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segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Maputo, 03 de novembro de 2014.

Reunião local, que estava se realizandona Casa Agrária de Benfica 
Hoje pela manhã fui de novo visitar agricultores em suas machambas. Nesses dias de visitas tenho visto muita coisa interessante. Como já descrevi aqui, o visual na área rural de Maputo e Macala é de uma várzea, com certa declividade, cortada pelo rio que separa as duas cidades.
Três mamás, maneira carinhosa como são chamadas as 
senhoras 
As machambas são cultivadas em sua maioria pelas mulheres, e posso dizer que vi mais gente acima dos 50 anos do que abaixo. A maioria delas, ao menos as que tive contato, falam changana, uma das tantas línguas do país, parece que a mais comum na província de Maputo. Segundo apurei, no país se fala mais de 40 línguas, a maioria consagrada como nacionais pela constituição. Enquanto isto, no Brasil...
As hortaliças cultivadas são semelhantes às nossas, mas com alguns detalhes interessantes: aproveitam algumas plantas ou partes delas, o que não é tão comum no Brasil, como, por exemplo, folhas de abóbora, feijão e mandioca. Nas hortas, os carurus que surgem espontaneamente são tratados com carinho e seus galhos são colhidos para saladas/refogados, como fazemos com o espinafre, por exemplo. 
canteiro de alface, mas os carurus 

não são retirados, são colhidos.
As áreas são muito pequenas e intensamente cultivadas. Usam agrotóxicos principalmente na couve-folha e na alface. Pouco adubo químico e mais esterco de frango. A fertilidade natural dos solos parece alta. Poucas mudanças no manejo lhes permitiriam belos cultivos orgânicos. Muitos deles já são orgânicos, inclusive. Gostam de consorciar plantas, mas não querem nos mostrar os canteiros que estão na "confusão". Mostram apenas os de cultivo solteiro. Parecem que estão com vergonha de não estarem fazendo certo... Tentei sempre valorizar a tal da "confusão", ou seja, mais de uma espécie convivendo na mesma unidade de área.
Com áreas reduzidas e muita disponibilidade de mão de obra, a irrigação das hortas é feita com regador mesmo. Raríssimos casos de irrigação por aspersão.
reunião no campo, com as mamás.
O país é rural, mas em fase de industrialização. O visual que vi no campo é de pobreza, mas nem tanto. Não tive chance de visitar nenhuma casa, o que me impede de ter um quadro mais claro. E devo reconhecer que visitei o cinturão verde da capital. Aqui, os agricultores têm possibilidade de vender sua produção para a maior parte da população do país, concentrada em Maputo e arredores, e ainda negociar a posse da terra. Esse é um negócio proibido e realizado sob o disfarce de negociar as benfeitorias feitas, quaisquer que sejam elas. Moçambique ainda é considerado um dos países com menor IDH do mundo, apesar do PIB crescer a taxas próximas aos 8%, nunca menores que 6% da última década.
Enfim, este é um breve resumo de algo do que tenho podido aprender e ver por aqui.
Assador típico, simples e bom restaurante português
De tarde tive reunião com um representante da Prefeitura de Maputo. Falamos sobre Políticas Públicas para o desenvolvimento da Agricultura Ecológica.
Terminei meu dia, ainda final de tarde, comendo camarão alhinho, um belo camarão ao alho e óleo no Assador Típico, um simpático restaurante português que fica no início da Av. Karl Marx. O camarão alhinho se fez acompanhar de uma Laurentina Premium, uma puro malte que se revelou uma grata surpresa.
É atribuída a Confúcio a seguinte frase: Escolha um trabalho que você goste e não terás que trabalhar um único dia em sua vida. É, eu tenho trabalhado pouco, bem pouco!

Um comentário:

  1. Laercio,
    "Cobicei" esta parte da reunião com as mulheres ... e, senão me engano, vc viu muito mais mulheres trabalhando na roça do que homens, certo?
    É, aí é como aqui ...
    siga bem!
    Ana

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