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sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Nuremberg, 13 de fevereiro de 2014.

           
Reunião no stand do Brasi entre com o MDA e IFOAM - Europa
       
Hoje de novo foi dia de ir à Biofach. Bom, claro, estou aqui para isto. Hoje com mais tempo gasto em reuniões e palestras do que visitando a feira. É que aqui além da feira propriamente dita rola alguns eventos/seminários sobre assuntos relacionados à agricultura orgânica ou ao comercio justo, um dos temas que também marcam presença na Biofach.
Aqui, neste ambiente de feira e seminários, sempre navegamos entre duas visões, uma mais positiva do momento que vive a Agricultura Orgânica e outra menos entusiástica. Não estamos crescendo como o projetado, dizem uns. Somos o único segmento do setor alimentos que cresce dizem outros. O excesso de regulações nos impede de agregar mais produtores dizem uns. São as regulações que nos mantém vivos, que permitem nossa diferenciação dizem outros. E assim vai. De certa forma todos estão certos. Como diz Fernando Pessoa em um dos seus poemas, por vezes ficamos perplexos com esta dupla existência da verdade.
Turquia, um dos points do ano,já que em outubro
irá acontecer lá o Congresso mundial de AO.
Deixa-me falar de alguns números interessantes, que estão na revista da própria feira. Esta é a 25° Biofach. Este ano são 2.235 expositores de 76 países. E se espera 40.000 visitantes. Somando a Biofach e a Vivaness serão lançados impressionantes 650 novos produtos. Vivaness é uma Feira que ocorre no mesmo lugar e nos mesmos dias e tem um nome diferente apenas porque se trata de produtos de beleza e nem todos podem ser certificados como orgânicos, o que os impede de estarem na Biofach.
Os números divulgados aqui sobre 2012 dizem que neste ano eram 37,5 milhões de hectares cultivados organicamente em todo o mundo. A Oceania sozinha tem 32% deste total, graças principalmente à pecuária extensiva. Apesar desta área, apenas 1% dos produtores orgânicos do mundo estão na Oceania. A Ìndia é o país do mundo com maior número de produtores orgânicos, 600 mil, quase 30% dos quase dois milhões de agricultores orgânicos do mundo.
Em relação ao tamanho do mercado, foi de de 63,5 bilhões de dólares em 2012. Qual o país com maior mercado? Estados Unidos, claro, de longe. Quase 30 milhões de dólares. Nove milhões o mercado Alemão e cinco milhões colocam a França em terceiro lugar neste ranking.
O maior consumo per capita de produtos orgânicos foi dos Suíços, 240 dólares/ano, seguidos dos Dinamarqueses com 202 dólares/ano. 
Galera se maquinado, na Vivaness
Falando do Brasil, em termos de área, estamos em 11°, com 700 mil has cultivados organicamente, o que equivale a 0,27% de nossa área agricultável. São 12.500 produtores orgânicos no nosso país. Se estima que o mercado nacional para produtos orgânicos foi de U$ 750 milhões. Estas e muitas outras estatísticas estão em um livro anualmente lançado por IFOAM e Fibl. Ele é coordenado Helga Willer e Julia Lernoud, amiga e filha dos meus grandes amigos argentinos  Pipo Lernoud e Maria Calzada. Se eu me sinto orgulhoso, imagino os pais.
Hoje passei um tempo no stand do Brasil. Na verdade são dois, um ao lado do outro. Um com representantes de empreendimentos da Agricultura Familiar, financiado basicamente pelo MDA, o Ministério do Desenvolvimento Agrário, outro representa mais o setor empresarial, com representantes também de certificadoras e foi bancado em boa parte pela Apex. O fato destes dois stands do Brasil estarem separados deve expressar algum tipo de divergência, mas nem quis saber qual...
No stand com representantes da Agricultura Familiar estão 14 empreendimentos. Café de Minas Gerais, Guaraná de Rondônia, cachaça do RS, Mel do Piauí, Suco de Uva da Serra Gaúcha e Arroz do RS, produzido por assentamentos da Reforma Agrária, são alguns deles. A marca se chama Terra Livre. No geral parece que as vendas estão boas.
Isto é o que vou contar por hoje da Feira. De noite fomos jantar em um restaurante que começou a funcionar no século XV. Se dizem a mais antiga salsicharia do mundo, construída em 1419, especializada em um tipo especial de salsicha, típica daqui de Nuremberg. Comemos Esta salsicha acompanhada de pão, raiz forte e chucrute. E claro, de uma cerveja, pilsen ou weise (de trigo). O restaurante se chama Braatwurst-Küche Zum Gulden Stern. 
É isto amanha tem mais.
Café da Jámaica, Bob Marley. Bem bom!
  

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