Pesquisar este blog

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Cidade do México e Texcoco, 24 e 25 de outubro de 2016.

México, terra do milho e suas mil caras.
Estou passando estes dias no México para participar de um processo de intercâmbio entre diferentes Sistemas Participativos de Garantia que funcionam na América Latina. Este processo envolve cerca de 20 pessoas, de 12 países, visitando em grupos de 4 pessoas a 5 países/SPGs. Já tivemos a etapa Bolívia e Brasil. Depois do México ainda faltam Peru e Chile. É uma forma de nos conhecermos mutuamente e aprender uns com a experiência dos outros. Um programa básico e um modelo de relatório final confere certa unicidade às visitas e permite compartilhar com quem não pôde participar. 
Proseando sobre os SPGs.
Este intercâmbio é organizado pela ONG que coordeno, o Centro Ecológico, e apoiado financeiramente pela Sociedade Sueca de Proteção à Natureza, uma das organizações ambientalistas mais antigas do mundo, fundada em 1908.
Na etapa México estamos eu, Faviana, da Feira Verde da Costa Rica, Maria Fernanda, da Rede de Produtores  Agroecológicos do Vale do Calca, Colômbia e Koldo, da Rede Agroecológica do Austro, Equador. Nossos anfitriões são a Vanessa e Fidel, da Associação Nacional de Tianguis Orgânicos. Parece interessante né? E é, muito interessante. 
Caveiras - tipico do México
Ontem passamos quase todo o dia trocando informações, ações e percepções sobre o trabalho que cada um de nós realizamos. Esta troca continuou durante o almoço, no bom restaurante de uma das lojas de uma pequena rede que vende produtos orgânicos, a Green Corner (http://thegreencorner.org/tiendas/). A loja tem uma impressionante variedade de produtos, boa parte importada dos EUA. 
Depois do almoço, às cinco da tarde, fomos passear em Coyoacan, um distrito da Cidade do México. Relaxamos, conversamos, tomamos nieve, comemos torta, quesadillas, tacos e guacamole.
Hoje, às seis da manhã, saímos do hotel em direção à Texcoco, uns 50 km distante. Está na região metropolitana da Cidade do México, em uma área de transição para zona rural do Estado do México, um dos 31 estados do país. Tomamos um belo café da manhã e fomos para o campo.
Perus - Granja Cocotla.
A primeira visita foi quase na cidade, na Granja Cocotla. Produzem principalmente peru orgânico. É uma pequena empresa rural, que começou seu trabalho na segunda metade dos noventa, buscando resposta ao problema da vaca louca e suas consequências na produção e comercialização de bovinos.
O que eu não sabia é que o peru é nativo do México, de onde saiu para a Espanha, Portugal e chegou à Inglaterra, daí enviado para os EUA, onde voltou a ficar selvagem, foi domesticado novamente e é o que hoje se cria em escala. O branco é mais comercializado porque sua carne esteticamente tem melhor apresentação, mas existem peru das mais variadas cores.
Dona Ermiria, um luxo - 90 anos!
Da Granja Cocotla viajamos quase duas horas e fomos visitar a Tomás Villanueva, em Tepetlixpla. Tomás é uma referência da agricultura orgânica na sua região e já trabalha com este tema há quase trinta anos. Sua propriedade espelha que ele  vive a agricultura orgânica em sua dimensão física e metafísica. Começamos por uma cerimônia de agradecimento a Madre Tierra, que terminou com uma meditação ao som de Ave Maria. Qual a relação? Terra mãe, Maria, mãe de Jesus e de certa forma de todos nós na mitologia Cristã... Destaque para a participação de uma outra mãe, a matriarca da família, Dona Ermíria, que nos deu um breve depoimento de amor à terra e ao milho, do alto dos seus noventa anos. 
Almoçamos já depois das três da tarde e fomos visitar sua área de milho. Tomás se diz gente do milho (gente del maíz). E se refere aos Mexicanos também como gente do milho. Lembremos que o México é centro de origem do milho, ou seja o milho surgiu aqui. 
Tomás Villanueva e seu maís.
Surgiu muito diferente do atual. Ao longo de milhares de anos, mulheres e homens, indígenas e campesinos, foram fazendo dele o que ele é hoje, com uma imensidade de variedades, cada uma guardando suas características de forma, cor, sabor, usos. Este trabalho de melhoramento genético do milho, que levou, repito, milhares de anos, naturalmente faz do milho um elemento crucial da cultura mexicana, mormente do meio rural.
A visita terminou já oito da noite, e ainda tínhamos uma hora e meia de viagem de volta. Chegamos, comemos tortilhas, tacos e tortas e fomos dormir. Amanhã tem mais.

Flores, no campo.

Olha que onda -  uma sala de aula na finca
de Tomás

Almoço no campo
Loja da Green Corner



Nenhum comentário:

Postar um comentário