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sábado, 7 de setembro de 2013

Lima, 06 de setembro de 2013.

Um dos mundos da Mistura 
Hoje participei de uma reunião sobre a regulamentação dos Sistemas Participativos de Garantia para a Agricultura Orgânica nos quatro países da CAN - Comunidad Andina de las Naciones. Peru, Bolívia, Equador e Colômbia. Às três da tarde terminou e fui à Mistura.
Visual da Mistura
Mistura é uma feira Gastronômica que acontece todos os anos em setembro, aqui em Lima. Não é muito antiga, está na sua sexta edição. Esta é a segunda vez que a visito, e me dá a impressão que eles ainda estão buscando seu formato ideal. Está um pouco mais sofisticada, menos popular, e acho que ela perde um pouco com isto. Mas é muito interessante. Gastronomia no Peru é o assunto da hora, e não é de hoje. A culinária local é possivelmente o maior motivo de orgulho do povo daqui, e me arrisco a dizer que o sucesso da cozinha peruana no mundo aumentou a auto-estima da população. Acho que é válido comparar com a relação que temos com o futebol, e o que representou para o povo Brasileiro ganhar o tricampeonato do México.
O Brasil também é um país de uma culinária riquíssima, mas não sinto que tenhamos orgulho disto. Se recebermos um amigo de fora, até queremos levá-lo em um bom restaurante, mas pode ser que seja de comida italiana, japonesa ou francesa. Aqui, esquece. Sempre de comida peruana. Claro que existem restaurantes internacionais, mas a imensa maioria é de restaurantes especializados em comida peruana, de diferentes regiões do país. E a pessoa mais conhecida deste país não é um jogador de futebol, é um chef, Gastón Acurio.
Feira de Produtores, parte importante da Feira.
Mistura é organizada por Apega, a Associação Peruana de Gastronomia, que tem exatamente no Gastón Acurio seu nome mais significativo. Há três anos tive a chance de estar em um Encontro de Agricultores Ecológicos aqui do Peru onde ele foi falar sobre a necessária aliança entre os cozinheiros e os agricultores. Ele, e Apega, tem incansavelmente batido na tecla que sem a agricultura familiar não haveria a comida peruana. E fala das batatas, dos milhos, da quinua e do amaranthus. E das lhamas e alpacas. E ainda salienta o aspecto ecológico, agrobiodiverso dos produtos campesinos. Elegeu Don Julio, um agricultor que mantém mais de 150 variedades locais de batatas em sua propriedade a quase 4000 metros de altitude e que só fala quechua, o papá de las papas. Tem se mostrado um aliado muito importante para os Agricultores Familiares, ecológicos ou não, do País. Claro que é uma aliança difícil, os interesses das organizações às vezes falam mais alto, e já soube aqui que Apega não permite que as organizações dos agricultores usem seus logos no Mistura, apenas usam suas siglas e descrevem seus nomes, mas logo no evento só o da Apega.
Visual da Feira
São negociações que devem ser feitas, normal que não se consiga chegar exatamente onde se pretende, mas como profissional que trabalha com Agricultura Familiar Ecológica no Brasil sinto inveja de uma relação desta como a que os campesinos Peruanos conseguiram com Apega.
Mas voltando à feira, este ano ela foi organizada às margens do Pacífico, em um local muito amplo. São dezenas de enormes barracas, cada uma delas representando um “mundo”. Temáticos, como o Mundo do Ceviche, Mundo Oriental, Mundo do Anticucho, Mundo das Brasas, ou Regional, como Mundo Amazônico, Andino ou Limenho. Tem outros, estes são só alguns exemplos. Em cada um deles várias barracas com comidas deliciosas, representando estes mundos. Entre estas grandes barracas, áreas com muitas mesas, algumas barracas menores de comidas, vendas de artesanato, bancas com bebidas.
E o negócio é comer. Um pouquinho de cada coisa, para provar o máximo possível. O melhor do dia foi um ceviche com molho de maracujá. Mas a porquinho feito na “caixa chinesa” perdeu por pouco. O ceviche de cogumelo e a truta grelhada ganham menção honrosa. E cada sobremesa...
Devo voltar lá amanhã, acho que não vou resistir. 

Caixa Chinesa
Porco assado na Caixa Chinesa





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