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quarta-feira, 28 de março de 2012

Nicarágua, 28 de março de 2012

Eu e meu amigo Luis Alvarez
Não escrevi ontem porque o dia passou sem maiores emoções, ainda que bastante cansativo com curso em sala de aula o dia todo. Na verdade o mais emocionante foi comer camarões no almoço e no jantar. Hoje já foi bem mais interessante fomos ao campo, em três lugares diferentes.
Na primeira parte da manhã foi no mesmo Centro de Capacitação que visitei domingo, no município de Totogalpa, em uma região de trópico seco. Neste Centro tem uma concentração grande do que chamamos de tecnologias adaptadas e achei conveniente incluir uma visita lá durante nosso dia de campo. Armazenamento da água da chuva, fogão solar, minhocultura ou biogás são exemplos do que vimos. O Centro é coordenado por um grande amigo, Luiz Alvares, a quem eu não encontrava há mais de seis anos, e foi realmente um prazer vê-lo. Em 1999 estive nesta mesma região, no município de Somoto, dando um curso convidado por ele.
Don Vicente Colindres em seu café Agroflorestal
Depois seguimos direto para visitar duas fincas de café, uma convencional e outra orgânica, no município de Dipilto, mais ao norte, praticamente na fronteira com Honduras. Visitar lavouras de café é um prazer, ainda mais quando é manejado em um sistema agro-florestal, também chamado de café baixo sombra, o mais comum na América Central. Segundo meus conhecimentos, é muito próximo do máximo que se pode pensar em termos de aliar a produção de alimentos com a preservação ambiental.
Café Orgânico em sistema agroflorestal, da
 Sra. Alexa Marin
Mas, mais do que um prazer, foi muito interessante visitar estes dois cafezais. A diferença entre um e outro, entre o convencional e o orgânico, se limita à fertilização, já que nenhum dos dois usam agrotóxicos. E o convencional, que usa fertilizante químico, o faz em doses reduzidas, apenas para garantir a produtividade que o produtor julga mais adequada. Na verdade considero inapropriado chamar de convencional uma lavoura conduzida com tanta diversidade, cobertura vegetal, presença de árvores e sem pesticidas. É o problema das chamadas normas de produção orgânica, que nos obrigam a pasteurizar definições e procedimentos, e as vezes nos conduzem à algumas injustiças. Mas esta prosa é longa, não cabe aqui e agora. Voltando aos cafezais, como o orgânico tem uma produtividade inferior ao convencional, o meu desafio hoje foi propor alternativas para que ele ao menos se aproxime da produtividade do convencional. Começamos esta conversa lá na lavoura, amanhã continuo em sala.
Regressamos no fim do dia, em um lindo entardecer. Nos 100 km da volta a paisagem, montanhas entrecortadas por vales, mudava de cores a cada instante. Mais uma vez pensei que tenho que agradecer sempre à vida pelas oportunidades que me oferece. Hoje andei visitando cafezais, em sistemas agroflorestais, de agricultores familiares na América Central... Quer mais? Eu não, deixa assim que tá bom, se melhorar pode estragar...
De noite, jantei camarões, assim como ontem. Sigo firme no desiderato de comer camarão todos os dias!
Enfim, lo pasé genial hoje. Amanha, já é meu penúltimo dia por aqui. O tempo passa, o tempo voa.

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