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sábado, 19 de novembro de 2016

Ayacucho, 19 de novembro de 2016.

Patricia, Evelyn, Maximiliano, Eusebio, Maurizio,
eu e Andrea.
Já comentei que vim ao Peru várias vezes, desde 1997. Uma das coisas que aprendi é que para entender a idiossincrasia do povo Peruano é importante saber um pouco do que representou para eles os aqui denominados anos de violência, nas décadas de 80 e 90. Para ouvir um pouco mais sobre isto fomos ao Museu da MemóriaAyacucho foi a cidade que mais sofreu pelas ações do Sendero Luminoso, que se imaginava uma guerrilha de esquerda. 
Museu da Memória
Quando o Governo Peruano percebeu que as ações do grupo liderado por Abimael Guzmán não era apenas de "ladrōes de gado", as forças policial e militar entraram em ação, o que resultou em mais violência às famílias campesinas. Em seus depoimentos elas comentam que viviam permanente entre estes dois lados bastante violentos. Esta história está fartamente documentada e é muito fácil buscar informações sobre ela, portanto não vou discorrer mais aqui. Apenas deixo o registro do quanto  me impressionou o Museu da Memória e os inúmeros casos ali contados sobre filhos que saíram para estudar e nunca mais voltaram, pais ou mesmo famílias inteiras assassinadas cruelmente por um lado suspeitar que esta família apoiava o outro. Uma última informação que me surpreendeu muito: o Sendero Luminoso ainda atua em algumas regiões do norte de Ayacucho.
Batata, onde ela gosta de estar: nos Andes!
Mas o dia não começou com a visita ao Museu da Memória. Antes das sete da manhã estávamos de pé, aceitamos o convite da minha amiga Patrícia Flores e fomos visitar uma família  campesina perto de Ayacucho. O Sr. Maximiliano preside uma associação de 13 criadores de cuys (preás) tão apreciados nos países andinos. Além de criar cuys, ele cultiva batata, milho, feijão, abóboras e 2 hectares de quinua, branca e negra. Uma observação: tem que saber muito para fazer tanto, em um ecossistema tão extremo, pouco abundante em vida. Ao fim da visita nos ofereceram um café da manhã. Carne de porco frita, batata assada e milho cozido. Para beber, chá e chicha de jora, um fermentado de malte de milho, ainda do tempo dos Incas, que pode ou não ter diferentes teores alcoólicos. O de hoje era novo, sem álcool.
Litoescultura dos Wari
No dia ainda coube uma breve passada no VIII Encontro Nacional de Sistemas Participativos de Garantia, evento que me trouxe a Ayacucho e uma visita ao Museu Histórico Regional Hipólito Unanue, cheio de informações sobre a colonização dos Andes, desde o século XXIII AC, e o desenvolvimento de inúmeras culturas, que se sucederam ao longo dos séculos, em uma história de invasões e conquistas. 
E tive pouco tempo para comprar os famosos artesanatos de Ayacucho. Vou ter que voltar...
Agora já no aeroporto de Lima, oito da noite, esperando o voo para Porto Alegre, com mais uma viagem na bagagem. Hoje, enquanto arrumava a mala, fiquei ouvindo Mercedes Sosa. Uma das suas famosas canções que eu ouvi dizia: “Gracias a la Vida, que me ha dado tanto...”.

essas mulheres...

...e suas roupas maravilhosas!


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