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quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Portugal, 05 de fevereiro de 2015.

     
O estuário do Tejo
      Chegamos hoje cedo a Lisboa. André, Ana e eu. Estamos aqui em Portugal para ficar cinco dias onde se mesclam visitas a trabalhos com Agricultura Orgânica e passeio. Daqui vamos para a Biofach, a big feira de produtos orgânicos em Nuremberg, Sul da Alemanha.
 
Lindo dia frio em Lisboa
Passamos o dia hoje fazendo o planejado. Passeando e comendo por Lisboa. E provando um vinho, de leve.
     Começamos caminhando até a casa de Fernando Pessoa, onde ele passou os últimos 15 dos seus 48 anos de vida. De lá fomos visitar um supermercado que vende só produtos orgânicos. Na verdade fomos a uma das lojas desta rede, que se chama Brio (www.brio.pt). Não tão grande, ótimos produtos, mas me chamou atenção que são quase todos importados. Da Alemanha, na maioria, mas também Espanha, Itália, França e outros países Europeus.
     Deixamos o Brio e fomos até o Chiado, um bairro próximo ao Centro, só para passar no Café A Brasileira, que tem mais de cem anos de funcionamento. Na parte de fora, uma mesa com Fernando Pessoa sentado nela, em bronze, mostra que este era seu local preferido para um café. De lá seguimos pela Rua Augusta até o Tejo. Sabe o que Pessoa falou sobre ele? Pois vou transcrever aqui, não resisto... Chama-se Pelo Tejo vai – se pelo Mundo
      O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia / Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia / Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia./ O Tejo tem grandes navios / E navega nele ainda, / Para aqueles que vêem em tudo o que lá não está, / A memória das naus. / O Tejo desce de Espanha / E o Tejo entra no mar em Portugal. / Toda a gente sabe isso. / Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia / E para onde ele vai / E donde ele vem. / E por isso porque pertence a menos gente, / É mais livre e maior o rio da minha aldeia. / Pelo Tejo vai-se para o Mundo. / Para além do Tejo há a América / E a fortuna daqueles que a encontram. / Ninguém nunca pensou no que há para além / Do rio da minha aldeia. / O rio da minha aldeia não faz pensar em nada. / Quem está ao pé dele está só ao pé dele. 
       O heterônimo que assina este poema é o Alberto Caeiro
Praça de alimentação do Mercado do Cais da Ribeira
     Passeando as margens deste rio tão inspirador, chegamos ao Mercado do Cais da Ribeira. Uma parte deste mercado é ocupada por dezenas de restaurantes conhecidos de Lisboa, que se juntaram ali numa espécie de praça de alimentação gourmet. Queijos, peixes, presuntos, iogurtes e muito mais. Bacalhau e vinho também. E sardinha assada. E leitão. E tortas, sorvetes, doces. E pastel de nata. Ainda bem que não preciso emagrecer...
      Mas acabamos almoçando mesmo em Alfama, este bairro alto, com uma bela vista, muito simpático, com suas ruazinhas estreitas e calçadas onde convivem turistas passeando, aposentados locais jogando cartas e roupas secando em varais improvisados. E o cheiro de Fado no ar.
     Depois ainda tivemos tempo para subir a Avenida Liberdade, linda, ampla, arborizada e onde as marcas de roupas e acessórios mais famosas do planeta fazem ponto.
Sardinhas e outros peixes em conserva.
   Vou contar algo interessante que vimos hoje. Várias lojas que vendem exclusivamente conservas de peixe. Principalmente sardinha e atum em lata. Mas também, salmão, anchova, cavalinha, lula, bacalhau. E outros. Além desta variedade de espécies, a estética da embalagem chama atenção. Algumas empresas são muito antigas, e mantém ou reviveram seu visual vintage. Outras são novas, mas se esmeram também no visual, não necessariamente antigo, mas sempre bonitos. 
Mais conservas de peixes!!!
      
    Latas embrulhadas em papel, caixas que se encaixam, formando desenhos ou palavras que só se completam quando sobrepostas. Isto faz com que estes peixes em conserva não estejam apenas nestas lojas especializadas, mas também sendo vendidas em lojas de souvenir. Imagina, que legal: dar sardinha em lata de presente... e garanto que é um belo presente, bonito, interessante, diferente, saboroso. 
   Tudo isto faz parte de uma estratégia de posicionar este importante produto tipicamente português no mercado. E enfatizo um detalhe, que de detalhe não tem nada: o que provamos estava delicioso. 
       Lisboa me faz lembrar minhas raízes lusitanas. É bom ver parte de nossa origem e perceber o barro que nos moldou ou, ao menos, uma parte dele. Ajuda a se entender.
     Amanhã saímos em direção ao interior, região do Alentejo, devemos dormir em Évora. De lá eu conto o que rolar. 
Tejo, visto da Alfama


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