias mais para ver vulcões, pirâmides e cidades como Puebla tudo isto aqui muito perto. Mas amanhã já volto para o Brasil, a caminho da Paraíba para uma semana intensa de trabalho. Acho que este ano não conto mais.

Don Julio, reposada, coisa fina...
Cuitlacoche

o modelo aqui na lavoura de nopal

água de barranco - deliciosos!!!

tomando a água de barranco

A folha de nopal, no saquinho ela descascada e
a tuna, sua fruta.

Ao lado da praça central

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

México, 25 de novembro de 2014.


Basílica de Ocotlán
Passei todo o dia de hoje envolvido com o que me trouxe aqui em Tlaxcala. Um Seminário/intercâmbio sobre Certificação Participativa entre México, Paraguai e Brasil. Um evento com pouca gente, umas 40 pessoas, mas todos representando experiências reais baseadas na Agroecologia. As discussões não fugiram das que normalmente acontecem no Continente. O crescimento do trabalho com agricultura ecológica enfrenta dificuldades face o interesse das grandes indústrias, o desinteresse do poder público e a indiferença do consumidor. Mas, como diria Gramsci, um líder operário Italiano, o pessimismo fica só na análise, a ação segue de forma otimista, ampliando o que se vem fazendo como estímulo à produção e consumo de Produtos Ecológicos. Seguimos trabalhando na mesma onda, sem saber bem onde conseguiremos chegar.
Caminho para a Basílica. Há 2500 m de altitude, cansa...
O evento está sendo no município de Ocotlán, cidade vizinha à Tlaxcala. É onde fica a Basílica de Oclotan, muito conhecida aqui no México, um dos países mais católicos do mundo. Foi construída sobre o local de uma das aparições de Maria. Aqui ela apareceu em 1541, para um jovem indígena denominado Juan Diego (ops). Maria lhe recomendou que pegasse água de um poço próximo, porque ela teria propriedades para curar os doentes vitimados por uma peste e que estavam sob o cuidado deste jovem indígena. No local deste poço se construiu a Capilla del Pocito, há uns 400 metros da Basílica. Segundo os fiéis, até hoje está água mantém estas propriedades curativas, o que faz com que milhares de pessoas venham de todos lados buscar e comprovar seus efeitos. Devoto de Maria que sou, tomei e fiquei curado, só não sei exatamente de que.
Capilla del Pocito
Hoje não almocei. Tive que aproveitar este momento para ir ao dentista. Ontem de noite, passando fio dental, caiu um pedaço de um dente. Por isto sou contra usar fio dental. Achei uma dentista, parece que ficou bom. Nunca tinha me acontecido é de ter que ajudar, segurando o sugador na minha boca enquanto ela, meio nervosa, me atendia. O tempo dirá se ela sabia o que estava fazendo.
Como não almocei, no meio da tarde saí para comer uns plátanos rebanados, em uma barraquinha no centro da cidade, ao lado da Basílica. É uma banana grande, frita, aberta em três, e sobre ela se se coloca algo para dar um up-grade. Ela me perguntou com o que eu queria minha banana, como eu não sabia respondi tudo, ela colocou creme de leite, geléia, leite moça e ainda um biscoito por cima... bem light... tava bom...
A comida aqui é todo um tema. Parece ser o assunto principal do mexicano, o seu maior interesse. E de fato a gastronomia daqui chega a todos os cantos do mundo. Chama minha atenção particularmente as comidas de rua. São diversificadas, estão em cada esquina, boa parte delas bem organizadas e cuidadas. São populares, mas seu consumo não se limita apenas aos de menor poder aquisitivo, ainda que naturalmente sejam mais baratas do que nos restaurantes.
Barraca de comida na rua. Olha a onda..
Pelo que vejo todos tem e comem suas comidas preferidas de rua. Entendo que a diversidade vem não apenas da riqueza de matérias primas, mas principalmente de suas inúmeras combinações possíveis. Olha só: dois tipos de tortillas, milho e trigo. Mais de dez tipos de carne que podem ser agregadas. Alguns acompanhamentos como salsa, cebola, pepino e tomate. Diferentes tipos de molho, com doses crescentes de pimenta. Junta-se estes ingredientes à gosto e está visto porque são centenas de diferentes tacos. Taco é uma tortilla com algo sobre ela.
Em uma escala menor se passa o mesmo com o milho verde. Pode ser cozido ou assado. Comido na espiga ou em copo, debulhado. Pode ser agregado sal, limão, manteiga, maionese, molho, pimenta em pó, inteira ou preparada em molho. Se pensamos em todas as combinações possíveis, são dezenas. Bom, por ai vai. Sei que estas combinações exponenciais também estão em um Subway ou em um buffet de cachorro quente, mas ainda acho que aqui é diferente, ao menos os ingredientes me parecem mais originais e os sabores com mais personalidade.
Hoje jantei tacos. Sortidos!
País interessante este México. 
Tacos

