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sábado, 23 de junho de 2012

Rio+20, 22 de junho de 2012


Vendo a Terra do Céu...
Hoje, último dia da Rio+20, o principal tema foi o documento da Conferência, para a maioria pouco ambicioso. De todos os lados surgiam protestos em relação a ele. A Cúpula dos Povos fez um documento criticando o documento oficial e entregou em mãos ao Secretário Geral da ONU. Para boa parte da sociedade civil, a Rio+20 termina sem novidades no cenário geral e as soluções em relação ao meio-ambiente, que alguns julgamos tão urgentes, ficarão para outro momento. Existia uma grande expectativa sobre os chamados Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, já conhecidos pela sigla ODS. Sua definição ficou para 2013, e implantação para 2015. Tudo bem, não temos pressa mesmo!
Passei o dia entre uma e outra sessão na Cúpula dos Povos, e ainda fiz questão de voltar para visitar a Exposição de fotografias “A Terra vista do céu”. Levei Daniel, meu filho de nove anos, para que ele visse um pouco da Rio+20. Inevitável ficar pensando sobre a relação com o documento assinado pelos países participantes e o mundo que o espera. 
Não sei se por meu filho, por convicção, ou por um necessário otimismo, tenho dificuldade em aceitar o apelido de Rio-20 para o que aconteceu aqui nesta semana. Preferia ver mais avanços, muito mais, mas reconheço que um documento que é assinado por quase 200 países tem que ser enxuto. As diferenças sociais, ambientais, culturais, econômicas são simplesmente enormes. E também me alenta o interesse que o tema desperta na população, o que definitivamente não era o caso em 92.   
Daniel na Arena da Cúpula dos Povos
Mas sim, também acho que o documento deixou a desejar. Acho até que sua anorexia de certa forma é reflexo da anorexia da própria Conferência. Quando soubemos que a Rio+20 teve sua data postergada em 15 dias para não coincidir com o aniversário de 60 anos de coroação da Rainha Elizabeth talvez já pudéssemos ter previsto isto. Se não era um prenúncio, ao menos nos dava uma noção das prioridades dos Chefes de Estado e da conjuntura da geopolítica nos tempos atuais. E a Conferência acabou não acontecendo ao redor do dia mundial do meio-ambiente, 05 de junho, como deveria.
A falta de uma liderança como Secretário Geral da Conferência, com a força que Maurice Strong tinha na Eco-92, era outro sinal que não chegaríamos onde pretendido pela maioria dos que acompanham o tema mais de perto. E ainda a ausência de muitos Chefes de Estado, alguns muito importantes como dos EUA, Alemanha ou Inglaterra também é um anuncio de que as prioridades do momento são outras, e obviamente passam pela solução da atual crise econômica. Por parte da Sociedade Civil, senti a ausência de alguns pesos pesados, do estilo Sting ou Bono. Quero dizer, algumas personalidades que arrastam multidões de jornalistas e são ouvidos mesmo por aqueles que julgam que o tema não lhes interessa tanto.
Movimentação e protestos na cúpula
Enfim, foi apenas mais uma Conferência. Achei muito interessante ter vindo, ainda que não seja ela que vai mudar nossas vidas. Nem poderia, afinal, de certa forma ela não começou e terminou nesta semana. Apesar dos seus 500 eventos oficiais e mais de 3000 paralelos, a Rio+20 continua, não termina aqui. Seu tema segue nas mesas de discussão e no dia a dia das pessoas. Pode ser que lá na frente até sejamos obrigados a reconhecer que ela sim trouxe avanços importantes, redirecionando nossa forma de se relacionar com os outros e com o planeta. Não parece, mas pode ser.
       E o Rio de Janeiro continua lindo.

2 comentários:

  1. Vi esta exposição em Edinburgh, há alguns anos e achei belíssima. Estava no Jardim Botânico de lá (que já é lindo por si só) e tinha um mapa mundi enorme no chão, que as crianças (e lógicamente os adultos curiosos) podiam andar por cima e ver as fotos expostas em miniatura no local do mundo onde foram tiradas. Seu filho gostou?

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  2. Sim, é linda. Tinha este mapa também no Rio. Ele adorou e ficou navegando (correndo) entre um país e outro!

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