Um Deus Grego sobre a Ponte pêncil do Rio Verde, na Isla del Pailon |
Outros dois dias corridos. Ontem, terça-feira, acordei cedo
com uma linda chuva tropical. A Pousada Las
Palmas em Puyo é um charme, toda
amadeirada e com um jardim pequeno mas muito intenso. Pena que só dormi lá uma
noite, a melhor dos últimos dez dias.
IV Jornada Agroecológca em Puyo |
O evento no qual fiz uma palestra, parte das IV Jornadas
Agroecológicas do Equador, foi na Universidade Estatal Amazônica. Nome
instigante e proposta interessante. Pena que este nosso ensino não consegue
pensar fora da bolha, nem no conteúdo nem no método. Falei sobre princípios da
agroecologia. Interessante foi encontrar um amigo Equatoriano, Marco Castillo,
que fez um curso conosco, no Brasil, em 1998. O havia encontrado neste mesmo
ano aqui no Equador e nunca mais. Bonito foi ele me mostrando o material
didático que distribuímos, que não temos mais, e falar da importância que esta
atividade teve em sua vida. Sempre bom saber!
Viajamos de tarde para Quito. Viagem bonita, com as verdes e
altas montanhas nos fazendo companhia todo o tempo.
Cascata del Diablo |
No meio do caminho paramos na Isla del Pailon. Aí se vê o Rio Verde, encaixado nas montanhas, com
cachoeiras lindíssimas, podemos caminhar às suas margens, passando por uma
ponte pênsil sobre ele vendo cascatas até chegar Cascata
del Diablo . Um ambiente de natureza exuberante, visual lindo e uma queda
d’água bastante impressionante, daquelas que amedronta só de ver e que nos
ajuda a dimensionar-nos com mais precisão. Olho para aquela força toda e me
lembro que soupoucoquasenada.
Seguimos viagem e às oito da noite chegamos em Quito. Comi
algo rápido e fiquei no quarto respondendo mensagens e preparando a palestra de
hoje.
Hoje, quarta-feira feita, já foi outro dia... outro mundo...
saí às cinco do hotel para o aeroporto e às nove já começava o evento em
Cuenca, talvez a mais charmosa cidade do Equador. Cuenca é uma espécie de
capital cultural do país, que tem em Guayaquil sua capital econômica e Quito
sua capital política.
Cordilheira dos Andes vista do avião |
O voo para Cuenca é lindíssimo. Sabendo disto escolhi uma
janela no péssimo avião da TAME, linha aérea local. Voar sobre as Cordilheiras
dos Andes é mágico. De novo as altas montanhas, algumas com densas vegetações,
outras com vegetação mais ligeira. As mais altas, secas. Os vales cultivados em
pequenas áreas, com seus verdes em diferentes tonalidades. Os rios passeando
pela paisagem, acompanhado de uma breve vegetação às suas margens. Em alguns
trechos da viagem os pontos mais altos das montanhas vencem as nuvens, restabelecendo
a ordem e aproveitando para cuidar também delas. Um espetáculo!
Cuenca é a cidade que eu mais conheço no Equador, tem alguns
posts aqui no blog a descrevendo.
Minha primeira vez em Cuenca foi para, a convite da CEA - Coordenadora
Equatoriana de Agroecologia - dar um curso sobre Trofobiose. Há 19 anos...
Evento em Cuenca. Vazio... |
Um detalhe. Para minha surpresa não encontrei boa parte dos
meus amigos que trabalham com Agroecologia em Cuenca. E o evento tinha pouca
gente para a qualidade do trabalho que existe aqui. Intuo, sem estar seguro,
divergências internas entre as lideranças que trabalham com este tema na
região. Prefiro estar errado, porque disputas internas só deixam felizes
aqueles que preferem que a agroecologia não avance, para resguardar seus
interesses econômicos.
Cuenca. Linda... |
Pela tarde tivemos tempo para passear por Cuenca. Conduzidos
por um amigo natural da cidade, Patrício Bravo, pudemos rapidamente ver muitas
coisas interessantes. A praça central, a Catedral, um centro municipal de
artesanatos, passear pelas ruas do centro, visitar uma linda loja de comércio
justo, e o melhor da tarde, o Museu Pumapungo,
que tenta sintetizar com reproduções em tamanho natural as diferentes etnias do
país, sua forma de vida e seu habitat. Muito interessante.
O Taita Carnaval |
Dentre tantas coisas
legais que vi, vou contar uma sobre esta foto aqui ao lado. Este é o Taita Carnaval. Taita é uma expressão Quéchua
para pai. O Taita Carnaval visita as
casas de “mesa bem posta”, enquanto seus donos estão propositalmente fora. Come
o que lhe apetece e deixa sorte, saúde, colheitas abundantes e ausência de
roubos, secas ou geadas. As casas que não se preparam para o Taita Carnaval são recebidos pelo Yarcai (a fome). Os homens chamam o Taita Carnaval já a partir dos primeiros
dias de fevereiro, com flautas e tambores. Chamá-lo em outras épocas do ano
seria sinal de mendicância, e portanto, por vergonha, não o fazem. Enquanto
isto os homens estão fora de casa tocando uma música e, concluo eu, tomando uma
bebidinha.... Adoro estas relatos da cultura popular com toques de histórias
míticas.
Cheguei ao hotel já havia passado das onze. Amanhã cedo
tenho que participar de outro evento. Fui!
Aspecto da Catedral nova de Cuenca |
Ainda na Isla del Pailon, vegetação exuberante. |
Casa de Eudoxia Estrella, pintora Cuencana, suas obras aí expostas são muto interessantes. |
Muito legal! E essa vegetação parece em 3D ... fantástica. Sobre o Deus grego, nem vou comentar ... tem dono!
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