A banana já estava frita, ai eu pedi...

Ela fritou de novo, abrindo em três pedaços

Meteu tudo, porque eu pedi tudo. Crerme de leite, geléia,
leite condensado e um biscoito para enfeitar... e me
entregou com esta cara tão simpática...

terça-feira, 25 de novembro de 2014

México, 24 de novembro de 2014.

Helena e seu charme no charmoso restaurante Azul Histórico
    O programa hoje foi ficar com Helena até o último minuto que podíamos, quando nos despedimos no fim da tarde com aquela mescla de sentimentos típica das despedidas. Lágrimas, melancolia, e rogas por uma nova oportunidade de encontro. Lágrimas, alegria, e agradecimento pela oportunidade de fazer um parêntese na saudade. Vida que segue... Todos juntos, cada um no seu lado.
Centro da cidade
De quebra, fiquei com a agradável sensação de ver a filha bem, trabalhando em algo que gosta e, principalmente com as ferramentas necessárias, ainda que estas nunca sejam suficientes, para enfrentar a vida. Amém!
    Mas até Helena me deixar na estação de ônibus e seguir para o aeroporto tivemos tempo de dois excelentes programas. Pedi a ela para irmos de novo tomar café da manhã no Café Tacuba, onde fomos sábado e eu já descrevi aqui. Ela me convenceu a irmos ao Restaurante Azul, na Rua Isabel la Católica,30. Que lugar! Comida Mexicana, o que inclui um menu apenas de desayunos. Pena que foi só uma refeição. O restaurante está em um pátio interno de uma linda casa colonial, toda ela aproveitada com outros restaurantes, cafés, lojas de artesanato, roupas e ainda um pequeno hotel. 
Molletes com frijoles y queso
   Ambiente agradável, decoração local precisa, comida de excelente qualidade, atendimento de primeira. Tudo que se busca em um restaurante. Me impressionou. Repeti o que havíamos comigo outro dia, Molletes con frijoles y queso e Helena variou para umas enchiladas de Jamaicas orgânicas  con salsa chipotleo. Sem comentários.
De lá fomos de metrô para um bairro sofisticado da capital do país, chamado Polanco. Lá fica o Museu Somaya, da Fundação Carlos slim. Lembram dele? O Mexicano que já foi considerado o homem mais rico do mundo. Não sei se ele é tão rico, mas a coleção de obras artes dele é melhor que a minha. Inclui quadros e esculturas de Renoir, Monet, Degas, Gibran, Van Gogh, Corot, Pissarro, Rivera, Siqueiros, Juan Soriano, Rodin, Salvador Dali. Ufa! Fechou com chave de ouro meus três dias de turismo na Cidade do México.
Baño en el rio, painel de Diego Rivera no Museu Somaya
    Às 17:30 peguei o ônibus para Tlaxcala, capital do estado do mesmo nome. Estou aqui no hotel, no Centro Histórico da cidade. Duas horas e meia de viagem e cheguei ao Hotel Boutique 1921, um hotel com 
Hotel 1921, Tlaxclala
pouca sofisticação mas muito charme. Ainda no ônibus havia encontrado com três representantes do Paraguai que também estarão no evento que participarei e com eles fui jantar tacos, não sem antes dar uma volta na bela praça principal da cidade, que fica bem no centro, a uma quadra do hotel.

      Espero ainda ter tempo para passear por Taxclala, que parecer ser uma destas bonitas cidades coloniais, com arquitetura fortemente influenciada pelos espanhóis. Mas tenho três dias de trampo pesado pela frente e sexta feira já regresso para o Brasil. Amanhã conto sobre o meu trabalho por aqui, o hoje já terminou.

