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quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Nuremberg, 10 de fevereiro de 2016.

Apresentação do livro de estatísticas. Na foto as autoras,
Julia Lernoud à esquerda e Helga Willer no centro.
Passamos o dia hoje na Biofach. Fazendo o de sempre. Vendo a enorme variedade de produtos orgânicos, provando, conversando e aprendendo.
O destaque do dia fica para a apresentação sobre estatísticas e tendências da agricultura orgânica. Este trabalho é apresentado todos os anos aqui na Biofach e é disponibilizado através de um livro organizado e editado por Fibl (www.fibl.org/en/homepage.html). O deste ano tem um pequeno artigo meu sobre a Agricultura Orgânica no Brasil.
Falando dos números que ouvi. Os dados são de 2014 e foram coletados em 172 países de todos os continentes. A área com agricultura orgânica no mundo neste ano era de quase 47 milhões de hectares. Para ter uma ideia, em 1999 eram onze milhões de hectares. Em 15 anos a área mundial cresceu mais de 300%. Só de 2013 para 2014 foram 500 mil hectares a mais com produção orgânica. A Austrália, com mais de 17 milhões, e Argentina com outros 3 milhões, são os dois países líderes em área certificada. Como um percentual grande destes valores é com pecuária super extensiva, considero o primeiro lugar de verdade o terceiro da lista, os EUA, sempre eles, com 2,2 milhões de hectares certificados como orgânicos. Vale ressaltar que o número norte americano é de 2011. China com 1,9 e Espanha com 1,7 milhões ocupam o quarto e quinto lugares. Pensando no tamanho dos países este quinto lugar da Espanha chama a atenção. Brasil com seiscentos mil hectares está em 12 lugar. Deixa eu salientar que temos muitas dificuldades em obter números precisos no Brasil. Se minha memória não me engana, já apresentamos número maior que este. Contraditoriamente isto não significa que a área diminuiu de fato, mas sim que estamos mais cuidadosos ao apurar os números. 
Visual de um dos corredores da Biofach.
Mais ou menos 1% da superfície cultivada no mundo é dedicada à agricultura orgânica. Mas existem onze países com mais de dez por cento da sua área sob esta condição. Exemplos? Itália com 10,8%; Suécia com 16,4% e Áustria com 19,4% de suas áreas de produção agropecuária certificada como orgânica. No livro lançado hoje o Brasil aparece com 0,3% de nossa área como orgânica, o que nos coloca fora dos cem primeiros países deste ranking. Triste numero, ainda mais para quem é o campeão mundial no uso de agrotóxicos. Ainda sobre as áreas cultivadas, quatro países aumentaram este número em mais de 100 mil hectares de 2013 para 2014. Uruguai com 376 mil hectares a mais certificados, Índia com 210 mil, Russia e Espanha com pouco mais de cem mil cada um.
Sementes ogânicas de hortaliças.
Que inveja..
.
Falando sobre o número de produtores orgânicos, neste quesito a terra de Gandhi pula na frente. São 650 mil, seguido de longe por Uganda com 190 mil, México com 170 mil, Filipinas com 165 mil, Tanzânia com 148 mil e Etiópia com 136 mil. Estes são os seis primeiros e os únicos com mais de cem mil produtores orgânicos. Estes países além de muito povoados possuem uma presença marcante de pequenos produtores, familiares. E com produtos com forte apelo no mercado internacional, como arroz, banana, cacau e café. No caso da Índia e do México, também existe um mercado interno, incipiente mas em expansão. No Brasil o livro aponta para 12 mil produtores certificados em 2014. Este numero hoje já está acima de 15 mil.
Cansei de números, amanhã falo do volume do mercado no mundo e em diferentes países.
Fora os números, como comecei dizendo nesta postagem, o bom aqui é caminhar pela feira, ver produtos, provar-los, conversar, ver as embalagens, e, principalmente, observar se há algo diferente a ser observado. Hoje vi muitas coisas lindas, gostosas e algumas interessantes, mas vou aguardar mais uns dias para falar em novidades e tendências, para não me precipitar.
São dez horas e faz frio aqui no meu modesto Hotel Garni. Hora de dormir.

Ana no stand da COOPFAM, Cooperativas de cafeicultores
familiares do Sul de Minas, Brasil.

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