Pesquisar este blog

domingo, 22 de outubro de 2023

Tarapoto, 19 a 22 de outubro de 2023

Eu com a linha de tempos dos SPGs no continente

E termina mais uma viagem.

Esse post resume os últimos quatro dias. 

Chcolatre artesanal

Começamos pela saída à campo, na quinta-feira, dia 19, que foi interessante, sim, mas não muito… Saímos ao sul de Tarapoto, em direção a Pucacaco, um pequeno povoado onde fomos visitar três experiências: uma chocolateria bem conhecida por aqui, a MAKAO, depois a Três Rosas, um empreendimento que planta e processa coco e terminamos conhecendo o belo trabalho da “Asociación El Bosque del Futuro Ojos de Água”, que se preocupa en preservar áreas florestais da região. Como nem a chocolateria nem o empreendimento do coco eram orgânicos, ficou um pouco menos interessante a visita, já que esse é o foco da nossa presença aqui. Pero bueno, na próxima devo estar mais atento à programação do dia de saída à campo, e não delegar tudo à organização local, essa é a lição que fica. De todos os modos, viajar um pouco pela Amazônia Peruana foi bem legal! 

Na Associação el Bosque...

Na mesma quinta-feira, de tarde, realizamos um evento público, com palestras e debates sobre agroecologia, na Universidade de Tarapoto. Havia pouca gente, mas as conversas foram interessantes! Terminamos a noite de quinta-feira em um bar com rock de qualidade ao vivo. Acho que foi o melhor programa do dia… 🤦🏽‍♂️ 

Sexta-feira, seminário de novo, com foco na continuidade do Foro Latino-americano de SPGs e na construção da Carta de Tarapoto. Foi tudo bem, com exceção de um momento de tensão, onde agricultores do Peru, Bolívia e Equador manifestaram desconforto por se sentirem excluídos de determinada comissão que foi formada. Ocorre que essa comissão foi escolhida a partir da manifestação de quem teria interesse em estar. Eles não se apontaram, quando ela estava pronta manifestaram seu desagrado. Como moderador, após ouvir essa reclamação, decidi por “voltar no tempo”. Desfiz a comissão formada e perguntei de novo: quem quer participar? Nova comissão foi constituída, com a presença dos países que fizeram essa reivindicação e a paz voltou… a galera gosta de uma tensão… e gosta de ocupar espaços que depois não ocupa… tudo só pra dar trabalho para o moderador…😊💁🏽‍♂️ sim, porque não consegui explicitar bem aqui, mas foi tenso! 

Fotinhas de despedida!
Sexta à noite, tivemos um belo jantar festivo no hotel Rio Curumbaza, depois uma esticada no “Mirador do Amor” e terminamos dançando em uma discoteca até as três da manhã. Divertidíssimo!

Sábado passei o dia descansando, despedindo-me de todas y todos e dando breves caminhadas pela cidade. 

Hoje, domingo, fiquei fazendo hora pela manhã no agradável Café Plaza Tarapoto e saí às 13h do hotel para pegar o avião para Lima, onde estou agora, para daqui regressar para casa. Bela e produtiva semana, ontem já postei aqui a “Carta de Tarapoto”, que resume o que foi conversado no Seminário. Até a próxima, que nem sei onde é, mas sei que de lá, de onde for, conto mais!



sábado, 21 de outubro de 2023

Carta de Tarapoto - 20 de outubro de 2023

 


Carta del Seminario Latinoamericano de SPG 2023

 Desde la belleza y calidez de la Amazonía peruana, en Tarapoto, Perú, nos reunimos del 16 al 20 de octubre del 2023, 64 personas (55% mujeres) de 12 países (11 de América Latina e Italia), comprometidas con la agroecología y los Sistemas Participativos de Garantía (SPG).[1]

A casi 20 años del primer encuentro en Torres, RS, Brasil en el 2004, reconocemos, por un lado, importantes avances en los SPG y, por otro, desafíos persistentes y otros nuevos.

