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sábado, 15 de fevereiro de 2014

Nuremberg, 14 de fevereiro de 2014.

WeiBgerbergasse
Hoje foi meu ultimo dia de Biofach, já que decidimos passar o fim de semana em Praga, que fica a umas três horas de ônibus daqui. Levo a impressão, outra vez, que este modelo de uma Agricultura Orgânica centrada na sofisticação, das regras e da apresentação, está chegando ao seu limite. Mas a demanda por alimentos de qualidade segue crescendo. Encaixar estes dois polos é a arte do momento.
Ana tomando uma cerveja de spelt.
Aproveitei para seguir com umas reuniões e ainda tive tempo de dar uma boa caminhada, vendo e provando produtos muito interessantes, como chocolates com azeite de oliva, de uma empresa de Barcelona ou cerveja de farro (Triticum spelta), que é um tipo de trigo antigo, feita na região de Munique, a capital mundial da cerveja. Deliciosa e cheia de história!
Casa típica da WeiBgerbergasse
Depois de caminhar e degustar, eu e Ana fomos caminhar no fim da tarde pelas ruas do centro histórico de Nuremberg. É encantador. Nunca deixo de me surpreender de como é bonita esta cidade. Fomos à WeiBgerbergasse, a minha rua preferida daqui. A minha e de todo mundo. É que ela retrata a Nuremberg que foi construída entre o século XIII e XVI, usando madeira como estrutura das casas e um tipo de adobe como enchimento. Por algum motivo que ninguém sabe esta rua permaneceu quase intacta durante a guerra, enquanto mais de 90 % da cidade histórica era destruída. Que lugar a WeiBgerbergasse. Bonita e cheia de história!
Voltando à Biofach, quero contar uma prosa que tive por lá. Fiquei um pouco no stand do Brasil e conversei um tempinho com o Mauro Oteiro. Ele é filho de assentados da reforma agrária. Seus pais estavam acampados na Fazenda Anoni, em Passo Fundo, RS, quando ele nasceu, em 1985. Para quem não sabe, este acampamento marca a origem do MST – Movimento dos trabalhadores rurais Sem Terra. Pois bem, ele cresceu em Eldorado, também no RS, onde seus pais foram assentados em 1987. Neste assentamento existe um trabalho já consolidado com Agricultura Orgânica há mais de 15 anos, que começou com hortaliças e se expandiu para o arroz. Seus pais produzem hortaliças orgânicas. 
Arroz Terra Livre sendo comercializado. O Mauro
está de costas nesta foto.
O Mauro foi estudar agronomia na Venezuela, no IALA, Instituto Latinoamericano de Agroecologia, se formou e voltou para trabalhar na Cootap (Cooperativa dos Trabalhadores Assentados da região de Porto Alegre), a cooperativa que existe neste assentamento e a qual ele está representando aqui na Biofach. E parece que está fazendo bem seu trabalho, pois no segundo dia de feira já havia vendido toda a produção do arroz da Cootap, o Terra Livre. Me contou da realização pessoal de poder estar pela primeira vez na Europa e ainda mais aqui, já que desde sempre seu sonho foi visitar a Alemanha, pela historia deste país e pela ascendência de seu pai, que se chama Lutz Ott e Silva. Lutz Ott e Silva. Destas mesclas nós entendemos. Viva o Povo Brasileiro. 
Amanhã vou para Praga. Tive lá há dez anos e espero rever Kafka e Jam Huss.

Uma das tantas praças bonitas do centro
histórico de Nuremnberg.

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