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sábado, 1 de novembro de 2014

Maputo, 01 de novembro de 2014.

Comércio da Baixa. Vida animada!
    Hoje o dia amanheceu chuvoso e eu não tinha nada para fazer. Consultei o oráculo dos dias que correm e fiz um mapa, visitando três diferentes zonas, um percurso, caminhando, de uns 8 km. Imaginei passar o dia assim. Não foi o que aconteceu.
Com dez minutos de caminhada encontrei o Stelio, um dos membros da equipe da ESSOR, com quem tenho trabalhado estes dias. Ele me convidou para ir a uma festa de noivado, há uns 50 minutos daqui, na Matola, cidade vizinha à Maputo. Aceitei, mas como sairíamos apenas no início da tarde, resolvi fazer parte do programado e caminhar até o Mercado Municipal. 
Mercado popular na Baixa,
                Zedequias Manganhela com Filipe Magaia
E deu mais certo do que eu esperava, porque acabei, por acaso, chegando à zona de mercado popular no centro da cidade, conhecido como mercado da baixa. Muita gente, ambulantes vendendo produtos, claro que a maioria chineses, e serviços, principalmente costureiros, na calçada, fazendo bainha nos tecidos comprados nas inúmeras lojas que se juntam na Av. Filipe Magaia quase esquina com Av. Zedequias Manganhela. Comprei capulanas, paguei pela bainha na calçada, conversei e me diverti vendo a cena. Enquanto via um mosaico de diferentes cores de pele e de produtos da China, mas também da Índia, do Brasil, de outros países Africanos e locais, fiquei pensando nesta cidade como ponto de grandes rotas comerciais ao longo de séculos. De novo me veio à mente os diferentes instantes da história se costurando em um patch work de espaços e momentos. Que viagem! 
Costureiro fazendo bainha nas capulanas, na calçada. 
Depois desta incursão, fui ao Mercado, passeei, conheci alguns dos produtos daqui perdidos no meio de frutas, grãos e temperos que chegam de outras partes do Mundo e comprei piripiri, a famosa pimenta local. Local mas que veio da Índia. Ainda tive tempo para passear um pouco pela Baixa. Tomei um expresso no restaurante Bella Madallena, em frente ao mercado, caminhei até o Centro Cultural Franco Moçambicano, relaxei um pouco no seu agradável jardim, fui por um outro expresso no café Continental e aí sim fui rebocado para a festa de noivado, pouco depois das duas da tarde. A esta altura do dia, a chuva fina se recolheu e o sol quente se lembrou que era sábado, dia de sair de casa.
Preparativos para o noivado
E como eu imaginava quando aceitei o convite, a festa de noivado foi o melhor do dia. Bela oportunidade de participar de um evento tão autentico da cultura local. Simples, no quintal de areia da casa, na periferia de Macala, apenas familiares, umas 60 pessoas, almoço, refrigerantes, cerveja, tortas e bolos. E espumante para o brinde. Quando chegamos, as famílias do noivo e da noiva estavam conversando, se acertando. Soube que as negociações correram muito bem e que o casamento foi marcado para daqui a pouco menos que um ano, prazo máximo após o noivado. Segundo me explicaram consiste do lobolo, que é o casamento de fato e no dia seguinte a cerimônia oficial, o casamento de direito. Festa nos dois dias! E ainda tem o xiguiane, no dia seguinte, uma cerimônia menor, na casa do noivo, com festa também! Ou seja, para os noivos e alguns familiares e amigos, três dias de festa!
Mulheres cantando, dançando e oferecendo uma capulana
à noiva
Em um dado momento da festa, as mulheres se aproximaram dos noivos e ofereceram seus presentes. Pelo que vi sempre capulanas, que eram abertas, colocadas em volta dos noivos e amarradas, juntando os dois, simbolizando a união indissolúvel. Fiquei feliz de ter uma capulana para oferecer. As mulheres cantaram para mim, já que eu não sei cantar na língua local e uma senhora veio dançar comigo, o que é parte deste momento, o canto e a dança.
Eram oito da noite quando saímos de lá. Ainda tivemos tempo de passar no Bar Lounge 1908, um sofisticado bar e restaurante bastante agradável. Ficamos pouco, já era hora de dormir, o dia foi longo. E muito interessante.

Mercado Municipal

Centro Cultural Franco Moçambicano

Um comentário:

  1. Laercio,
    Sabemos que no âmbito do nosso trabalho, nas viagens que fazemos não visitamos somente pessoas, mas conhecemos lugares e pessoas podem nos apresentar suas vidas, suas culturas ...
    Ontem vc teve esta oportunidade, este privilégio - deve ser mesmo merecimento!
    Siga bem!
    Ana Luiza Meirelles

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