Inspiradas e inspirados en el intercambio durante el Seminario, afirmamos que los SPG:

-  Promueven procesos que aportan al fortalecimiento de la Agroecología y a la identificación de aquellas y aquellos que producen alimentos saludables de forma soberana, implementando sus principios.

-      Han crecido en número, experiencias, actores y alcances en la región, lo que reafirma que, desde nuestras diferentes realidades, estamos tejiendo un camino de unión agroecológica a través de los SPG.

 -  Los SPG son el resultado de una construcción social, por ello, sin la organización local, no es posible masificar la Agroecología.

 -      Los SPG fortalecen y reconocen los diversos procesos sociales de base; contribuyen en el cuidado de la biodiversidad, de las semillas nativas y criollas, de los conocimientos tradicionales y de las funciones ecosistémicas regeneradas a través del manejo agroecológico, así como la resiliencia al cambio climático.

 -      Resaltamos la contribución de las mujeres como promotoras e impulsoras de los procesos de los SPG en sus regiones, tejiendo redes comunitarias en el marco de la Agroecología.

 -      Los SPG incorporan el ejercicio de los derechos humanos, rechazando todo tipo de violencia contra la mujer y a grupos vulnerables. Reconocemos la importancia de desarrollar herramientas para abordar la complejidad de las situaciones de violencia en los territorios.

 En el Seminario reafirmamos que:

 -      Si bien el reconocimiento de los SPG en los marcos normativos nacionales otorga legalidad a los procesos que se implementan, muchas regulaciones imponen requisitos que complejizan los procesos, alejándolos de las cualidades básicas de los SPG como la simplicidad, dinamismo, la capacidad de adaptación a las realidades locales e inclusión. En muchos casos, todo ello resulta en la reducción de la legitimidad de los SPG, construida sobre la base de la participación e involucramiento, transparencia, confianza, autodeterminación y el diálogo de saberes, principios fundamentales de los SPG.

 -      Resulta altamente contradictorio y paradójico que el avance en el reconocimiento normativo de los SPG, en la mayoría de los casos se enfocan solo en el control y fiscalización de estos, en lugar de su promoción y fomento. Por lo que se necesita más apoyo para la efectiva consolidación de los SPG y políticas de fomento, más que mecanismos de control.

 -      La alianza entre agricultoras y agricultores agroecológicas/os con consumidoras y consumidores, así como la articulación con las instituciones públicas y privadas, son esenciales para democratizar la alimentación saludable. Sin embargo, los avances aún son limitados y se requieren mayores esfuerzos en ese sentido.

 -      Las naciones y pueblos originarios proveen mucha sabiduría en los sistemas alimentarios; sin embargo, estos no son valorados y están entre los grupos más vulnerables. Por ello, llamamos a una acción urgente desde los SPG para reconocer sus aportes y respetar sus derechos.

 -      Nuestro compromiso para seguir trabajando de acuerdo con la Carta de Principios de los SPG y las diferentes cartas de los foros que se han gestado colectivamente en los encuentros latinoamericanos.

Finalmente, a pesar de los desafíos, los SPG se mantienen, recrean y amplifican. Desde diferentes circunstancias y con diversidad de actores, seguimos creando con los SPG lazos colectivos de colaboración que nos permiten resistir y sobreponernos a contextos antagónicos, además de continuar el camino con fortaleza, contribuyendo en la construcción de un mundo más solidario y justo, para alcanzar el Buen Vivir / Vivir Bien de los pueblos.

 Tarapoto, Perú, 20 de octubre 2023. 

 



[1] En algunos países se reconocen como SGP – Sistema de Garantía Participativa y SCP – Sistema de Certificación Participativa.

quinta-feira, 19 de outubro de 2023

Tarapoto, 16, 17 e 18 de outubro de 2023

 

Seminário Rolando

Foram três dias movimentados basicamente, de trabalho. Segunda-feira fiquei no hotel quase o dia todo, esperando as pessoas que foram chegando, ao longo do dia. Um grupo oriundo de 13 diferentes países! Chile, Argentina, Uruguai, Paraguai, Brasil, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Costa Rica, México, Itália e Alemanha. Como comentei, a atividade da semana é um Seminário Latinoamericano de Sistemas Participativos de Garantía (SPG).