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

México, 22 e 23 de novembro de 2014.

Homem, controlador do Universo, Mural de Diogo Riveira
     Cheguei ontem ao México. Desci na capital, DF, como é conhecido por aqui. Tenho trabalho em um Estado vizinho na terça feira e vim antes para visitar Helena, que está morando em Guadalajara desde março.
Passamos o fim de semana matando as saudades, caminhando e visitando alguns lugares. Viajar para o México é o sonho de muita gente. Em apenas dois dias passeando pela capital é fácil compreender por que. Não apenas pelo que vi, mas sabemos que uma caminhada pela capital sempre te deixa pistas sobre o país, através da arquitetura, das comidas, museus, conversas, ou mesmo folhetos, propagandas, cartazes, leitura de jornal. 
Centro da cidade, casa dos azulejos.
Um país com forte influência de tantas e tantas etnias indígenas na sua cultura e mesmo na fisionomia da sua gente, com uma extensão territorial que abriga diferentes ecossistemas, com tanta história, banhado por dois Oceanos, lindas praias, com Vulcões e montes nevados e uma comida que conquistou o mundo pela sua originalidade e sabor, sendo considerada pela UNESCO patrimônio intangível da humanidade, tem mesmo que ser o sonho de consumo de muita gente. E ainda tem a Frida Kahlo...
Começamos ontem com um delicioso café da manhã, que acabou sendo a refeição do dia. No Café Tacuba, (cafedetacuba.com.mx) que fica no centro da cidade, na rua do mesmo nome. Que lugar! O local é uma casa, linda, onde os cômodos fazem o papel de salões do restaurante. Ficamos no salão que leva o nome de Sala da Virgem. Nas paredes, esculturas em tamanho quase real de umas oito imagens de diferentes aparições da Virgem Maria, adornadas com pinturas de rosas vermelhas nas paredes. Desayunamos Chilaquiles con frijoles e Molletes con frijoles y queso. Tomamos água de hibiscus, aquí chamado Jamaica. Pensa... Muito bom! Terminamos com um expresso para ocidentalizar um pouco o menu. 
Café da manhã luxuoso... um almoço!

No canto da sala, na parede, encontramos um desenho de uma Santa e ao lado escrito: Hermana Clarisa, nuestro querido fantasma protector. Cuenta la leyenda que ella atendió y cuidó a las mujeres que permanecían internadas en el primer hospital para enfermas mentales durante la época colonial. Dicho inmueble ocupó parte del predio donde actualmente se encuentra el Café de Tacuba. Su alma “convive” con nosotros… Acho que além da comida, também pela presença desta protetora gostei tanto do Café Tacuba. Pedi a minha anfitriã para me levar lá amanhã de novo.
Depois do café, praticamente um almoço, fomos na Casa Azul (museofridakahlo.org.mx), lugar onde nasceu e viveu esta artista que se tornou uma espécie de símbolo do país. Um dos seus quadros se tornou famoso por ser considerado uma exaltação à vida, mesmo com todas as dificuldades pelas quais ela passou na sua existência. Viva la vida virou até título de hit musical e rodou o mundo! A obra joga com verdes e vermelhos de melancias, inteiras e cortadas sobre a mesa, onde em uma  delas está escrito o nome do quadro, datado e assinado.
Praça de Coyoacán, sábado pela tarde.
Depois de me emocionar com a Frida, fomos passear no próprio bairro onde ela nasceu, Coyoacán, onde a seguimos vendo por quadros, citações e artesanatos. De Coyoacán fomos para a Zona Rosa, já no centro da cidade, e de lá caminhando até o hotel.
Hoje fomos ao bosque de Chapultepec. Passamos o dia lá. Achei a maior viagem, acho que não vimos 20% do que tem para ver. Lugar realmente encantador. Nos concentramos em ver, parcialmente, o MAM, o Castelo e o Museu de Antropologia. E de quebra passear pelo parque, ver a feira repleta de artesanatos de gosto duvidoso, máscaras de lutadores de luta livre, bancas vendendo mágicas e comidas, muitas comidas. Comemos apenas Esquites, milho cozido ou assado, servido em um copo plástico, com limão, maionese ou um molho local, sal, queijo e claro, pimenta. Aqui tudo tem pimenta. Pode ser batata frita, amendoins, milho ou sorvete, não importa, tudo tem pimenta. 
As Duas Fridas.
No Museu de Arte Moderna me emocionei ao ver um dos quadros mais famosos de Frida Kahlo, As duas Fridas, além de dezenas de outras obras de artistas como Diego Rivera, Orozco e Siqueiros
No Castelo de Chapultepec funciona o Museu de História Nacional. Tive uma bela aula de história Mexicana pós Colombo, a invasão espanhola, os seus impérios, suas guerras, repúblicas e revoluções.
E o Museu de Antropologia foi o melhor do dia de hoje. Que impressionante! Segundo Helena, foi eleito este ano o melhor museu do mundo, pelo tripadvisor. Um passeio didático e envolvente por estas incontáveis culturas que são a base da cultura e história deste país. Sai de lá com a sensação de haver visto um caleidoscópio de culturas que se entrecruzaram nesta parte do mundo, concomitante e sucessivamente. Mexicas, Teotihuacan, Maias, Oltecas, Tarascos, Hohokam, Mogollón, Itzáes, Anasazi, etc, etc. Um tremendo sabor de quero mais, de realmente poder usar dois dias para poder desfrutar de todas as informações, peças originais, maquetes e réplicas de cidades, templos e estátuas. 
Terminamos o findi com chave de ouro, em um excelente restaurante espanhol que se chama Gaudi, e fica no Hotel Imperial, perto do Sevilla Palace, onde nos hospedamos. Comemos bem, muito bem.
Eu e Helena na Casa Azul.
Jardins do Castelo de Chapultepec

