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quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Nuremberg, 11 de fevereiro de 2015.

Agricultura Familar brasileira na Biofach
         Passamos todo o dia hoje na Biofach. Fazendo o que eu mais gosto. Andando pelas bancas, vendo e provando produtos e conversando com os produtores – isto quando temos a sorte de sermos atendidos por quem produz! Quando somos atendidos pelos promotores de venda, mecanicamente preparados, a conversa fica pasteurizada e perde boa parte do seu charme e conteúdo.

  
Belos produtos de uma bio - horta
 A feira chama atenção pela diversidade, volume e qualidade dos produtos. Aqui esta conversa do "é possível produzir orgânico em quantidade?" ou "é possível produzir tal produto orgânico?", já não cabe. É uma pergunta como que fora de moda.

     A maioria dos países do mundo está aquii representada, com estandes de diferentes tamanhos. Obviamente, os países mais próximos, como França, Itália e Espanha, se apresentam com mais intensidade, mais volume, ocupam mais espaço. Nesta mesma linha, dois dos sete pavilhões da feira são ocupados quase que exclusivamente pelo país anfitrião.

        O Brasil está presente com dois estandes de médio porte. Um liderado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, que trouxe uma representação de 10 cooperativas de Agricultores Familiares e outro organizado pelo IPD – Instituto Paranaense do Desenvolvimento e APEX, promovendo a participação de dez diferentes empresas. Durante estes dias escreverei mais sobre a participação brasileira. 

Tulipas, em um stand de uma empresa holandesa.
       Hoje quero contar que foram lançados os dados estatísticos referentes à Agricultura Orgânica em 2013. O responsável por este levantamento é o FiBl, (Instituto de Pesquisa de Agricultura Orgânica, sigla em Alemão), com sede na Suíça. A cada ano ocorre, durante a Biofach, o lançamento do livro com estas informações. Eu já estou com o meu em mãos, que ganhei de uma das autoras, minha amiga Julia Lernoud. Por sinal, filhos do casal 20 da Agricultura Orgânica na Argentina, Pipo Lernoud e Maria Calzada.

        Aí vão algumas notícias interessantes. Cento e setenta países do mundo deram informações sobre sua produção orgânica. Em 2013, 43,2 milhões de hectares foram cultivados organicamente, o equivalente a 1% das áreas cultivadas no mundo. Vale ressaltar que estes dados se referem à Agricultura Orgânica certificada. Um produtor ou uma comunidade tradicional, que produz dentro das normas exigidas, mas nunca sequer pensou em requerer sua certificação não consta nesta estatística.
     
19,5% da área cultivada na Áustria é certificada como
orgânica
Como maneira de compensar este vácuo, tem-se levantado também os números relativos a áreas com manejo agro-extrativistas, incluindo também produção de abelhas, aquacultura e florestas manejadas de forma sustentável. Os dados coletados apontaram uma área de 35,1 milhões de hectares.

     Os países que possuem um maior percentual de áreas cultivadas organicamente são: Ilhas Malvinas com 36,3%, Liechtenstein com 31% e Áustria com 19,5%. Não chega a ser surpresa que sejam países muito pequenos. Mas isto não significa que países grandes também não possuam áreas expressivas com produção orgânica. A liderança mundial em área está com a Austrália, com 17,2 milhões de hectares, seguida da Argentina, com uma área de 3,2 milhões de hectares certificados como orgânicos. Estes números se devem em grande medida à pecuária orgânica extensiva.

França: feito na França, feito com amor.
        No mundo são dois milhões de produtores orgânicos certificados. Quase 1/3 deles são indianos, 650 mil. Uganda com 190 mil e México com 170 mil ocupam a segunda e a terceira posição no ranking de países com maior número de unidades certificadas. 

     Sobre o mercado, no ano de 2013 foram comercializados 72 bilhões de dólares, sendo o principal deles os EUA com 24,3, seguido de Alemanha e França, com 7,6 e 4,4 bilhões, respectivamente.
Estande do Paraguay, a cada ano mais organizado.
    Se não me engano o primeiro levantamento feito sobre o mercado mundial foi em 1994, com um total de 4 bilhões de dólares. Em 1999 eram 15 bilhões. O crescimento é significativo, e ainda não dá sinais de arrefecimento. De diferentes fontes ouvi que o mercado de produtos orgânicos seguirá sendo o que mais cresce no setor de alimentos.
     
    Estes números lançam um desafio para aqueles que, como eu, tem se envolvido neste mundo da Agricultura Orgânica com interesses que não se limitam ao mercantil. Como seguir crescendo sem perder os princípios originais? Como voar mantendo as raízes?  

     Agora ficou difícil, sei responder isto não. Acho melhor ir dormir. Amanhã conto mais.
India
Romênia
    
Turquia

China, a cada ano com mais presença
Bélgica

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