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sábado, 7 de fevereiro de 2015

Portugal, 07 de fevereiro de 2015.

Aspecto do Palácio, do Castelo de Évora Monte
        O dia de hoje foi tão bom quanto um dia de viagem pode ser. Saímos cedo e fomos rodar pelo Alentejo, a região onde estamos, ao sul do país. Desde Évora até Elvas, visitando também Évora Monte e Estremoz. Passamos sempre por estradas secundárias, com a paisagem ondulada alternando entre olivares e sobreiros, a árvore que produz a cortiça. De repente surgia uma pequena cidade branca, quase todas com séculos de histórias para contar, algumas muradas e com um castelo sobressaindo em sua parte mais alta. Um belo dia de sol dava cor a todo este visual. Visitar lugares que não conhecemos é sempre legal, quando a viagem envolve ser transportado a outros tempos, vira um privilégio.
 
Casinhas, dentro do Castelo
em Évora Monte
     Em Évora Monte subimos até o Castelo. Muito interessante, eu li que nesta área existem indícios de ocupação deste a pré-história. O Castelo parece que foi construído inicialmente pelos romanos, passou a ser ocupado pelos mouros e por volta do século XII tomado pelo que hoje é Portugal. Acho que vale a pena explicar que o Castelo não é apenas o palácio. Castelo é toda a área murada, que envolve o palácio, onde o Rei vive, e várias outras pequenas construções que servem de morada para todos aqueles que são necessários para atender a corte e tocar a vida do palácio. São inúmeras casinhas, de diferentes tamanhos. Pois então, nos Castelos que temos visitado aqui, estas casinhas seguem servindo de moradia. São pequenas, baixas, imagino que a maioria desconfortáveis, mas é muito interessante ver que são ainda habitadas, deixando estes locais históricos como que “vivos”.
Feira de Estremoz, aos sábados pela manhã.
  Em Estremóz começamos por ir à feira que acontece lá aos sábados pela manhã. Mistura alimentos e antiguidades. Uma boa variedade de produtos, mas o que chamou atenção foram os queijos locais. Provamos alguns, mas a vontade é comprar quilos e colocar na bagagem. Sei que vou sentir saudades deles na hora de colocar uma mesa quando chegar em casa.
       Mas ganhei mesmo meu dia foi quando chegamos ao Castelo de Estremóz. O Palácio foi reformado por D. Diniz para sua esposa, Isabel de Aragão, também conhecida como a Rainha Santa. Isabel de Aragão é uma daquelas santas que foi canonizada pelo povo antes que a Igreja o fizesse. Era muito generosa e muitos milagres lhe são atribuídos. No mais famoso, diz-se que ela estava distribuindo pães, envoltos pelo seu vestido, aos pobres, atividade que desagradava ao Rei, seu esposo. Quando ele a encontra lhe pergunta o que ela tinha no vestido, em tom de leve reprimenda. Ela responde que eram rosas, ao que ele fala: Rosas em Janeiro? Ela diz que sim e solta a barra de seu vestido. Rosas caem no chão. 
Eu com Dona Isabel de Aragão, em Estremoz.

     Dizem que a partir daí ele passa a ter mais respeito por sua esposa. Existem outros milagres atribuídos a ela. Mas talvez o maior deles tenha sido selar a paz entre D. Diniz e seu filho, D. Alfonso IV, que estavam na iminência de uma guerra. D. Alfonso IV é pai de D. Pedro I, que quando enviuvou se juntou com Inês de Castro. Após dez anos vivendo juntos, D. Alfonso manda decapitar Inês, sua nora bastarda, por não concordar com a provável oficialização deste matrimonio. D Pedro quase enlouquece sabendo que sua amada foi decapitada pelo seu pai. 
      Como uma forma de honrar o nome dela, D. Pedro I afirma que casou-se com Inês meses antes dela morrer, o que é confirmado por um Padre. Por isto que em Os Lusíadas, dela escreveu Camões: “Aquela que depois de morta se fez Rainha”. O dito popular derivado desta história e destes versos é: “Agora é tarde, Inês é morta
      Para quem se interessar, existe um ótimo livro intitulado Mensagens de Inês de Castro, escrito pelo Caio Ramacciotti e com mensagens de Inês de Castro psicografadas por Chico Xavier. Vale a leitura, eu já li duas vezes. Falando em Chico Xavier, existe uma linda história de quando Isabel de Aragão apareceu numa noite para ele pedindo ajuda na sua tarefa de repartir pão com os necessitados. Mas esta eu não vou contar aqui. Fica a dica!
Ana, pelas ruelas de Elvas
       Viram porque disse que ganhei meu dia ao visitar Estremóz? Até o quarto onde a Rainha Santa faleceu e 300 anos depois foi transformado em Capela nós visitamos.
      E seguimos para Elvas. Tombada pela Unesco, em 2012, como Patrimônio Histórico Mundial, é uma cidade de fato impressionante. De novo visitamos seu castelo, e andamos pelas suas ruazinhas estreitas, entre suas casas brancas. Um luxo. Almoçamos em Elvas, compramos algumas coisinhas locais e visitamos algumas partes dos seus muros e dois dos vários Fortes que lá existem. Faltou tempo para ver mais. Já era fim de tarde e resolvemos voltar para Évora, onde rolou um vinho com queijo no quarto mesmo e fomos dormir. Só para constar: vinho com queijo aqui é uma opção modesta. No quarto, comprados em feira, é mais barato que um cachorro quente com coca-cola...
     E este foi o dia, ou o que deu para contar dele. Amanhã vamos para Marvão, mais ao centro do país. 
Pousada luxuosa, no palácio que D. Diniz mandou construir /
reformar para sua esposa, Isabel de Aragão
Eu e a Dona Eunice, a senhora que abriu a porta da Capela e
nos contou tudo sobre a Rainha Santa
Na Capela erguida no local onde foi seu quarto, alguns
milagres atribuídos e ela estão retratados. Este é o das rosas.
Neste quadro, a Rainha Santa entre seu esposo e seu filho,
selando a paz. Os soldados, quando viram que era ela,
levantaram as lanças.
Visual de Elvas, a partir do forte de Santa Luzia.


Outra das ruas de Elvas, dentro do Castelo.
Estrremoz, vista  do Castelo

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