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domingo, 8 de setembro de 2013

Lima, 07 de setembro de 2013.

         
Fernando Alvarado, Antonieta Manrique e eu, 
Mercado Saludable de La Molina 
           Hoje fui visitar uma Feira, chamada Mercado Saudável de La Molina. Produtos Orgânicos em sua maioria, outros mais na linha natural, artesanatos, brinquedos de maneira. Muito bem organizada, fica em um parque, na Alameda del Corregidor cuadra 5, municipalidad de La Molina. Revi alguns amigos, comprei o Café Feminino, (além de muito bom gosto do nome) e pão Essênio, feito a partir de trigo germinado, acrescido de frutas secas. Delicioso.    
Mistura, lotado!
       Depois voltei ao Mistura. Hoje, sábado, estava absolutamente lotado. Algumas filas para comer com espera de uma hora. Talvez mais. De fato, reafirmo o que já disse aqui, o peruano é absolutamente empolgado com sua comida, e Mistura é o exemplo mais emblemático disto.
Vou contar duas coisas interessantes, entre várias que ouvi hoje.
A primeira sobre o chef, Gaston Acurio. Seu principal restaurante, dele e de sua esposa, o Astrid y Gaston, http://astridygaston.com, acaba de ganhar um premio como melhor da Américas Latina, fruto do voto de cerca de 250 chefs e críticos do Continente. Em várias listas mundiais figura entre os 50 melhores do mundo. Ou seja, top. E hoje, o que ouvi de uma Peruana: “Gastón tirou a vergonha que sentíamos pela comida andina. Se pedíamos papas a la huancaína o causa, éramos chamadas de serrana.” (quer dizer da Serra, dos Andes, similar ao caipira no Brasil). E isto falado com emoção, com sensação de gratidão a pessoa que fez isto por ela. É o que tento dizer do significado para os peruanos da sua comida, do reflexo que isto tem em sua auto imagem como cidadãos. Queria contar isto, achei interessante.
Mesas no Mistura. E a galera comendo...
Depois de viajar pela comida Andina, a onda dele nos últimos tempos é a Amazônia. Acho que a onda do Alex Atala no Brasil também anda por aí agora.
A outra coisa que ouvi e que reputo como interessante foi de um agricultor de Puno, região dos Andes, no sul do país. Ele me contou sobre o cultivo de batata. Tive ajuda de outro agricultor conhecido meu, já que este senhor de Puno mal falava o espanhol. Ele me contou que cultiva 150 variedades de batata, um sulco (linha) de cada. Que na época da floração da batata é bonito ver o campo todo florido com diferentes cores. 
batata andina: a que faz chorar a nora
E que existe batata para diferentes finalidades. Para dar de presente à comadre ou ao compadre. Que cozinha rápido, a primeira a ser comida na época da colheita, ainda no campo. Para cozinhar, fritar, fazer sopa, purê, etc. Com funções medicinais (e agora os nutracêuticos estão na moda!). E uma delas, esta da foto ao lado, que tem um nome Quechua, como todas, e que a tradução ao português seria algo como: a que faz chorar a nora. Quando um homem escolhe a mulher com quem gostaria de casar, ela deve descascar esta batata sem romper a casca e dando todas as voltas que ela requer. Já tinha ouvido isto e disse ao agricultor que pensava que era brincadeira, ao que ele me respondeu em tom sério que não, não era broma. Para ele este assunto é sério. Este momento, de descascar a batata, é como um ritual de aceitação da nova pessoa na família. Me chama a atenção que a batata esteja envolvida, Na cultura Andina, batata é coisa séria, permeia boa parte da vida das pessoas, não é apenas um alimento. 
E de noite fomos, eu e Ana, ao Barranco, o bairro boêmio da cidade. Recomendo. Fomos ouvir musica ao vivo, tomar uma cerveja e um pisco souer. Nada mal.

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