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sábado, 18 de novembro de 2017

Nova Délhi, 16 e 17 de novembro de 2017.

História de séculos ainda viva.
Estes dois últimos dias foram para fechar com chave de ouro minha estada na Índia. Não tenho como contar tudo que fiz entre ontem e hoje, mas vou falar de três lugares. 
Gurudwara Bangla Sahib
O primeiro faz jus ao posto que ocupa no TripAdvisor de número um dos lugares para conhecer em Délhi. É o Gurudwara Bangla Sahib, templo Sikh. Bonito, muito bonito, agradável, bom astral, excelente recepção. Fiquei encantado. Sempre tive simpatia por este povo que ao menos uma vez foi vítima de tentativa de genocídio. Minha simpatia aumentou com esta visita. 
Comida para a galera. Tudo limpo e bem feito.
Só o fato de neste templo servirem comida gratuita para trinta mil pessoas durante a semana e até cinquenta mil nos sábados e domingos já fala muito sobre eles. 
Aprendi no templo que eles são monoteístas mas não têm nenhuma figura que seja associada a Deus e portanto eles reverenciam um livro que, contendo o ensinamento de seus dez sábios, foi sintetizado por um deles no início do século XVII com sua teologia, sendo assim uma religião relativamente nova. No templo não tem imagens e as pessoas fazem reverências e sinais perante uma espécie de altar onde está o livro. Uma música agradável, acompanhada com uma cantoria com frases do livro sagrado sai do Templo e emana por todo o ambiente. Enfim, imperdível conhecer este lugar.
povo trabalhando
Outro lugar que merece menção é a Old Délhi, a cidade velha. Ontem de manhã, após minhas quinze horas de viagem, sem possibilidade de entrar no meu quarto por ser muito cedo, resolvi sair para caminhar por lá. Basicamente é um mercado a céu aberto, onde se vende de tudo, produtos e serviços. Nas calçadas vi barbeiros, sapateiros, costureiros, e mais uma infinidade de serviços sendo prestados. Os profissionais chegam em pequenos veículos com um baú onde estão suas ferramentas de trabalho. Ou então possuem pequenas lojas que não tem suficiente espaço para suas atividades, e servem apenas para guardar o material de trabalho. Muita gente, pouco espaço, tem que se virar. 

Old Délhi tem ruas sujas, cheiro desagradável, pessoas como formigas em um formigueiro, inclusive dormindo na calçada, doentes atuando como pedintes, uma infinidade de comidas de rua, um emaranhado de fios elétricos que impressiona, alguns baixos a ponto de termos que desviar deles. 
Mesquita em Old Délhi.
Enfim, uma bagunça. Mas muito legal de ver... particularmente no mercado de especiarias, onde me senti no umbigo do mundo, não em termos espacial mas sim temporal. Me explico? As especiarias indianas deram movimento  a humanidade tanto quanto o ouro. E acho eu que antes dele. Fiquei ali vendo aquelas lojas e as enormes cargas de ervas e afins que movimentaram o mundo e fizeram a Europa traçar rotas e rotas para estabelecer comércio com este país. Ou a Inglaterra começar negociando exatamente seus condimentos, pigmentos, temperos e ervas, além de sedas, algodão e outros tecidos, e terminar dominando este continente que é a Índia. Fiquei ali vendo e viajando naqueles aromas. Senti como se estivesse cheirando a história ou vendo-a ensacada, sendo vendida a granel ou no varejo. Sim, ali vi a história da humanidade em atacado. 
Este é o tumulo de Gandhi. Nada a ver com o
templo indiano que descrevi ao lado
Por terceiro vou contar do maior templo Hindu de toda a Índia. Mas construído a poucos anos atrás, já neste século. Um Guru teve a visão de fazê-lo. Absolutamente monumental. Demorou apenas cinco anos para ficar pronto... impressionante.  Claro que lindo. Mas... achei um pouco fake... muita modernidade... entrada grátis, celulares, câmaras, bolsas ou comidas não podem entrar... mas... lá dentro vendem fotografias, “passeios” através de filmes em algumas salas fechadas, show de luzes, comidas, e uma enorme loja de presentes. Me senti meio em uma Disneylândia Hindu... mas que vale a pena ir, vale.
E teve mais, mas, como eu disse, Délhi não cabe em uma pequena crônica. Agora já no aeroporto fico pensando que conhecer este país e o sonho de consumo de muita gente. E todos têm razão. 
Cena urbana...
Esta curta viagem por este longo país só reforça esta percepção que é meio generalizada, visitar a Índia é um programaço. Estou aqui pensando também na saudade que vou sentir da comida... ainda bem que a mala está cheia de lentilhas, ervilhas, temperos, espécies, uns quilinhos de arroz e outras coisinhas... para manter um pouco do sabor da Índia comigo, ao menos por algumas semanas...
Vou terminar com uma frase que meu anfitrião no templo Sikh me disse: “Ser feliz é simples. Difícil é ser simples!”
Chega de caminhar por agora, este ano não conto mais!

Pessoal comendo no Templo
Sick. Não serve só pobres, como
acreditam em igualdade e humanidade,
seus dois pilares, qualquer um pode comer ali

Crianças indo ver o tumulo de Gandhi

Eu. O outro é o Gandhi...
Comidas...

Comidas...


3 comentários:

  1. Me emocionei ... de tudo, o que me deu vontade de fazer é ser voluntária para cozinhar no templo Sikh!

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  2. Demais..não deu para ir mas você é o Romeu compartilhando o caminhar foi como se eu tivesse também de alguma maneira passado pela Índia..Gratidão
    Lucimar S. De Abreu

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    1. A ideia do Blog é esta... viajar acompanhado... que bom que você gostou, abraços!

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