Mais momentos so Seminário
Vou dizer que, para mim, é particularmente interessante estar aqui, pois fui uma das primeiras pessoas a falar neste assunto, ainda em 1992. Passados trinta anos, ver como esse tema mobiliza as pessoas, tem sido incorporado a dezenas de legislações sobre agricultura orgânica em todo o mundo e, mais importante, permitiu o acesso de centenas de milhares de famílias agricultoras ao crescente mercado de produtos orgânicos é muito gratificante.

E assim seguiu a terça e a quarta-feira: palestras, mesas de diálogo, trabalhos em grupos, debates e conclusões. Como exemplo, vou contar para vocês uma das discussões fortes que tivemos: os SPGs devem incorporar, nos seus manuais de procedimentos, uma atenção especial à violência doméstica. De que forma? Preparando as pessoas que fazem as visitas para atestar a qualidade orgânica das unidades produtivas para que tenham sensibilidade de perceber indícios de violência doméstica. Caso cheguem a ter um depoimento, por parte da mulher visitada, que sim, existe, devem ajudá-la a tomar as providências legais e o SPG, imediatamente, suspende o certificado do homem que cometeu a violência, tomando os cuidados necessários para que a mulher não seja prejudicada em seus processos de comercialização. Interessante não é? É um exemplo prático de como o respeito aos diretos humanos devem se fazer presentes na hora de conferir um certificado de qualidade orgânica a determinado produto ou processo. Um suco de uva ou um alface, que sai de uma cooperativa que se utiliza de trabalho escravo ou de uma família onde existe violência doméstica não deveria merecer o rótulo de orgânico. Pela simples razão de que as pessoas que consomem produtos orgânicos esperam certo compromisso ético, e não apenas em relação ao ambiente, por parte de quem produz. Interessante, não? Você, que consome produtos orgânicos, gostaria de saber que todos os envolvidos no processo de produção estão sendo cuidados…, não? 
Segue...

Temas como os princípios que orientam os SPGs, as razões que justificam sua adoção nas diferentes dinâmicas territoriais e a relação com Estado, foram também abordados.

Digno de nota nestes dias segue sendo a comida. Deliciosa!

Ontem, quarta-feira, pela noite, saímos para conhecer alguns pontos da cidade. Começamos por comer no “Suchiche”, considerado o melhor restaurante da cidade. De fato, comida deliciosa, em um ambiente para lá de agradável. Se você vier a Tarapoto, não deixe de visitar. Pode pedir uma chaufa regional com maduro. Uma fusão de comida amazônica com chinesa - imperdível!

Chocolateria artesanal GUAM
Depois da janta, fomos visitar a GUAM - Gusto Artesanal, da minha amiga Sandra Guevara. Trabalho muito legal, feito por ela, irmã, filhas e sobrinhas. Destaque para o que já comentei no último post, a embalagem feita com folha de bijao. Da GUAM formos para o “Coco Center”, uma loja que vende tudo relativo ao coco. A água de coco deliciosa, vários produtos interessantes como sucos com água de coco, mas o bom gosto… nem falo nada, mas seus artesanatos feitos a partir de coco, replicando animais, alguns em tamanho reais, pênis e vulvas não são a coisa mais bonita que já vi… vou colocar algumas fotos abaixo para que você dê sua opinião…

Terminamos a noite com uma passada na bela praça central, tiramos algumas fotos e viemos dormir. Amanhã tem saída à campo!


De noite, na praça!

E aí? Lindo, né?

Nme digo nada...

Putz...



segunda-feira, 16 de outubro de 2023

Tarapoto, Peru, 14 e 15 de outubro de 2023.