Réplica de um lugar cerimonial Mexica

Réplica do mercado de Tlatelolco, Cidade Mexica que
chegava a reunir 30 mil pessoas.

Doces na Feira do Bosque de Chapultepec







sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Maputo, 06 e 07 de novembro de 2014.

Seminário que participei
Ontem e hoje transcorreram sem maiores emoções, ainda que ontem de certa forma tenha sido o ponto alto do meu trabalho aqui. Participei de um Seminário intitulado “Certificação da Cadeia de Hortícolas Saudáveis”. Fiz minha apresentação, que incluía uma proposta de como poderia funcionar aquém Maputo um esquema de certificação participativa e ela foi debatida com os participantes e depois entre eles com trabalhos em grupo.
Trabalho em grupo no Seminário
Gostei muito de ter me envolvido nesta consultoria. A escala é muito artesanal, mas nunca me importei com isto, se me importasse não teria nem começado há quase trinta anos atrás. Gosto destes processos que têm como finalidade colocarem as idéias para flotar. Quando necessárias, lá estarão elas, à disposição para serem multiplicadas.
O evento terminou e percebi que estava cansado, que meus planos para a noite iriam ser reduzidos a comer e dormir. E assim foi.
Hoje passei quase todo o dia no escritório da ESSOR, entre relatório e reunião de fechamento desta missão, nome dúbio como se costuma chamar este tipo de trabalho. A avaliação foi positiva de ambas as partes e ficou um gosto de quero mais. Vamos ver se rola
Restaurante no Jardim Dona Berta
Uma das coisas agradáveis desta cidade são os Jardins, os quais já mencionei em outro post. Hoje fui a dois. Almocei um delicioso caril de camarão no Jardim Dona Berta
Camarões em um delicioso molho, com curry, leite de coco, ervas e temperos. Depois fui caminhar no Jardim dos Namorados. Queria ler um pouco mais do Mia Couto em frente às águas do Índico. De novo vi um casamento no Jardim. Roupas coloridas, cantoria, sorrisos fartos e vozes se cruzando, altas. Definitivamente discrição e tons pastéis não são o que mais se vê nestas paragens.
E termino meus dias aqui. Realmente Maputo foi um prazer. Profissional e pessoal. Dos maiores que tenho tido. E não são poucos os que tenho tido. Sou parcimonioso com a palavra conhecer, acho ela forte. Não posso dizer que conheci Moçambique, faltou chegar para além da Capital. Faltou mais comida local. Faltaram as praias. Faltou musica local, ao vivo. Faltaram os Parques Nacionais. Faltou a Savana, as girafas e rinocerontes. Faltaram muitas coisas por ver, do que vi e vivi quero mais. É, vou ter que voltar.

