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sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Buenos Aires, 23 de janeiro de 2014

Daniel e eu, caminhando pelo Caminito
Viajando como costumo viajar, além de conhecer lugares e culturas, já tive a oportunidade de vivenciar alguns momentos históricos. Por exemplo, estava em Madrid, dia 11 de março de 2004, quando ocorreu o atentado na estação de metro de Atocha. Eu estava a um quilômetro da estação.
Hoje vivi mais um dia histórico. Simplesmente foi o dia com a maior temperatura mínima dos últimos 106 anos aqui em Buenos Aires, aonde chegamos hoje, ao meio dia, Ana, Daniel e eu para cinco dias de férias. Pensa em um dia quente. Muito quente. Pensou? Hoje foi assim. A sensação térmica chegou a 48C. Sempre que se falar do histórico 23 de janeiro de 2014 em Buenos Aires, eu poderei dizer que estava lá. Passando calor. Bem, em tempo de aquecimento global, é possível que este recorde não dure muito.
Ao fundo, a Casa Rosada
Nosso hotel é no centro da cidade e tivemos a feliz ideia de chegar, deixar as malas no hotel e descer para caminhar. Às duas da tarde. Lembrei de Maiakovski em seu poema que afirma que o sol entrou na sua casa para tomar um chá com ele. Sempre na expectativa de uma anunciada chuva, começamos pela Rua Florida, uma rua estilo calçadão, com lojas e lojas, uma espécie de território brasileiro no coração de Buenos Aires. Ouve-se mais português do que espanhol, e, exagerando um pouco, só se veem brasileiros comprando. Deve ser porque é um lugar bom de comprar, muitos produtos locais como Nike, Adidas, Lacoste, Puma, QuickSilver, DC, Havainas.
De duas às oito caminhamos, sempre esperando a anunciada chuva que apagaria o forno. E parando em diferentes locais para água, café, sorvete, cerveja, refrigerante, suco, qualquer coisa que nos permitisse entrar em um ar refrigerado. Na caminhada fomos desde a Praça San Martin ate a Casa Rosada, a famosa sede do Governo Central, que fica em frente à Plaza de Mayo, também muito conhecida por haver sido, e ainda ser, lugar de vigília das mães que tiveram filhos desaparecidos durante a ditadura militar aqui na Argentina. Ainda fomos ao bairro La Boca, de táxi, para ver o Estádio La Bombonera, já que sou torcedor do Boca, e andar pelo Caminito, programas obrigatórios aqui em Buenos Aires. Esta região de Buenos Aires foi colonizada por muitos italianos, e dizem que suas casas coloridas tem a ver com a sobra de tintas que tinham os marinheiros, o que por vezes os obrigou a usar varias cores em uma esma fachada. Em Valparaíso, Chile, aprendi que as casas coloridas dos barritos portuários tem a ver com os pescadores pintarem suas casas com as mesmas cores dos seus barcos. Vai saber! 

Vi o Caminito em 1994, e fiquei emocionado com suas casas coloridas, seus artistas de rua cantando e dançando. Naquele momento conheci o tango. Conheci Carlos Gardel e suas historias. Comprei livros, CDs e filmes. Vinte anos depois, só me emocionei com a lembrança de vinte anos atrás. Os sintomas de decadência são visíveis. Pena. Aliás, tampouco vi na Rua Florida e seus arredores o glamour de décadas atrás. Mas vou ainda buscar nos próximos dias por onde anda o charme que sempre seduziu os Brasileiros. Por mais crises econômicas que tenham passado, sei que a força cultural e a sofisticação intelectual dos hermanos segue viva.
Ah, ia esquecendo, não sou mais Boca, agora sou San Lorenzo, time do Papa Francisco.

E finalmente apagaram o forno, llegó la tormenta. Vou dormir.
Caminito que el tiempo ha borrado...
La Boca

La Bombonera

Ana e uma de suas melhores amigas.


Pausa para um café e um ar refrigerado

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