Entardecer na praça central de Tarapoto

Cheguei em Tarapoto, capital do Departamento de San Martín, na Amazônia Peruana, ontem, sábado, 14 de outubro. Estou aqui na qualidade de organizador/facilitador de um Seminário Latino-americano de SPG. Atividade que ocorre no âmbito de um projeto proposto pela ANPE - Asociación Nacional de Produtores Ecológicos do Peru.

Segundo as minhas anotações pessoais, essa é a 20° vez que venho a este país. Sempre à trabalho, ainda que tenha dado alguns bons passeios!

Comida local e popular na veia!

Desci do avião no meio da tarde e fui recepcionado pelo calor amazônico de 36 graus no termômetro, algo mais que isso percebido pelo corpo.

À noite, demos uma volta pela praça central da cidade, bem cuidada e cheia de gente de todas as idades e fomos comer no Partido Alto, um bairro próximo, em uma praça onde se encontram vários lugares que servem comidas regionais. Algo entre quiosques e comida de rua. Eu comi Cecina com tacacho. Cecina é como um bife de carne de porco, cozida e defumada. Muito saborosa, mas é melhor não ver como é feita e armazenada… rsrsrs… Tacacho é uma massa feita com banana verde cozida e macerada. Quando já está bem amassada, se acrescenta banha de porco líquida, sem pena… depois um pouco de toucinho, tudo isso é amassado com a mão e moldado, como se fosse uma bola, por uma senhora que fica a noite toda fazendo isso, ali, ao nosso lado, a céu aberto. Gostei bem tanto de ver a elaboração quanto de degustar essa especiaria… Especiaria? Sim, acho que sim… Por que não? 

Preparações feitas em folha de bijao

Ainda ontem à noite, saímos caminhando e passamos por alguns bares, por um muito interessante hotel com estética amazônica, horizontal, chalés em madeira e uma bela piscina ao meio, chamado “Madera Labrada”, e pela Chocolateria Orquídea, talvez a mais famosa das chocolaterias artesanais que tem por aqui. Tarapoto é conhecido por seu cacau e seu chocolate.

Hoje pela manhã fomos a dois mercados locais. Fiquei impressionado com o movimento, o fato de ser domingo não conta, as ruas e os mercados lotados, muita gente. As mototáxis, com seus bancos, quase uma charrete motorizada, conferem um visual diferente ao ambiente urbano. São muitas, ao mesmo tempo que são poucos carros. Em outros lugares esse meio de locomoção é conhecido como tuc-tuc ou jinriquixá. 

Um dos mercados que visitamos

Nos mercados vimos muitas coisas interessantes, frutas e raízes amazônicas, muita banana, farinhas locais, como por exemplo uma de milho com amendoim, com alguns usos como, por exemplo, “inchicapi de gallina”. Mas vou contar de uma coisa que me encantou: a folha de bijao. Bijao é uma planta que cresce na Amazônia, e suas folhas são usadas para envolver alimentos durante ou após sua preparação. Tamales, humitas e Juane são alguns exemplos. Tamales e Humitas tem a ver com a nossa pamonha, Juane é um prato delicioso, feito a partir de arroz, especiarias e galinha.

Chocolates Gusto
Amazonico!
Uma das nossas anfitriãs aqui em Tarapoto é a Sandra Guevara. Ela faz chocolates artesanais, da marca “Gusto Amazónico”, delicioso, mas com um detalhe que eu reputo como sensacional: São todos embalados com essa folha, de bijao, depois que elas passam por um sofisticado processo que envolve choques térmicos e secagem. Devidamente secas, servem também como embalagem. Cacau daqui, chocolate feito aqui, por mulheres, embalados em uma folha daqui. É ou não é sensacional? 
Amanhã, segunda, começam a chegar todos e todas, 60 pessoas de 13 países, para nosso Seminário, que começa terça e vai até sexta-feira. A semana promete ser movimentada.


Folha de Bijao


Bananas no mercados

Visual dos mercados

Eu, nas Cataratas de Ahuashiyacu.

Banana sendo cozida

Juane com maduro frito