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segunda-feira, 30 de maio de 2016

Maputo, 29 e 30 de maio de 2016.

No campo, preparando adubos naturais.
Ontem foi mais um domingo sem ter o que fazer – na real cheio de trabalho me esperando, mas a vontade era mais de não trabalhar e passear pela cidade.
Comecei caminhando por uns três km até o Shopping Maputo, apenas para beber uma Pedras e fazer hora para o almoço. Fui atrás de um restaurante fortemente indicado por dois amigos moçambicanos, Estevão e Stelio.
Por fora do O Coqueiro
Muito interessante o restaurante. Não fica no Shopping e sim próximo, na Feira Popular, um lugar com um parque de diversões e vários restaurantes concentrados em vielas apertadas. Parece que à noite algumas boites também. O local é de visual bem popular, mas vários dos restaurantes tem cara boa, simples e arrumados. Onde eu almocei é um deles. Chama-se O Coqueiro, em uma óbvia homenagem ao coco, o principal personagem da sua especialidade, a comida zambeziana. Gostei da comida e do ambiente. Decoração muito interessante, uma cuidadosa mistura entre o cool e o kitsch. Acho que o som pop internacional em bom volume, mas não exagerado, dá ao local um certo ar cosmopolita, descolado. De sobremesa me trouxeram cocada, como cortesia.
Por dentro do O Coqueiro
Conhecer a culinária africana é conhecer boa parte da origem da culinária brasileira. Bom, não é tão simples assim, na real é uma história de idas e vindas. O coco chegou ao Brasil pelos portugueses, não se sabe se trazido da África ou do sudeste asiático. Por outro lado, o amendoim, que chegou na África originário do Brasil, faz parte de muitos pratos da culinária africana. E por aí vai, idas e vindas, encontros e interações.
Depois do almoço caminhei por outros três km até o Jardim dos Namorados para comer uma sobremesa com um expresso, à beira do Índico. A sobremesa não é tão especial, mas o visual compensa com sobras. Seguindo na séria série coisas que se faz para passar o tempo em um domingo longo fui à feira de artesanato para umas breves comprinhas e no fim da tarde mais três km até o hotel. Jantei comida indiana e fiquei vendo mais um filme africano, o quinto destes dias. Sempre tento fazer isto, ver filmes e ler livros do país ou região onde estou. Ajuda a ver o que se vê.
Com as mulheres, nas suas machambas!
Hoje, segunda, dia de trabalho. Mais um mini curso, no campo, desta vez com produtoras que já trabalham com agricultura orgânica. Conversamos sob um sol forte sobre como produzir bem usando apenas o que aqui estou chamando de "as forças da natureza". Depois fomos a uma sombra de algumas mangueiras, fazer composto e biofertilizantes, sempre na onda de aproveitar o que existe disponível no local. Foi bom, sempre bom trabalhar com esta galera.
Hoje eu soube quanto ganha um trabalhador rural nas machambas do cinturão verde de Maputo. Dois mil e quinhentos meticales, equivalentes à 50 dólares. Por mês. Me lembro bem que o primeiro "salário" que eu e Ana recebemos quando chegamos ao RS, em 1988, no então Centro de Agricultura Ecológica Ipê, eram de três salários mínimos. Para os dois! Convertidos para dólar, era exatamente 150. Por anos o salário mínimo no Brasil equivalia também a cinquenta dólares. Hoje está, se o dolarizamos, cerca de 250 dólares. Já que falei do Brasil, vou completar dizendo que quem tem mais de cinquenta anos, como eu, se lembra bem de um tempo economicamente bem mais difícil do que hoje. Para muitos, a maioria, está melhor agora, muito melhor.

mulherada cansada... trabalham muuiito!

Lindas!!!

Meu frango à zambeziana

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