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quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Maputo, 30 de outubro de 2014.

       
Nesta foto aparece a área e suas inúmeras machambas,
mas não muita gente trabalhando.
          Hoje foi mais um dia intenso de trabalho. Saí cedo e fomos visitar mais produtores/as nas suas machambas. Mais um dia de aprendizado. Vou tentar descrever a cena. A paisagem é de uma várzea, grande, dezenas de hectares, ao fundo o rio. As áreas de cultivos são muito pequenas, entre 500 e 1000 m². Contiguas, uma do lado da outra. Então, o que vemos são dezenas de trabalhadores, próximos, alguns são os donos da machamba e outros os seus funcionários. Sim, mesmo em áreas tão pequenas, ainda se dão ao luxo de contratar trabalhadores. Em países pobres, com excesso de mão de obra, sempre tem alguém mais pobre que aceita trabalhar por um valor que o contratante acha que vale a pena para que ele próprio possa trabalhar menos. No Brasil acontece o mesmo, ainda que cada vez menos.
Georgina, agricultora, 
na sua machamba
          Voltando ao visual, é uma grande área, com muita gente trabalhando, mosaico de hortaliças (predominando alfaces e couve, mas também vi beterraba, cenoura, vagem, ervilha, nabo, brócolis, etc.) e suas cores, céu azul, calor. Me fez ir a cenas de filmes que se passam na Índia ou aqui mesmo na África.   A parte triste é o forte uso de agrotóxicos. Por exemplo Tamaron, um inseticida nefasto e proibido em vários países do mundo. As indústrias químicas navegam pelo planeta com uma lógica que pode ser resumida assim: quanto menos leis e presença do Estado, mais eu me divirto. Lamentável. Quer outro exemplo? Em vários países da África, Moçambique é um deles, é permitido DDT para controle da Malária. Questão de saúde pública, brada a indústria e seus prepostos. Na real, sabemos todos, interesses escusos de mercado. Outra vez, lamentável.
      De tarde outra vez foi no escritório. Ontem ouvi sobre o projeto desenvolvido aqui, hoje foi meu dia de falar, sobre produção, comercialização e certificação de produtos ecológicos. 
Pulverizando tamaron
 Fim do dia e resolvi flanar por Maputo. Não me dei bem. Difícil, não conheço a cidade, e ela não é exatamente bonitinha... acabei desistindo, pegando um táxi e indo a um restaurante indiano, para salvar o passeio. É de onde estou escrevendo, tomando uma cerveja, comendo meu Garlic Naan (pão típico indiano com alho) e um cabrito com curry e pimenta. Segundo o cardápio apenas para estômagos fortes! Nem tanto.
 Depois do restaurante tomei um sorvete italiano na mesma rua do restaurante, a A. Julius Nyerere, nome do primeiro presidente de Moçambique, e saí buscando um táxi. Não achei e decidi voltar caminhando. Uns três quilômetros, à noite, sem conhecer a cidade, perguntando na rua. Tranquila Maputo, gostei.
Reuniãozinha no campo

Um comentário:

  1. Laércio por aqu até pouco tempo couve era pulverizada (e muito) com tamarom também. Espero que tenha acabado. Fica ai a semente do SPG. Abraço

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