A Baía de Maputo hoje não estava sorridente, mas ainda
assim estava bonita

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Maputo, 04 e 05 novembro de 2014.


Um visual da reunião, com uma panorâmica - detalhe das mangueiras!!!
Ontem fomos novamente ao campo, onde vistamos algumas machambas e participamos de uma reunião feita por um extensionista local sobre a elaboração e uso de bio-inseticidas. Neste caso feito a base de piripiri (pimenta).
Paixão 1 - mulheres rurais e Maputo e suas capulanas
Foi a maior reunião da qual eu participei até o momento. Teve musica e dança de boas vindas, oração no início e no fim da reunião, rápidas intervenções por parte de alguns extensionistas. Ainda foi feito e aplicado o bio-inseticida e dois agricultores com experiência na produção saudável de hortaliças (como eles tem chamado aqui) deram seus depoimentos, na melhor expressão da metodologia campesino-campesino. Eu mesmo só fiz observar e falar 5 minutos sobre nossa experiência, mais para os interessados nesta tal produção saudável. Ou seja, ganhei muito mais do que eventualmente dei...
Um dos detalhes legais desta reunião era o local. Uma área que formava tipo um pátio, embaixo de umas vinte mangueiras, entre umas muito grandes e outras nem tanto. Que sombra, que ambiente legal. 
Paixão 2 - mulheres rurais e Maputo e suas capulanas

De tarde, depois de um tempo de escritório fui com a coordenadora do projeto com o qual estou trabalhando aqui, Emmanuelle, à casa de um casal, ele alemão, ela brasileira, que queriam conversar um pouco sobre agroecologia. Como a casa era ao lado do Jardim dos Cronistas, fomos jantar no Campo de Fiori, segundo alguns o melhor restaurante Italiano de Maputo. Bem agradável.
E hoje foi o dia todo no escritório, já finalizando minha missão por aqui, elaborando relatórios e preparando as duas apresentações que devo fazer amanhã, no Seminário que eles prepararam como o ponto alto da minha estada aqui. É o momento onde eu deverei fazer sugestões para o avanço do trabalho de produção, comercialização e certificação dos produtos orgânicos, ou algo similar a isto, que vem sendo desenvolvido aqui na área rural de Maputo.

Reunião sobre produção saudável
Ainda tive tempo para de novo ir andar no centro da cidade (na baixa), e ver o comércio popular. Muitos, muitos ambulantes. Aliás, nunca vi um lugar com tanto comércio informal, e olha que já estive na Bolívia e no Marrocos... Boa parte destes ambulantes vendendo roupas e sapatos, tanto novos como usados. Pelo que entendi doações humanitárias se transformam em mercadorias de comércio, às vezes dentro, às vezes fora do previsto. Mas não tenho certeza, mesmo os locais não me explicaram isto bem.           
Fim do dia, com uma bela lua, fui de novo ao Assador Típico, restaurante que contei aqui comi um belo camarão com alho e óleo. Repeti a dose hoje. O bom foi que sentei numa mesa para seis pessoas, e como o restaurante é pequeno, logo pediram licença e sentaram comigo três homens, dois pretos e um branco. Um médico sanitarista, um advogado assessor do ministro da educação e o outro, o branco, estava bêbado demais para falar algo que não fosse a expansão do universo e a falsa idéia que ele é redondo, quando na verdade é plano. Mas este encontro foi uma sorte, tivemos um bom papo, pude me inteirar mais um pouco sobre coisas desta terra que cada dia me encanta mais. Reforço a idéia que estou fazendo de Maputo como, surpreendentemente, ao menos para mim, cosmopolita.
E o camarão alhinho estava outra vez delicioso.

Um produtor dando seu depoimento sobre produção saudável

outra panorâmica da reunião

Paixão 3 - mulheres rurais e Maputo e suas capulanas

O extensionista demostrando o uso de bio inseticida

Paixão 4 - mulheres rurais e Maputo e suas capulanas

Paixão 5 - mulheres rurais e Maputo e suas capulanas