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quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Delhi, 08 e 09 de novembro de 2017.


Debate de hoje no Congresso Mundial
de Agricultura Orgânica
Ontem e hoje foram dias de trabalho aqui na Índia. Em atividades dentro do marco do Congresso Mundial de Agricultura Orgânica. Momentos de mais trabalho e menos passeio, nem por isto pouco agradáveis. Pelo contrário, rever pessoas com quem já tive oportunidade de trabalhar em outros momentos e conhecer novas, conversando sobre aspectos da realidade do desenvolvimento da Agricultura Orgânica em diferentes lugares do mundo é bastante prazeroso.
Tradição indiana no Congresso -
Tecelões de fio de algodão
Hoje no Congresso cumpri a tarefa que me trouxe aqui. Uma breve participação em um debate sobre as formas de garantir a qualidade do produto orgânico, dentre elas os Sistemas Participativos de Garantia. O bom é ver como este assunto, marginal há dez anos atrás, é hoje uma realidade em mais de cem países do mundo e com muita presença nos eventos internacionais.
Como não gosto de falar inglês, possivelmente por falar mal, minhas intervenções neste caso são curtas. E tento usar frases que possam de alguma forma ficar. Uma delas hoje foi que o mundo da Agricultura Orgânica está precisando de menos regras e regulamentos e de mais amor. Quem sabe esta onda pega?
Feira de sementes
O mais interessante do dia foi visitar a Biofach Índia. A feira mundial de produtos orgânicos, Biofach, que acontece todos os anos em Fevereiro, na Alemanha, tem suas edições regionais. Uma delas é na Índia e não por coincidência está sendo organizada junto ao Congresso. Muito melhor do que ouvir palestras é visitar os estandes com produtos orgânicos oriundos de várias partes do mundo, mas principalmente de diferentes regiões da Índia. Só lamento que a estética da Feira é a mesma da Alemanha. Imagino que com o desejo de conferir uma identidade visual à Biofach, a opção é por ela ser igual em seu desenho em qualquer parte onde é realizada. Perde a própria feira que não aproveita as identidades estéticas locais de países como Brasil, Índia ou China. Mas imagino que os organizadores não concordam com esta minha última frase.
Geodésica demonstrativo
Menos mal que organizaram em um espaço na entrada uma feira de sementes e variedades locais. Esta sim, com menos rigor importado e com mais cara de estarmos na Índia. No espaço exterior, sobre o gramado, uma espécie de tenda, chamada de Geodésica, busca demonstrar técnicas e hábitos locais relativos a adubação, plantio, construção e alimentação.
Por falar em comida, só vou dizer que estou no céu. A culinária indiana é a minha favorita, e estou me deliciando com a orgia de temperos que está presente em cada prato. Aqui no Congresso temos as refeições, todas locais e orgânicas, servidas em bandejas e pratinhos feitos com material natural facilmente decomposto, além de colheres e garfos de madeira leve. Isto sim é luxuoso. Aliás, nestes três dias aqui na Índia vejo o luxo e a pobreza muitas vezes de mãos dadas. Não estou falando do fato de ser um país de contrastes, ainda mais do que o Brasil, com a opulência de poucos convivendo diariamente com a pobreza de muitos. 
Agricultores descansando
Falo na pobreza que expressa seu luxo na qualidade da comida, na gentileza do chá oferecido, nas cores das roupas, no sorriso em meio à adversidade. Sim, posso ver isto em outros lugares, e vejo, mas aqui parece ainda mais nítida esta equação poética que coloca o luxo no mesmo lado da miséria. Definitivamente a Índia é um luxo.

Um comentário:

  1. Sensacional, Romeu! Que experiência maravilhosa estar nesse lugar especial. E como um renascimento a cada dia. Aproveite!

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