México, terra do milho e suas mil caras. |
Estou passando estes dias no México para participar de
um processo de intercâmbio entre diferentes Sistemas Participativos de Garantia
que funcionam na América Latina. Este processo envolve cerca de 20 pessoas, de
12 países, visitando em grupos de 4 pessoas a 5 países/SPGs. Já tivemos a etapa
Bolívia e Brasil. Depois do México ainda faltam Peru e Chile. É uma forma de
nos conhecermos mutuamente e aprender uns com a experiência dos outros. Um
programa básico e um modelo de relatório final confere certa unicidade às
visitas e permite compartilhar com quem não pôde participar.
Proseando sobre os SPGs. |
Na etapa México estamos eu, Faviana, da Feira Verde da
Costa Rica, Maria Fernanda, da Rede de Produtores Agroecológicos do Vale do Calca, Colômbia e
Koldo, da Rede Agroecológica do Austro, Equador. Nossos anfitriões são a
Vanessa e Fidel, da Associação Nacional de Tianguis Orgânicos. Parece
interessante né? E é, muito interessante.
Caveiras - tipico do México |
Ontem passamos quase todo o dia trocando informações,
ações e percepções sobre o trabalho que cada um de nós realizamos. Esta troca
continuou durante o almoço, no bom restaurante de uma das lojas de uma pequena
rede que vende produtos orgânicos, a Green
Corner (http://thegreencorner.org/tiendas/). A loja tem uma impressionante variedade de produtos,
boa parte importada dos EUA.
Depois do almoço, às cinco da tarde, fomos passear em Coyoacan, um distrito da Cidade do
México. Relaxamos, conversamos, tomamos nieve,
comemos torta, quesadillas, tacos e guacamole.
Hoje, às seis da manhã, saímos do hotel em direção à Texcoco, uns 50 km distante. Está na
região metropolitana da Cidade do México, em uma área de transição para zona
rural do Estado do México, um dos 31 estados do país. Tomamos
um belo café da manhã e fomos para o campo.
Perus - Granja Cocotla. |
A primeira visita foi quase na cidade, na Granja Cocotla. Produzem principalmente
peru orgânico. É uma pequena empresa rural, que começou seu trabalho na segunda
metade dos noventa, buscando resposta ao problema da vaca louca e suas
consequências na produção e comercialização de bovinos.
O que eu não sabia é que o peru é nativo do México, de onde
saiu para a Espanha, Portugal e chegou à Inglaterra, daí enviado para os EUA, onde
voltou a ficar selvagem, foi domesticado novamente e é o que hoje se cria em
escala. O branco é mais comercializado porque sua carne esteticamente tem
melhor apresentação, mas existem peru das mais variadas cores.
Dona Ermiria, um luxo - 90 anos! |
Da Granja Cocotla
viajamos quase duas horas e fomos visitar a Tomás
Villanueva, em Tepetlixpla. Tomás é uma referência da agricultura
orgânica na sua região e já trabalha com este tema há quase trinta anos. Sua
propriedade espelha que ele vive a
agricultura orgânica em sua dimensão física e metafísica. Começamos por uma
cerimônia de agradecimento a Madre Tierra,
que terminou com uma meditação ao som de Ave Maria. Qual a relação? Terra mãe,
Maria, mãe de Jesus e de certa forma de todos nós na mitologia Cristã... Destaque
para a participação de uma outra mãe, a matriarca da família, Dona Ermíria, que
nos deu um breve depoimento de amor à terra e ao milho, do alto dos seus
noventa anos.
Almoçamos já depois das três da tarde e fomos visitar sua área de
milho. Tomás se diz gente do milho (gente del maíz). E se refere aos Mexicanos
também como gente do milho. Lembremos que o México é centro de origem do milho,
ou seja o milho surgiu aqui.
Tomás Villanueva e seu maís. |
Surgiu muito diferente do atual. Ao longo de
milhares de anos, mulheres e homens, indígenas e campesinos, foram fazendo dele
o que ele é hoje, com uma imensidade de variedades, cada uma guardando suas
características de forma, cor, sabor, usos. Este trabalho de melhoramento
genético do milho, que levou, repito, milhares de anos, naturalmente faz do
milho um elemento crucial da cultura mexicana, mormente do meio rural.
A visita terminou já oito da noite, e ainda tínhamos uma
hora e meia de viagem de volta. Chegamos, comemos tortilhas, tacos e tortas e fomos dormir. Amanhã
tem mais.
Flores, no campo. |
Olha que onda - uma sala de aula na finca de Tomás |
Almoço no campo |
Loja da Green Corner |
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