Pesquisar este blog

domingo, 23 de outubro de 2016

Guadalajara, 22 de outubro de 2016.

Agave Azul
A tequila é sem dúvida um dos símbolos do México. Comentando que vinha para cá, muitos me mandaram uma mensagem ou comentaram: “toma uma tequila lá por mim”. Eu acho que mais do que os mariaches, os tacos ou sombreiros, a imagem internacional do México está ligada à tequila.
Tequila Herradura, algumas de suas
expressões.
Dos 31 Estados do México apenas 5 têm denominação de origem para produzir Tequila. Significa que, nos outros Estados, se alguém produzir uma bebida igual, tem que colocar outro nome. Semelhante ao que acontece com a champanhe, que apenas pode ser produzida na região de Champagne, no noroeste da França. Quem gosta desta bebida e compra marcas produzidas em outros lugares já se acostumou a chamá-la de espumante.
Outra coisa que aprendi hoje é que 95% da tequila é produzida no estado de Jalisco. Ou seja, a tequila é de Jalisco. E eu estou em Guadalajara, capital de Jalisco. Então, o que fomos fazer hoje? Visitar a cidade de Tequila, que o nome já nos indica, concentra boa parte das fábricas desta bebida.
Nos 60 km que separam Guadalajara de Tequila já se nota onde estamos. Muitas plantações de agave, a planta da qual se extrai a matéria prima para elaboração da tequila. Demora de sete a nove anos para crescer e estar no ponto de ser colhida.
Chegamos e fomos dar uma rápida volta pela cidade. 
Coreto da praça de Tequila
É bonitinha, pequena, toda ao redor de uma praça com coreto e Igreja, muitas lojas vendendo tequilas em garrafas as mais variadas e apetrechos como copos, porta copos, cantil para tequila, artesanatos. Naturalmente, vários bares, cafés e restaurantes. Entramos rapidamente na tequilaria mais visitada, a internacionalmente conhecida Jose Cuervo. Mas nossa opção de visita foi algo mais original, fomos a uma fazenda tequilera, chamada Herradura.
Foi interessante o tour. Aprendi algumas coisas, vou tentar resumir.
Uma vez colhida, o pé de agave é jimado, ou seja, como que descascado, para separar suas folhas do coração. Este coração é cozido no vapor, e neste momento seu amido será transformado em açúcar. Depois de cozido, é esmagado e colocado para fermentar. Depois da fermentação, destilado, e pronto, temos a Tequila. Raramente se acha no mercado a tequila tal qual ela sai do alambique, com 55% de álcool. Normalmente ela neste momento recebe diferentes quantidades de agua desmineralizada, que a deixarão com o grau alcoólico desejado. Após, podem ou não descansar por diferentes períodos de tempo em barris de madeira, de onde sairão tequilas com diferentes expressões, consubstanciadas em cores, aromas e sabores.
Eu e D. Jesus, jimando a agave.
A fazenda tequilera na qual fomos hoje, a Herradura, é antiga e mantem tradições desta produção que já se perderam em outras fábricas. Quem nos levou foram dois amigos da Helena, o Arturo e a Mariana. Ele trabalha para a empresa dona desta marca. Fomos muito bem ciceroniados e aprendemos sobre algumas características que fazem da Herradura uma tequila de qualidade superior. Vou citar três. As garrafas, apesar de serem compradas novas, naturalmente precisam ser lavadas. Eles lavam com tequila, para evitar contaminações de aromas ou sabores.
O processo de fermentação é feito em tanques de fermentação abertos, com a intenção de aproveitar os aromas que podem ser incorporados a partir das inúmeras arvore frutíferas e flores que estão plantadas na fazenda.
A primeira e a última parte da fermentação, chamados de cabeça e rabo, são desprezadas. E ela é duplamente destilada. Semelhante à cachaça, estes cuidados são imprescindíveis quando se quer obter um produto de qualidade.
Como vários outros mundos (cacau, café, vinho, cachaça, azeite, ...) o mundo da Tequila é muito especial, cheio de detalhes e nuances. Não é uma breve visita que permite entendê-lo. Mas gostei da visita, foi quase um curso que poderia se chamar: “Introdução ao mundo da Tequila: da elaboração ao consumo”! 
Café da manhã deliciosos - também,
com uma companhia desta!!!
E o dia ainda teve mais. Um belo café da manhã com Helena, Mariane e Arturo, onde comi ricos chilaquilles de jamaica. Ao entardecer provei o famoso sorvete artesanal nieve de garrafa e ainda jantamos em um bom restaurante, o Elena, Mar y Leña. Comemos deliciosos camarões, preparados de diferentes maneiras, na entrada e nos dois pratos que pedimos.
Amanhã cedo, muito cedo, saio para a Cidade do México, onde tenho trabalho. Já com o coração apertado, mas tranquilo por ver que Helena está bem, tranquila com suas decisões. Vida que segue, tenho que trabalhar, mesmo sendo domingo!

Simpática Igreja em Tequila

Carro em Tequila. I love kitchie !!!

Entrada da fazenda tequilera

Coração do Agave

Forno com o coração já cozido,
provei, é macio e doce.

Alambiques, para destilar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário