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sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Nuremberg, 13 de fevereiro de 2015.

Um dos estandes do Brasil, com algumas empresas
     A Biofach é a maior feira de produtos orgânicos do mundo. Mas vem diminuindo lenta e progressivamente nos últimos anos. Acho, mas sem ter certeza, que muitos operadores de produtos orgânicos vêm preferindo participar das feiras específicas da sua respectiva área. Por exemplo, de alimentos, ou vinhos, ou café, ou chocolate.
     
Reunião da CSF - Cooperativa sem fro
  Na real gosto disto. Mal comparando, quando um super - mercado começa a comercializar produtos orgânicos, os posiciona em uma ilha, onde ficam concentrados. Em um momento seguinte, os espalha pelos setores específicos - o café orgânico fica na prateleira de cafés, o açúcar orgânico na prateleira de açúcares, e por aí vai. Melhor assim, mais disponível para o consumidor e ao alcance de seu interesse específico. Não sei se minha leitura é correta, mas se queremos que o orgânico deixe de ser nicho, este é o caminho.
Café do Sul de Minas
  A participação do Brasil também diminuiu na última década. Chegamos a estar quase ausentes, como em 2013. Desta vez o Brasil veio com dois estandes, cada um deles com cerca de 120 m2. São quase contínuos, ao público dá a impressão de ser um só, mas na verdade um deles foi organizado pelo MDA e trouxe dez empreendimentos de agricultores familiares:  Nova Aliança, que vem do RS com suco de uva; Casa Apis - PI, mel; COAPROCOR - PR, polpa de frutas; COOCARAM, RO, guaraná, café, castanha; COOPERACRE, AC, castanha; COOPERCUC, BA, geleias de frutas; COOPFAM, MG, café; COOTAP, RS, arroz; Ecocitrus, RS, sucos e COOPERFAP, SC, geléias.
Visual dos produtos da Native
    O outro estande está sendo organizado pelo  Instituto de Promoção do Desenvolvimento - IPD, com sede no Paraná e pela APEX. Nele, 8 empresas estão expondo: Native - SP, com açúcar, sucos, chocolates, cookies, café e outros; Triunfo - SC, palmito; Amma - BA, chocolate; Itajá - GO, açúcar; Jasmine - cookies e calda de agave; Miolo - SC, palmito; Brasilbev - energético a base de guaraná, açaí e erva-mate e MN Própolis, SP, com mel e derivados.

Estande com empreendimentos da agricultura familiar
   Acompanho a presença do Brasil na Biofach desde 2013. Posso afirmar que falta definir mais claramente o que buscamos ao vir para cá. Uma estratégia que pode ter objetivos mais ou menos ambiciosos, mas que exista. E que seja de médio/longo prazo, com etapas sendo cumpridas a cada ano. Devo estar sonhando, mas seria bonito ver isto.
     Fiquei conversando um pouco hoje com o Nelson Krupinski, gerente de vendas do Arroz Terra Livre, da COOTAP. Nelson é jovem, filho de agricultores, nasceu em Alpestre e em 1995 se mudou para Tapes, ambas cidades no RS. Em 1999 acampou para lutar pelo direito de ter acesso à terra e acabou sendo assentado em 2005 no município de São Jerônimo, a 80 km de Porto Alegre. 
Prosa com o Nélson, sobre o arroz Terra Livre

       Desde 2010 Nélson produz arroz orgânico. Estudou no Iterra, uma escola do MST, onde fez o segundo grau. É da direção da COOTAP e é responsável pela gestão das vendas. Ano passado exportaram 5000 sacos, através de um intermediário. A partir da participação na feira do ano passado estão conversando com um comprador alemão para exportarem diretamente. Eles têm 35 mil sacos de arroz certificados para Europa, outro tanto para os EUA. No total produziram 400 mil sacos de arroz orgânico, nos municípios de São Jerônimo, Nova Santa Rita, Tapes e Viamão.
      Belo exemplo. Ano passado já escrevi sobre eles, mas acho sempre bom divulgar estes exemplos exitosos da reforma agrária. E sabe, o melhor de tudo, o que realmente nos estimula comprar este arroz? Sua qualidade.
Pensa numa coisa gostosa...
      Aliás, como sempre reitero, qualidade é uma marca desta feira. Hoje provamos o que considero o produto mais interessante que vi nesta edição. Anchova em lata de uma tradicional indústria de conservas da Cantabria, no norte da Espanha.  Eles tem uma linha na qual usa azeite de oliva orgânico. Deliciosa. Com um grande diferencial, que lhe confere um sabor especial, que é seu processo de fabricação, todo artesanal. A anchova é lavada, aberta, limpa, colocada em tonéis com sal, depois embalada uma a uma nas latas. Tudo a mão. Vimos um vídeo, muito interessante e chama a atenção o trabalho ser feito exclusivamente por mulheres. Depois deve ser transportada e armazenada a frio, segundo a moça que nos atendeu, para que a anchova não absorva mais ainda do sal e perca seu sabor original. O processo de elaboração pode ser visto na pagina web da empresa: www.codesa.es.

       Amanhã é o último dia da feira. Que pena.

produto forte na feira: sucos, muitos sucos!
Um chocolate dinamarquês... putz...

divulgação dos produtos e do selo bio alemão
descanso do guerreiro...
produtos para crianças

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