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quinta-feira, 24 de julho de 2014

Riobamba e Chimborazo, 23 de Julho de 2014.

Uma das tantas vistas do Chimborazo
Saímos cedo de Cuenca em direção à Riobamba, centro do país. Quando amanheceu, às seis da manhã, já havíamos viajado por uma hora e aí pude ver a serra cordilherada que ouvi o cantor chileno Victor Jara mencionar, no cd que ouvíamos no carro. Os Andes são sempre lindos. Não canso de admirar o fato deve estar viajando em uma estrada a mais de 2500 metros de altura e ainda divisar montanhas super altas, uma após outra. Coloquei uma foto que tirei de dentro do carro aí embaixo.
Preparando nosso almoço: mote,
       papas y hornado!
Chegamos à Riobamba, capital da Província de Chimborazo, às dez da manhã e fomos diretamente para o Auditório da Universidade, onde o evento já tinha começado. Fiz minha palestra e como prêmio, depois de uma semana intensa, pedi para me levarem para comer algo local... Daniel, meu filho, me diria em certo tom de enfado: "pai, você é muito típico!".
Sim, acho que sou...
Riobamba é conhecida como a cidade dos nevados. Alguns vulcões, nevados ou não, circundam a cidade, o que a deixa com um visual bem impactante. São o Chimborazo, de onde a província herdou o nome, o Tungurahua Altar e o Carihuairazo. Aliás, várias províncias do Equador herdam os nomes de suas principais montanhas. Não resisti, pedi e meu amigo Roberto Gortaire e sua esposa me satisfizeram o desejo, e no meio da tarde ainda acharam tempo para me levar ao Chimborazo, o mais alto dos nevados.
Adoro visitar vulcões. Me fazem recordar meu tamanho. 
Na cultura andina, as montanhas são uma divindade que cuida da sua área de influência e são chamadas de apus, que significa senhor, em quechua. Outros dizem que apu é o nome dos espíritos que vivem dentro das montanhas. Este apu que visitei hoje é lindo. 
Vista do quarto do meu hotel, o Zeus.
E recheado de histórias interessantes. Contou-me Roberto que há pouco o Ministério da Cultura homenageou um senhor que ainda segue uma antiga tradição de extrair gelo do Chimborazo. Ele extrai umas pedras grandes, que são envolvidas em palha, carregadas em burro até o mercado da cidade e ali servem de base para, dentre outras coisas, um suco especial, com frutas e ervas, energético, para alguns até afrodisíaco. Ele é um remanescente do que se costumava chamar “Los hieleros del Chimborazo”.
Mas como disse este não é o único vulcão que cerca Riobamba, uma cidade de pouco mais de 200 mil habitantes. Como em outros lugares, estes vulcões e montanhas com grande impacto na paisagem trazem suas lendas. Aqui ouvi que o Chimborazo (pai) era casado com Tungurahua (mãe). Esta o acusava de não lhe dar filhos brancos como ele. Por raiva, ela soltava cinzas... depois ele deu um jeito, e conseguiu lhe dar os filhos que ela queria. Mas outros, em um estilo mais folhetim, já envolvem os nevados Altar e Carihuairazo na história deste casal e descrevem um caso de traição, filho bastardo e sequestro...
Do quarto do meu hotel, posso ver o Chimborazo, através de uma grande janela. No banheiro também colocaram uma janela grande, para seguirmos admirando-o (ou sendo protegido por ele...). O elevador panorâmico do hotel nos permite seguir acompanhado por ele. 
Euzinho bem acompanhado..
Conforme subimos a estrada que nos levou ao Parque Nacional onde está o vulcão, vamos vendo que ele assume diferentes fisionomias. Como a estrada o circunda, o vemos de diferentes ângulos, e parecem montanhas diferentes. Pressinto uma metáfora possível, nós também somos muitos, depende do ângulo que nos observam...
Outra coisa interessante: assim como em outros pontos nevados do planeta, a capa de neve se mostra a cada ano menor. Efeito do aquecimento global. Pelo pouco que contei aqui, sucos e sorvetes com gelo oriundo do Chimborazo, historias e lendas, hotel privilegiando sua vista, cultura e turismo que envolve os nevados, nós podemos imaginar o impacto que estas mudanças na paisagem podem provocar.
Outra vista do Chimborazo.
Fui ler sobre o Chimborazo e descobri que seu cume está a 6267 msnm, e é o ponto mais alto do planeta, se a distância for medida a partir do núcleo, já que a terra é oval, e a linha do equador tem uma proeminência em relação aos polos. Por falar em linha do equador, eu estou no Equador, e, estando no seu ponto mais alto, significa que nunca tinha chegado tão perto do Sol. Minha Tia Eny costumava dizer que o sol é morada de espíritos superiores. Estando mais próximo do sol e na área de influencia de um apu, aproveitei para fazer minhas preces e meditações. Sobre tudo agradecendo...!!!
Amanhã regresso. Saio daqui de manhã, viajando de carro tranquilo, vendo alguns nevados, pensando na vida, parando para almoçar e quando ver, pronto, lá pelas três da tarde estarei no aeroporto. 
Foto tirada de dentro do carro, entre Cuenca e Riobamba.
Vicunhas, os camelídeos que vivem na parte alta dos Andes.
Outra bela vista do Chimborazo.
Outra vista do Chimborazo. E o galã aqui!


2 comentários:

  1. Lindo lugar, lindas fotos!
    Ótimo depoimento e informações interessantes!
    E pensar que estas oportunidades são dadas pelo seu trabalho e que este é seu meio de viver!
    Boa viagem de volta!
    Ana Luiza

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  2. Maravilha isso Laércio!!!
    Me senti aí também !!!
    Que Jesus te acompanhe na volta !!! Boa viagem !!!

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